Já se passaram 13 anos desde que Fidelainy Sousa Silva, 34 anos, deixou São Domingos do Araguaia para fazer faculdade de Licenciatura em Letras e Língua Inglesa em Marabá. O sonho, da menina de 20 anos, era atuar como professora na cidade que a acolheu. E deu certo.
“Desde muito nova meu grande sonho era atuar profissionalmente em Marabá. Morei por um período fora, para terminar o mestrado e o doutorado, mas sempre deixei claro que gostaria de voltar. Entendo Marabá como um lugar de fronteiras e de encontros. Marabá nos recepciona com tanto amor e tanto carinho, mas também com muita luta, porque para você conquistar seu espaço precisa estar diante de lutas e batalhas. Marabá abre portas”, diz a professora, que foi chamada em meados de 2020, durante a pandemia do coronavírus, para assumir seu cargo no concurso público municipal.
Fidelainy chegou para estudar e, assim como muitos outros estudantes que vinham de outras cidades, tinha o sonho de poder ter uma profissão atrelada à adaptação na nova cidade. Na época, veio para morar com outros estudantes, inclusive seu irmão, que já estava por aqui.
Leia mais:“Essa minha mudança de cidade foi muito desejada. Sempre falei para os meus pais que meu desejo era estar perto da universidade, e eu sonhava muito com Marabá por conta da universidade, na época a UFPA. Todos nós, em São Domingos, estudávamos muito sonhando com essa vinda para Marabá”, relembra.
Ao CORREIO, Fidelainy cita que a Orla de Marabá foi um dos lugares que mais a acolheu afetivamente. Encantada com os rios, o lugar fazia com que realmente ela se sentisse em casa.
“A universidade me apresentou muita coisa bacana sobre Marabá. Os professores já tinham uma intimidade muito grande com a região e fui me adaptando, por meio desses universitários cheios de sonhos e vontade de crescer. Todos estavam tentando entender o que era Marabá. Mas, a adaptação afetiva foi por meio dos rios”.
Longe de Marabá para concluir o mestrado e o doutorado, Fidelainy morou na cidade de Porto Alegre apenas por conta dos estudos. Marabá, como sua cidade, estava sempre no radar como um lugar para retornar.
“Ao longo desse período sempre soube que, mesmo morando fora, voltaria para Marabá. E no meio da pandemia fui convocada para assumir o concurso. Voltei para atuar profissionalmente, realizando meu grande sonho desde São Domingos, que era ser professora em Marabá. E em meio ao caos no período, meu sonho se concretizou e eu pude começar a contribuir com a educação municipal”, orgulha-se.
Tendo Marabá como seu lar, a cidade virou ponto de encontros para a família e amigos que moram em outros lugares. Fidelainy recebe membros de sua família, que moram em São Domingos do Araguaia e no Estado do Maranhão.
Os encontros que acontecem aqui na cidade são afetivos. Para a docente, Marabá consegue oferecer aos visitantes diversas experiências por conta das suas várias facetas e também do seu povo resiliente. Uma prova disso, é um de seus lugares preferidos: a Orla.
“Os rios Tocantins e Itacaiunas sempre vão estar no meu roteiro de passeios. E, quanto mais memórias afetivas eu tenho, de encontros diferentes que tenho a partir desses rios, mais eu consigo sedimentar experiências em poder passar tudo que esse lugar tem. Se as pessoas vêm me visitar no verão, é uma experiência. Tem a Praia do Tucunaré e as comidas do verão. Quando vêm no inverno, tem a possibilidade de conhecer outra Marabá e ter outra visão dos rios. Claro, existem as famílias que precisam de um suporte por causa da enchente, mas também há muita beleza nesse rio cheio”, analisa Fidelainy.
Para ela, apaixonada por São Domingos do Araguaia, Marabá contempla confluências de identidade, sendo um lugar de diferentes personalidades.
“Nós somos aqueles sujeitos que estamos dispostos a conhecer personalidades diferentes a todo instante, e estamos a todo tempo reafirmando a nossa personalidade. Quem vive em Marabá aprende a defender Marabá e aprende a constituir e fazer parte dessa identidade complexa e bonita”, finaliza.
(Ana Mangas)