O manto da Terra ainda é pouco conhecido pela ciência. Para inferir sobre as camadas do planeta, que incluem crosta, manto e núcleo, os cientistas usam pistas como a forma que as ondas sísmicas se movem. Um estudo recente da Universidade de Chicago sugere que pode haver uma camada de rocha fluida envolvendo a Terra, bem no fundo do manto superior.
Para chegar a essa descoberta, foi realizada uma medição do movimento prolongado registrado por sensores de GPS após um terremoto profundo no Oceano Pacífico, perto de Fiji, na Oceania. O estudo publicado na revista Nature demonstra um novo método para medir a fluidez do manto terrestre — formado por rochas, mas com intensas temperaturas e pressões.
“Queremos saber exatamente com que rapidez o manto flui, porque isso influencia a evolução de toda a Terra — afeta quanto calor o planeta retém por quanto tempo e como os materiais da Terra são ciclados ao longo do tempo. Mas nosso entendimento atual é muito limitado e inclui muitas suposições”, explicou o geofísico Sunyoung Park, em comunicado divulgado pelo site EurekAlert!.
Leia mais:Grande parte dos terremotos são relativamente rasos, sendo originados na crosta superior da Terra. Mas há abalos sísmicos que se originam nas profundezas terrestres, chegando até 450 milhas abaixo da superfície. Esses eventos mais profundos não costumam causar tantos danos aos seres humanos quanto os rasos.
Sunyoung Park e outros pesquisadores analisaram um terremoto de magnitude 8,2, com 350 milhas de profundidade, que ocorreu em 2018. Os cientistas observaram que, mesmo após o abalo sísmico, a Terra continuou se movendo lentamente. “Você pode pensar nisso como um pote de mel que lentamente volta ao nível depois que você mergulha uma colher nele – exceto que isso leva anos em vez de minutos”, exemplificou Park.
Anteriormente, os cientistas achavam que esses movimentos seriam observados com menor intensidade em terremotos profundos em relação aos rasos. Então, os pesquisadores da Universidade de Chicago utilizaram as análises dos sensores de GPS para inferir sobre a viscosidade do manto terrestre.
Uma das observações aponta para uma camada de aproximadamente 80 quilômetros de espessura menos viscosa, isto é, mais fluida, do que o resto do manto. Essa técnica de análise é vista como promissora pelos responsáveis pela pesquisa, pois pode nortear estudos futuros sobre como a Terra transporta calor e circula materiais entre a crosta, núcleo e o manto ao longo dos anos. O estudo pode ser conferido neste link.
(Fonte: Correio Braziliense)