Correio de Carajás

Páscoa: entenda o significado da data para diferentes religiões e culturas

Feriado religioso no Brasil, ao longo dos anos, reuniu tradições judaicas, cristãs e pagãs. G1 ouviu líderes de religiões de matriz africana, evangélicos, maçons e espíritas; veja como cada um entende a Páscoa.

Ao longo da história, a Páscoa reuniu tradições judaicas, cristãs e pagãs. Orginalmente, trata-se de uma celebração cristã, que remete ao “plano de salvação” protagonizado pelo messias Jesus Cristo.

Mas, segundo historiadores, a Páscoa já era celebrada pelos povos germânicos e celtas pagãos do hemisfério norte e estava relacionada ao culto a deusa mitológica Ostara. Na festividade desses povos antigos, estavam inseridos ovos e o coelho, como símbolos de fertilidade.

Para os judeus, a Pessach, traduzida em português como Páscoa, significa passagem e retoma a libertação e redenção do povo. Confira abaixo como as diferentes crenças e culturas entendem a Páscoa.

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Religiões de Matriz Africana

 

Festa em casa de Umbanda — Foto: Morena Santos - IAOB/FEESK
Festa em casa de Umbanda — Foto: Morena Santos – IAOB/FEESK

As comunidades de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, não celebram a Páscoa. É que a fé e os costumes dessas religiões não se baseiam no cristianismo, mas em entidades como Orixás, Nkisis e Voduns, que regem tradições e rituais diferentes.

”Nós povos e comunidades de matriz africana, respeitamos e reconhecemos todas as crenças, mas essa tradição não faz parte da nossa estrutura. Alguns de nossos membros, que vêm de crenças anteriores, continuam celebrando. O que para nós não é problema”, diz Adna Santos, membro e fundadora do ILÊ AXÉ OYÀ BAGAN – comunidade de Terreiro no Distrito Federal.

 

Evangélicos e protestantes

 

Ressurreição de Cristo — Foto: Joalline Nascimento/G1
Ressurreição de Cristo — Foto: Joalline Nascimento/G1

As comunidades evangélicas e protestantes reconhecem Jesus Cristo e a Bíblia como base para suas práticas. Para essas religiões, a Páscoa é “uma história de redenção”, onde o Cristo é morto como forma de perdão pelos pecados da humanidade, ressuscitando três dias após sua morte.

“Para nós a Páscoa se completa na morte e na ressurreição de Jesus. Ali Jesus venceu a morte, ressuscitou e voltou ao céu, e por meio dele hoje nós cremos que podemos ser perdoados de qualquer pecado e salvos para sempre da morte eterna”, diz Jeconias Neto, téologo na Comunidade Adventista do Sétimo dia, no DF.

 

Maçonaria

 

Sìmbolo maçônico; estima-se que haja 6 milhões de maçons pelo mundo — Foto: kelly2/Creative Commons
Símbolo maçônico; estima-se que haja 6 milhões de maçons pelo mundo — Foto: kelly2/Creative Commons

A maçonaria é uma escola de moral e ética, baseada em lendas e símbolos inclusos nessas lendas. É pautada por valores morais e filosóficos e se apoia na moral teísta, crendo em um ser supremo, onde é necessário que os membros professem uma fé.

Porém, por não ser uma religião a maçonaria não insere tradições fixas, como a Páscoa, em suas celebrações.

“Os membros precisam crer em um Deus, independentemente de qual seja ele. Por essa liberdade, a maçonaria não observa uma data específica ou tradição religiosa exclusiva, em respeito a liberdade de todos os seus membros,” diz Kennyo Ismail, Secretário de Relações Exteriores da Loja Maçônica do Distrito Federal.

 

Catolicismo

 

Paixão de Cristo do Recife — Foto: Lígia Buarque/Divulgação
Paixão de Cristo do Recife — Foto: Lígia Buarque/Divulgação

Para os católicos, assim como para os evangélicos e protestantes, a Páscoa é “um marco na história de redenção da humanidade, centralizado no sacrifício de cruz de Jesus Cristo”. O ritual se inicia muito antes da sexta-feira Santa.

Ele começa depois do carnaval, durante a Quaresma, passando pelo Domingo de Ramos e a Semana Santa.

“A Páscoa para nós tem esse significado bonito de ressureição e vida nova, que faz com que recordemos o Cristo ressuscitado, enchendo nossa vida e nosso coração de esperança. Nesta data temos a oportunidade de fazer um percurso espiritual com Jesus, experimentando de maneira concreta os mistérios da paixão, morte e sobretudo a ressureição de Jesus,” diz o padre Jefferson Nunes.

Doutrina Espírita

 

Kardec não via o espiritismo como uma religião, mas sim como uma doutrina 'que combinava ciência, filosofia e espiritualidade' — Foto: Domínio Público via BBC
Kardec não via o espiritismo como uma religião, mas sim como uma doutrina ‘que combinava ciência, filosofia e espiritualidade’ — Foto: Domínio Público via BBC

doutrina Espírita se baseia na codificação de Allan Kardec e tem como fundamentos os pilares da evolução do espírito pela reencarnação e imortalidade da alma; a existência de vida em outros mundos; e a mediunidade como forma de comunicação entre os vivos e os mortos.

Para os seguidores da doutrina, Jesus Cristo é um espírito evoluído. Mas mesmo acatando os preceitos do evangelho cristão, eles não comemoram a Páscoa.

” A doutrina Espírita não comemora a Páscoa, contudo é importante destacar que o espiritismo respeita a Páscoa comemorada pelos judeus e cristãos e compartilha o valor do simbolismo representado, ainda que apresente outras interpretações. A liberdade conquistada pelo povo judeu, ou a de qualquer outro povo no planeta, merece ser lembrada e celebrada,” diz Wilson Mattos, membro da Casa Espírita Lar assistencial Maria de Nazaré .

 

Casa Espírita LAMANA - Lar assistencial Maria de Nazaré - Samambaia / DF — Foto: Arquivo Pessoal, Wilson Mattos
Casa Espírita LAMANA – Lar assistencial Maria de Nazaré – Samambaia / DF — Foto: Arquivo Pessoal, Wilson Mattos

Os espíritas entendem a Páscoa como um exemplo a ser seguido, e não como um ritual temporal.

” A ressurreição do Cristo representa a vitória sobre a morte do corpo físico e anuncia, sem sombra de dúvidas, a imortalidade e a sobrevivência do espírito em outra dimensão da vida. Procuramos comemorar a Páscoa todos os dias da existência, a se traduzir no esforço perene de vivenciar a mensagem de Jesus, estando cientes que um dia poderemos também testemunhar esta certeza do inesquecível apóstolo dos gentios”, complementa Wilson Mattos.

(Fonte:G1/Daniela Ramos*)

*Sob supervisão de Maria Helena Martinho