Correio de Carajás

Tarcísio diz que alerta por SMS não funcionou e fala em instalar sirenes

Vila Sahy, em São Sebastião — Foto: André Luis Rosa/TV Vanguarda

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que o aviso de desastre por SMS, como o feito para os moradores de São Sebastião antes dos deslizamentos, não são efetivos.

“Então, foram disparados 2,6 milhões alertas antes das chuvas que nós tivemos agora via SMS. E a gente viu que isso, eventualmente, não tem a maior efetividade. Aqui para o litoral, mais de 30 mil pessoas receberam o SMS de alerta. Então, a gente precisa ter uma maneira mais efetiva”, disse na coletiva.

O g1 havia revelado que o governo de São Paulo e a prefeitura sabiam da tragédia dois dias antes, mas que avisaram apenas por SMS. Foram enviadas 34 mil mensagens para pessoas cadastradas na plataforma estadual antes da tragédia em todo o Litoral Norte — a região tem 288 mil habitantes.

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Ao longo do dia da tragédia, os moradores cadastrados receberam mensagens, mas nenhuma delas mostrava a dimensão, não citando os deslizamentos. Além disso, algumas das áreas atingidas, já na noite de sábado (18), enquanto eram disparadas as mensagens, não tinham sinal de telefonia ou internet.

Mensagens da Defesa Civil de SP no domingo, quando a tragédia aconteceu — Foto: Reprodução
Mensagens da Defesa Civil de SP no domingo, quando a tragédia aconteceu — Foto: Reprodução

O g1 apurou que a primeira vez que a Defesa Civil foi ao local, o temporal já havia começado e a área já estava interditada por deslizamentos.

Em entrevista coletiva em São Sebastião nesta quinta-feira (23) o governador, além de dizer que o modelo de comunicação usado não era efetivo, disse que vai adotar novas maneiras de emitir alertas.

“A ideia é que a gente utilize um sistema de broadcast, vamos ver como isso pode ser operacionalizado. Além disso, vamos instalar os sistemas de sirenes, que já existem em alguns outros estados”, afirmou.

Após a tragédia, o governo municipal e estadual vem sendo cobrados sobre as medidas no local. A reportagem questionou sobre o motivo da área não ter sido evacuada ou das pessoas não terem recebido uma visita da Defesa Civil para avisar o risco, mas não obteve retonro.

No caso do município, o estado informou que São Sebastião também sabia do risco, apesar disso, nenhuma publicação ou aviso foi feito nos dias que antecederam a tragédia. A prefeitura não respondeu o motivo de não ter feito os avisos.

Tarcísio ainda disse que o governo vai agir treinando as pessoas para que, ao serem avisadas, saibam como agir e para onde ir. “Disparou a sirene, a pessoa já tem que saber para onde ir, tem que saber qual é o ponto de apoio, tem que ter confiança que o suprimento vai chegar no ponto de apoio, que o patrimônio dele vai estar protegido”, afirmou.

Veja a cronologia do desastre:

 

Quinta-feira (16)

 

  • Segundo o diretor do Cemaden, dois dias antes da tragédia, foi enviado um alerta ao governo federal e à Defesa Civil do estado de São Paulo sobre o risco de desastre.
  • O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, confirmou a informação. O estado, por sua vez, diz que repassou o alerta ao município de São Sebastião.
  • O governo chegou a fazer uma publicação nas redes sociais da Defesa Civil de São Paulo avisando sobre o risco de chuva na região no fim de semana. Em nota, o governo informou que já na quinta-feira havia mobilizado as prefeituras das cidades que seria afetadas pelo aviso — que incluía São Sebastião. Apesar disso, a Defesa Civil municipal não fez qualquer aviso.

 

Sexta-feira (17)

 

  • 0h52: A Defesa Civil do estado de São Paulo enviou o primeiro alerta por SMS no celular de 34 mil pessoas cadastradas em seu sistema no Litoral Norte. Segundo o IBGE, a região tem cerca de 288 mil habitantes. A mensagem, porém, citava apenas “chuva isolada” em Ubatuba e nas áreas próximas.

