Correio de Carajás

Custo da construção civil mais que dobra em Marabá

Empresário do ramo prevê que obras de casas populares devem crescer mais em 2023 em relação às casas de luxo

Marabá vai virar canteiro de obras em 2023, tanto na área pública quanto na privada

A Lei da Oferta e da Procura determina que, quanto maior a demanda, maior é o preço, até que haja um equilíbrio no mercado. Nos últimos quatro anos, a construção civil, em Marabá, vivenciou a aplicação deste modelo. Se por um lado os custos de materiais de construção e mão de obra tenham beirado 60% de aumento nos custos, por outro houve uma maior procura por moradias maiores e melhores. É o que afirma Vábulo Januário Pereira Azevedo, 34 anos, corretor de imóveis e empresário da construção civil, durante entrevista para o Correio de Carajás.

“Desde a pandemia houve um grande aumento no custo da construção civil. Tanto o material de construção, quanto a força de trabalho se viram obrigados a erguerem seus preços. Com isso, houve um aumento no custo do valor do imóvel, por conta dos insumos e da mão de obra”, explica o corretor. Ele estima que entre 2020 e 2021, o aumento da despesa foi de pelo menos 45%, percentual que equivale a dez anos de mercado estável.

“No setor imobiliário essas altas são em média de 8% ao ano – entre 6% e 8% é a variação natural”, números que não se mantêm desde o início da pandemia. Vábulo analisa que entre 2020, 2021 e 2022, a elevação total é de quase 60% no valor do custo do material. Todavia, no último ano, apesar dos aumentos, a construção civil abriu caminhos para a estabilização.

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Vábulo, corretor imobiliário, dá a dica: “Se tiver de construir, construa hoje” / Foto: Evangelista Rocha

Se em 2020 e 2021 houve falta de insumos e mão de obra, devido à grande demanda dos clientes, em 2022 a construção civil já estava adaptada ao novo cenário. “Nos adaptamos com facilidade e quando chegou 2022, – por mais que tenha ocorrido aumento –já estávamos um pouco mais acostumados. Houve algumas outras coisas que puxaram um pouquinho o valor para frear, como foi a questão do aço e também dos combustíveis, que sofreram redução de valor, acontecimentos que impactaram diretamente na construção civil e colaboraram para que o percentual de aumento nos custos fosse nivelado.

Ao comparar Marabá, Parauapebas e Canaã dos Carajás, ele analisa que o custo foi equivalente entre os três municípios, ainda que os cenários tenham sido distintos. Nas duas últimas cidades, a estabilidade do preço foi mantida porque o aumento do custo reduziu a procura e esse efeito equilibrou o mercado. “Já Marabá é uma cidade que tem vida própria e não depende de um único setor, como a mineração, por isso a procura se expande. Todos os dias nós temos reuniões com clientes querendo comprar, construir ou vender algum imóvel pronto e isso faz o nosso mercado girar, ser independente”, afirma.

O FUTURO DO MERCADO

Para o corretor, a mudança de governo será um dos responsáveis pela estabilidade do setor. Nesse período, a baixa procura acontece porque a população aguarda as movimentações do governo federal: “Até que isso aconteça leva, mais ou menos um ou dois semestres”, pontua.

Por outro lado, o empresário indica que o programa Minha Casa Minha Vida será um vetor para redução dos juros de financiamentos ligados à moradia. Ele prevê que a procura por casas de alto padrão será menor, enquanto a busca por casas populares será maior: “A elevação da taxa de juros – que é quem vai mandar no mercado, principalmente quem pode comprar mais ou menos – para o pessoal com renda mais alta, saiu de 7 e já está em 9,75%; a casa popular que antes estava em 6,75%, baixou para 6,25%”.

Além disso, Vábulo elucida que a modalidade pró-cotista ressurgiu (projeto destinado a financiar imóveis por parte dos bancos públicos, sendo voltado para quem contribui ou contribuiu com o FGTS) e é direcionada para quem vai comprar imóveis de até R$ 500 mil. Com ela, a busca por materiais de construção considerados populares irá crescer (diferente do insumo que já vinha sendo usado), auxiliando para que o custo de mercado seja estabilizado.

Para aqueles que estão pensando em construir, o recado do corretor é um só: “Não espere, não aguarde. A hora de construir é hoje”. Ele justifica que por menor que seja, todo dia o consumidor paga pela inflação e dá o exemplo de que no final do ano, para construir uma casa com o valor que se tem hoje, será preciso retirar um cômodo do projeto. (Luciana Araújo)