Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o g1 Pará entrevistou a paraense Isabella Santorinne, atual Miss Beleza Trans Brasil e ativista social pelos direitos da população trans. Ela sobre a importância da representatividade.
“O dia da mulher não é só para as mulheres cis, mas para todas”.
Quando chega o mês das mulheres são comuns as campanhas sociais de valorização à figura feminina. Empresas oferecem brindes ou descontos. Sempre pregando que o papel da mulher é fundamental para a construção de objetivos. Mas qual o papel da mulher trans nesse momento?
Leia mais:Para a ativista social e miss beleza trans Brasil, Isabella Santorine, essa data precisa ser olhada também com cuidado para entender e valorizar as mulheres trans.
“Hoje é o dia de nós lutarmos para que sejamos reconhecidas também. A data é feita para a pluralidade de mulheres trans, travestis, quilombolas, negras, indígenas ou com deficiência”, afirma a paraense.
Ela que, por boa parte da vida, teve a autoestima abalada por comentários de pessoas questionando a sua beleza, o corpo e a identidade de gênero, conta como superou as dificuldades e como atualmente ajuda a inspirar outras mulheres a acreditarem em seu potencial.
“Durante anos eu me senti feia, porque a sociedade falava que eu não era bonita, que o meu corpo era feio e que eu não servia pra ser miss. Porém entendi que beleza é algo único e também diverso, nós mulheres da Amazônia e nortistas temos nossa própria beleza”, destaca a miss.
Isabela se identifica como uma mulher alegre que gosta de brincar, dançar, se divertir, mas também entende que a vida é muito difícil e sempre precisa estar com os dois pés no chão para entender que em algum momento pode passar por dificuldades ou violência somente pelo fato de ser uma mulher trans.
Segundo dados notificados pela Rede Trans Brasil em 2022, a média de idade de pessoas trans no Brasil chega a 35 anos. O é dado bem baixo se comparado à expectativa de vida da população brasileira em geral, que vive até 76 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para se preparar para todos os desafios dentro e fora do concurso de beleza, Isabela, como qualquer outra pessoa LGBTQIA+ em qualquer aspecto da vida, precisou ter cuidados a mais para se manter determinada a ganhar.
“Trabalhei muito a oratória, pois não podia ficar naquela bolha do ‘trans ativismo’. Estudei economia, as vulnerabilidades sociais, tanto de pessoas LGBTQIA+, quanto de quilombolas, indígenas e pessoas negras”, contou.
A paraense concorreu com outras 26 mulheres trans de todo o Brasil e trouxe a vitória para o Norte do país. Este ano, ela está concorrendo também como Miss International Queen 2023, em Pattaya, na Tailândia.
Isabella deixa um recado a outras mulheres trans para que não desistam de lutar pelos sonhos e como o feminismo pode ajudar nesse processo.
“Desejo que outras mulheres trans e travestis possam encontrar dentro de si a força para lutar contra esse país que ainda é muito misógino, machista e patriarcal. Acredito que quando a gente tem uma luta coletiva não excluindo nenhuma pluralidade de mulheres, temos o real sentido do feminismo que é o respeito e a igualdade”, concluiu.
(Fonte:G1/Tayana Narcisa)