 

Mensagem da Defesa Civil de SP na sexta — Foto: Reprodução
Mensagem da Defesa Civil de SP na sexta — Foto: Reprodução

  • Manhã de sexta: O Cemaden acionou o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), do governo federal, para uma reunião conjunta com a Casa Militar de São Paulo, que é responsável pela Defesa Civil estadual.
  • Segundo o presidente do Cemaden, o governo federal e o estadual receberam uma lista com todas as áreas em risco no Litoral Norte, incluindo a Vila do Sahy.

 

Sábado (18)

 

  • De sábado até domingo, o Cemaden emitiu aos órgãos de prevenção seis alertas sobre o risco de desastre de chuva e deslizamento de terra no Litoral Norte. Os avisos incluíam São Sebastião e também a Vila do Sahy.
  • 12h22: A Defesa Civil do Estado enviou um SMS para a população avisando que a chuva estava se espalhando pela região de Ubatuba e Caraguatatuba.

 

Mensagens da Defesa Civil do Estado de SP no sábado — Foto: Reprodução
Mensagens da Defesa Civil do Estado de SP no sábado — Foto: Reprodução

  • No sábado à noite, começou a chover bem forte na região.
  • 19h28: Um dos alertas do Cemaden avisou sobre o risco hidrológico (de chuva) muito alto. Toda a cidade de São Sebastião estava em vermelho no mapa de São Paulo.

 

Alerta do Cemaden sobre risco de chuva em São Sebastião — Foto: Reprodução
Alerta do Cemaden sobre risco de chuva em São Sebastião — Foto: Reprodução

  • 19h49: A Defesa Civil do Estado enviou outro SMS para a população avisando que a chuva estava se espalhando pela região do Litoral Norte, com ventos e raios.

 

Mensagens da Defesa Civil do Estado de SP no sábado — Foto: Reprodução
Mensagens da Defesa Civil do Estado de SP no sábado — Foto: Reprodução

  • 21h27: O Cemaden emitiu um alerta sobre o risco muito alto de movimento de massa (deslizamento de terra).

 

Alerta do Cemaden sobre movimentação de terra — Foto: Reprodução
Alerta do Cemaden sobre movimentação de terra — Foto: Reprodução

  • Por volta de 23h: A tempestade já estava bastante intensa, além do limite previsto pela meteorologia. A Defesa Civil municipal tentou chegar até a Vila do Sahy, mas já não havia mais acesso em razão dos deslizamentos de terra.
  • 23h13: A Defesa Civil do Estado enviou um SMS dizendo que havia “chuva persistente no Litoral Norte” e alertava para que a população ficasse atenta “a inclinação de muros e a rachaduras” e, se precisasse, saísse do local. Neste momento, porém, não havia abrigo montado pela Defesa Civil ou qualquer orientação para onde a população deveria ir.

 

Mensagens da Defesa Civil do Estado de SP no sábado — Foto: Reprodução
Mensagens da Defesa Civil do Estado de SP no sábado — Foto: Reprodução

Domingo (19)

 

  • Por volta de 2h: As chuvas estavam bem intensas e começaram os deslizamentos na região do Litoral Norte. Vários pontos já estavam sem energia elétrica e sinal de internet ou celular.
  • 3h15: A Defesa Civil do Estado de São Paulo mandou um novo SMS por celular orientando a população a ficar atenta a inclinação de muros e a rachaduras, mas não falava nada sobre o risco de deslizamentos.

 

Mensagens da Defesa Civil de SP no domingo — Foto: Reprodução
Mensagens da Defesa Civil de SP no domingo — Foto: Reprodução

  • 6h23: Novo SMS da Defesa Civil do Estado de SP falava em chuva, vento e raios e pedia para, “em caso de inclinação diferente dos muros”, sair do local. No entanto, não fazia qualquer menção a deslizamentos.
  • Nesse horário, já havia mortos e desaparecidos soterrados.

 

Mensagens da Defesa Civil de SP no domingo — Foto: Reprodução
Mensagens da Defesa Civil de SP no domingo — Foto: Reprodução

  • 7h04: Pela primeira vez desde o início dos temporais, a Prefeitura de São Sebastião, em uma rede social, publicou um aviso de que tinha chovido forte na cidade e que havia “diversos deslizamentos, alagamentos e desabamentos”.

 

Publicação da prefeitura de São Sebastião no domingo — Foto: Reprodução
Publicação da prefeitura de São Sebastião no domingo — Foto: Reprodução

(Fonte:G1)