Correio de Carajás

Pará é um dos estados mais perigosos para pessoas trans e travestis

Estado é o mais violento do Norte e fica empatado com o Espírito Santo, em 4º lugar no ranking nacional, com municípios de Canaã dos Carajás, Castanhal, Parauapebas e Tucuruí se destacando negativamente.

Isabella Santorinne, coordenadora da Rede Paraense de Pessoas Trans e Miss T Brasil. — Foto: Rafael Carmo

“O Pará, entre os estados brasileiros, é uma das regiões mais perigosas para a vivência de pessoas trans e travestis”, afirma a coordenadora da Rede Paraense de Pessoas Trans, e Miss T Brasil, Isabella Santorinne. Um levantamento mostra que o estado registrou 6 dos 100 assassinatos da população trans e travesti em todo o Brasil no ano de 2022.

“Enfrentamos vários desafios principalmente por sermos nortistas, infelizmente a gente vê que a população trans e travestis fica abaixo da vulnerabilidade social, por não ter estudo, trabalho e acaba precisando ganhar a vida com a prostituição”, expõe.

 

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Os dados da violência contra a população trans e travesti são apresentados pelo Dossiê: Registro Nacional de Assassinatos e Violações de Direitos Humanos das Pessoas Trans no Brasil.

Foram contabilizados ainda 33 casos de tentativas de homicídio, 15 suicídios e mais três vítimas de aplicação clandestina de silicone industrial.

Só a região Norte é responsável por 12% dos assassinatos em 2022. O Pará é o estado com mais mortes na região e fica em 4º lugar do ranking nacional, empatado com o Espírito Santo, entre os mais violentos.

 

O levantamento levou em consideração casos de homicídio, suicídios, violações de direitos humanos e tentativas de homicídio.

No Pará, Isabella colabora com o dossiê realizando o levantamento de casos ocorridos no estado. Entre os municípios mais violentos estão Canaã dos Carajás, Castanhal, Parauapebas e Tucuruí.

Educação e Trabalho

 

Dados do dossiê mostram que 53 dos casos monitorados as vítimas não tiveram apresentação de sua profissão. Uma delas se encontrava em situação de rua, e as outras duas eram estudantes. A maioria das vítimas são identificadas como trabalhadoras sexuais.

Para Isabella Santorinne, o fato ocorre devido às dificuldades de acesso aos estudos, mercado de trabalho e novas oportunidades.

“A evasão escolar é muito grande, não conseguimos estudar e ainda tem o preconceito das empresas em nos contratar. Aqui no Pará, não tem um programa que nos ajude a fazer um curso profissionalizante e posteriormente possa ser encaminhada pro mercado de trabalho”, afirma.

O dossiê traz dados alarmantes, afirmando ainda que percebe uma omissão do Estado frente aos casos, quando culpabilizam a própria vítima pelo seu assassinato.

Sobre as políticas que devem ser implementas para mudar esse quadro no Pará, a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) informou em nota que lançou em 2022 o Plano Estadual de Enfrentamento à LGBTQIA+fobia, “que orienta planos de trabalho anuais de forma a convergir esforços para a superação da violência e das práticas discriminatórias contra a comunidade LGBTQIA+”.

Ainda segundo a Segup, “as iniciativas voltadas ao enfrentamento ocorrem de forma participativa entre órgãos do Estado e a sociedade”. Questionada também sobre os assassinatos no estado e colocação do estado no ranking nacional, a Segup não se manifestou.

(Fonte: G1/Tayana Narcisa sob supervisão de Taymã Carneiro)