Correio de Carajás

Sampaoli é apresentado e diz que Flamengo era ‘plano A’

Técnico chegou ao Rio no domingo e assistiu à vitória por 3 a 0 sobre o Coritiba

Braz, Sampaoli e Landim, em apresentação do técnico argentino — Foto: Letícia Marques/ge

O Flamengo apresentou oficialmente Jorge Sampaoli como novo técnico do time, na tarde desta segunda-feira, no Ninho do Urubu. O “namoro” entre clube e treinador vem de outros verões, mas só deu certo agora. Entre outros motivos porque, para Sampaoli, treinar o Rubro-Negro se tornou uma prioridade.

– Passaram muitas oportunidades para vir aqui. Para mim, hoje, era o plano A de escolha. Mais que qualquer proposta da Europa, decidi ficar aqui. Coincidiram as possibilidades e sou agradecido pela oportunidade – disse o técnico.

A contratação do argentino foi anunciada na última sexta-feira. Tão logo confirmado o negócio, ele enfrentou uma maratona de 20 horas desde a Espanha para chegar o mais rápido possível ao Rio.

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Ao apresentar Sampaoli, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, admitiu que o interesse era recíproco, e destacou a afinidade que o técnico tem com o Flamengo.

– Nossa satisfação de poder estar contando com o Sampaoli que é um sonho antigo do Flamengo. Foram várias vezes das quais nós conversamos. Dessa vez houve a possibilidade de ambos os lados chegarem a um acordo. Sampaoli tem a cara do Flamengo, a determinação, a vontade de vencer, energia, a forma de jogar que tenta implementar nos seus times que é exatamente o modelo que toda a nação rubro-negra espera de ver o time jogar – afirmou o dirigente.

Antes mesmo de ser apresentado, Sampaoli já iniciou o trabalho pelo Flamengo. No domingo, o técnico chegou cedo ao Maracanã para assistir a vitória sobre o Coritiba. Ele acompanhou a partida ao lado dos dirigentes e já pôde observar o que o espera nessa empreitada que inicia no meio da temporada.

Um dos principais questionamentos sobre o trabalho do antecessor Vítor Pereira era sua opção por utilizar alguns jogadores fora do posicionamento a que estavam acostumados. Questionado sobre forma com a qual pretende organizar o time em campo, Sampaoli admitiu que também prefere um estilo de jogo posicional, mas sem perder de vista as características dos jogadores.

– No último tempo, nós jogamos de maneira posicional, de uma estrutura bem definida. O que vai acontecer que progressivamente tenhamos a possibilidade de educar a um plantel de jogar dessa forma. E nessa progressão, estará a minha capacidade de convencimento o mais rápido possível. Sempre digo o mesmo: “de nada me adianta ser autoritário sem pensar que, no futebol, o mais importante são os futebolistas e não o treinador”. Para mim, é assim. Os jogadores as vezes ganham e as vezes perdem partidas. Mas eu preciso dar uma formação que lhe permitam desfrutar desse jogo.

O primeiro treino no comando acontece logo na sequência da entrevista coletiva. Na quarta-feira ele vai comandar o time diante do Ñublense (CHI), pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores.

Veja outras respostas do treinador:

 

Sobre elenco

– O futebol não te dá a possibilidade de escolha. É melhor começar o ciclo, mas esta vez começou assim. Quando decidi chegar aqui, foi pela qualidade dos jogadores que o time tem que permite que coloque em prática o que penso futebolisticamente. A respeito do meu sobrenome, não importa sinceramente como se pronuncia.

– A segunda pergunta também é relacionada ao diagnóstico. Diagnóstico como não temos muito tempo, tem que ser rápido e certeiro. Diagnostico quais são os jogadores que podem jogar na quarta e domingo, quem não pode. Quem pode jogar de maneira natural, de maneira socioafetiva, natural, podem jogar em superioridade também. No caso de Pedro e Gabigol, jogaram muito bem juntos com Dorival. Então é definir que cada jogo é diferente e que algumas vezes podem ser e outras vezes não. Isso também é importante. A simplicidade disso te define basicamente os jogadores.

Gerson

– Eu penso que cada jogador é um ser humano e Gerson custou a se adaptar quando chegou no Marselha. Terminou sendo fundamental naquele vice campeonato, fundamental. Jogando muito bem em qualquer posição. Depois chegou outro treinador no Marselha que não acreditava muito no Gerson. Sofreu muito nesta etapa. De volta ao Brasil, teve um monte de adaptações, mas quem vai discutir a capacidade de Gerson. Impossível, mas claro emocionalmente precisa voltar a sua melhor versão. Porque isso faz com que a parte técnica tenha chance de ganhar.

Relação com a torcida

– A torcida do Flamengo desfruta muito cada vitória do time. Então a minha obrigação é a felicidade de toda a torcida. Vou tentar entregar toda a minha capacidade e experiência para que isso aconteça a cada participação (partida), isso não quer dizer que aconteça sempre. Hoje precisamos muito desse time para voltar a ter a capacidade competitiva de poder dar a toda a torcida muito mais alegrias.

