Correio de Carajás

Sob protesto de servidores, vice-prefeito de Marabá é vaiado na Câmara

Sintepp protocola documento na CMM para usar a tribuna na próxima sessão ordinária e abrir discussão as contas da SEMED

Professores protestaram e também vaiaram o discurso do vice-prefeito de Marabá, Luciano Dias

Um discurso de mais de 15 minutos e muitas vaias. Foi marcada dessa maneira a fala do vice-prefeito de Marabá, Luciano Lopes Dias, durante a primeira sessão ordinária desta quarta-feira, dia 15 de fevereiro.

Geralmente bem habituado ao falar em público, Luciano travou nas palavras ao ser pressionado pelos servidores com cartazes que pediam “CPI da Educação”, pasta à qual ele esteve à frente no início do governo anterior de Tião Miranda, mas que coordena até hoje.

Ele também foi vaiado efusivamente a única vez em que citou o nome do prefeito Tião Miranda. Quando citou que o gestor municipal mantinha diálogo aberto com os sindicatos, estes gritaram “mentira” e quase ele perdia o controle da fala. Isso só não aconteceu porque o presidente da Câmara interferiu e pediu para a plateia garantir a fala do vice.

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Em seguida, Luciano Lopes fez um balanço do que considerou obras e serviços do atual governo, na cidade e no campo. O discurso foi tão longo que entediou até mesmo vereadores da base aliada do governo. Aliás, o mesmo Tião Miranda ainda não escolheu um vereador para atuar como líder do governo na Câmara, depois que Alecio Stringari foi catapultado ao cargo de presidente do Parlamento.

Sobre o pedido da “CPI da Educação”, Joyce Cordeiro Rebelo, professora e coordenadora Geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), falou à Reportagem do CORREIO que há nos cofres públicos um rombo referente às dívidas trabalhistas com a categoria. “Há mais de R$ 70 milhões de dívidas que o governo precisa repor ao trabalhador”, afirma. Ela pontua ainda que é preciso sentar com os profissionais para expor uma proposta para pagamento integral dessa dívida, sem desconto.

Joyce Rebelo: “Há mais de R$ 70 milhões de dívidas que o governo precisa repor ao trabalhador”

A coordenadora é veemente ao falar que é responsabilidade da categoria exigir dos vereadores que o inquérito seja instaurado e a investigação realizada. “Vamos pressionar a Câmara para que se discuta essa Comissão Parlamentar de Inquérito, para que de fato nós encontremos qual é a motivação de não ter sido pago esse valor para os professores”, alega.

No início da manhã, o Sintepp protocolou na CMM um ofício que pede um espaço na tribuna na próxima sessão ordinária, para que seja debatida a instalação da CPI. “Para investigar as dívidas do governo Tião Miranda com a categoria”, diz o documento. Além disso, a categoria também pretende levantar outras pautas da educação.

Luciano Lopes, em entrevista ao CORREIO, analisou que um suposto pedido de CPI não tem a menor base legal. “A gente sabe quais são os problemas da educação e há um diálogo crescente entre o município e o sindicato das categorias. Eu fui secretário de Educação durante um período que não completou nem dois anos. Os direitos reclamados dizem respeito a um ano desse período meu na educação, e nós temos lá pessoas que nos receberam há quatro anos. Esse é um comportamento que eu atribuo muito à política, isso é normal que as questões políticas se aflorem nesse momento, respeito demais o sindicato, converso sempre com ele.

Vice-prefeito Luciano Dias avalia que um suposto pedido de CPI não teria a menor base legal neste momento

Sempre que possível a gente dialoga no sentido de tentar resolver os gargalos e problemas que há na educação. Compreendo várias das reclamações que eles têm e são decisões que serão tomadas nos próximos dias. Eu acredito na resolução pacífica desse conflito e não há nada, absolutamente nada que não se possa investigar, nada que não se possa esclarecer”. (Luciana Araújo)