Correio de Carajás

Repovoamento do Rio Tocantins volta à pauta

Por meio de emendas impositivas, projeto de Ray Athie pretende criar alevinos em tanques-redes e depois soltá-los no rio

Para o repovoamento, Ray pretende criar, em 16 tanques, pacu-manteiga, piabanha, jaraqui, caranha e curimatá

Um projeto antigo, mas que volta à tona, pretende repovoar o Rio Tocantins com espécies de peixes regionais. Ele é liderado pelo vereador de Marabá, Ray Athiê (PSD). Ele, que é filho do saudoso Michel Athie, pescador, vê no projeto uma oportunidade de preservação do meio ambiente, além de resgatar um importante pedaço da cultura e da fonte de economia marabaense.

“Esse projeto é um sonho da minha vida”, compartilha, com animação durante entrevista ao podcast Lugar de Debates na manhã de quinta-feira, 16, na Câmara Municipal de Marabá. Durante o programa, o vereador contou que a intenção é criar os peixes em 16 tanques, que seriam colocados na Seção Fluvial do 52º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva), ao final da orla, no núcleo Marabá Pioneira. Após um período de oito meses, os animais serão soltos no Rio Tocantins, iniciando seu repovoamento.

Vereador Ray diz que projeto deve iniciar com Instituto Michel Athie e depois alcançar ribeirinhos

O vereador recorda que com a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, algumas espécies de peixes deixaram de seguir seu percurso normal em período de piracema (quando o animal nada rio acima em busca de locais adequados para reprodução e alimentação), permanecendo na área abaixo da barragem. A principal espécie que permaneceu acima, na região de Marabá, foi o mapará: “Foram os peixes que ficaram pra gente”, lamenta o vereador.

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Para o repovoamento, Ray pretende criar, em 16 tanques, alguns tipos de peixe, como pacu-manteiga, piabanha, jaraqui, caranha e curimatá. O gasto de cada reservatório gira em torno de R$ 25 mil, explica ele, e será custeado por emendas parlamentares, através do Instituto Michel Athiê (fundado pelo próprio vereador). “Ele vai receber, esse ano diversas emendas. Da nossa deputada federal Andreia Siqueira, uns R$ 500 mil; do nosso senador Beto Faro, R$ 400 mil; e R$ 500 mil do nosso deputado Chamonzinho”.

LOGÍSTICA

A proposta do projeto é que os 16 tanques sejam colocados na área da Seção Fluvial do 52º BIS, onde irão ficar por sete meses – aproximadamente – e depois descem para um “tanque rede”, localizado no remanso do rio, local onde ficam por mais um mês, para a adaptação à nova temperatura da água. No final desse ciclo os peixes serão soltos em vários pontos do Rio Tocantins.

A previsão é que a soltura coincida com o início do defeso (pesca proibida), dando às espécies mais quatro meses para se reproduzirem e povoarem o rio.

“Isso aqui é um projeto piloto, porque o nosso pensamento é levar também para os ribeirinhos, para que eles sejam inseridos no projeto”, complementa Ray. Com isso, o Instituto Michel Athiê entra com o recurso para os tanques e a população local realiza o trabalho de criação. “Eles ficam com 40% ou 30% (dos peixes). Ainda está em estudo, e 60% ou 70% serão solto. Daí o pescador já tira o sustento da família”, detalha.

SAIBA MAIS

Entre as parcerias firmadas para a realização do projeto estaria o Exército Brasileiro. Ray Athiê explica ainda que está em fase de conversas com a Vale, para que a mineradora faça parte da iniciativa.

Além do repovoamento, o Instituto pretende fiscalizar a pesca predatória. “Nós vamos ter uma fiscalização em cima disso, vamos ter lanchas que darão apoio, tanto na conservação do criatório, quanto dos rios”. (Luciana Araújo)