Posicionamento do Gerson

– Outro dia, o Gerson, na partida contra o Coritiba, Flamengo ganha por uma participação de Gerson no pênalti. Para mim é um jogador que tem aparições ofensivas importantes, que tem uma presença ofensiva difícil de marcar. Por isso no Marselha jogou ali e nos deu muitas alegrias para a gente. Como vamos jogar? Sinceramente tem muito pouco tempo que chegamos e temos mais ou menos claro o conhecimento dos nomes próprios. Temos que falar um pouco hoje, no primeiro dia, como está cada um. E como está emocionalmente, futebolisticamente, fisicamente para ver como quais tipos de jogadores podemos contar para os próximos jogos.

Sobre pedido de Gabigol no Sevilla

– Sobre a segunda pergunta, creio que sim, eu pude enfrentá-lo no Santos e quando estava no Atlético-MG e sofremos muito pela sua capacidade de gol, que nós reconhecemos nele. Sim, recomendamo-nos no Sevilha, mas não foi possível, porque pensando em um jogador que estando bem, soma muitos pontos e é nisso que ele pode me ajudar basicamente: que a equipe ganhe e que some muitos pontos através da sua eficácia, movimento de cada lado. Tentaremos ajudá-lo também para que nos ajudem.

Sobre brigar por todos os campeonatos

– Eu penso que hoje, voltando ao diagnóstico, obviamente que o time não está bem porque por isso eu estou aqui. Se não, estaria outro treinador. Pelas minhas características, não penso em priorizar nada. Só penso que cada partida e cada competência e tentaremos colocar o melhor que temos para tentar ganhar. Sei da importância de cada competição… para mim, o mais importante é isso (aponta para o escudo e para a camisa do Flamengo) e cada vez que se representa, seja em um amistoso ou em uma final, em qualquer partida, Flamengo terá o melhor do que eu penso que será melhor.

Vidal

– Creio que o sistema está por debaixo da cultura futebolística. Chego a um país e a um clube que obrigatoriamente tem que jogar futebol todo tempo com a bola. Se não respeitar isso, seguramente fracassarei. A respeito do Arturo (Vidal), tenho uma relação muito boa desde sempre. Agradecerei a ele durante toda minha vida pelo que ele gerou ao seu país e a mim… em relação dessa coincidência de estarmos junto naquele time campeão da Copa América.

Formação com três zagueiros

– Jogar com diferentes características é uma… capacidade de passagem de tempo. O futebol tem, em normalidade, um esquema ofensivo, necessita também um certo grau de proteção. Então, as vezes é necessário que se joguem com três zagueiros em linha de quatro, três centrais em linha de três. Vai depender da partida. Normalmente o sistema mãe é 3-2-5 para atacar e vamos utilizar em muitas partidas. Às vezes, 3-1-6 no ataque. A saída de bola será totalmente diferente, mas a estrutura que hoje uma das equipes mais importantes do mundo utilizam, que é o Manchester City, joga com quatro zagueiros na linha de quatro, mas ataca com seis. Então as características que os futebolistas podem jogar em determinado lugar não vai limitar a capacidade ofensiva da equipe.

Sobre contato com atletas

– Não falei com ninguém antes de acertar com o Flamengo. Penso que ter trabalhado com eles faz com que eu tenha conhecimento deles e que eles também tenham de mim, do meu pensamento futebolístico. Mas quando estava no Marselha, falei com o David Luiz, falei com o Felipe (Luis), falei inclusive com Luis Enrique também… com muita gente, com Gustavo, quando estava aqui e conheço bastante bem a capacidade de cada jogador que está aqui. Com essa capacidade, podemos nos aproximar da ideia.

Currículo no Brasil

 

Jorge Sampaoli é argentino, mas começou o sucesso no futebol no Chile, a partir de 2011, quando conquistou a Copa Sul-Americana com a Universidad do Chile – na campanha, eliminou o Flamengo nas oitavas de final com direito a uma goleada por 4 a 0 no Rio de Janeiro.

Em 2012, assumiu o comando da seleção chilena e conquistou em 2015 a primeira Copa América da história do país. Em 2016, teve a primeira chance na Europa, no comando do Sevilla. A passagem foi rápida, e o destino seguinte foi a seleção da Argentina.

Na Gávea, o treinador é credenciado pelo estilo de jogo, a experiência no futebol brasileiro e o entusiasmo do presidente Rodolfo Landim. Em 2019, no comando do Santos, ele foi o maior desafiante do Flamengo de Jorge Jesus e terminou o Brasileirão na vice-liderança. No ano seguinte, levou o Galo ao terceiro lugar.

Os resultados positivos no Brasil o levaram de volta à Europa. Primeiro ao Olympique de Marselha, da França, onde ficou por pouco mais de uma temporada, teve bons números e pediu demissão após desentendimento com a diretoria. O último trabalho foi uma volta ao Sevilla, mas a passagem durou apenas cinco meses. Ameaçado de rebaixamento, o clube demitiu Sampaoli no dia 21 de março.

(Fonte:G1)

 Foto: Letícia Marques/ge