A Lei da Oferta e da Procura determina que, quanto maior a demanda, maior é o preço, até que haja um equilíbrio no mercado. Nos últimos quatro anos, a construção civil, em Marabá, vivenciou a aplicação deste modelo. Se por um lado os custos de materiais de construção e mão de obra tenham beirado 60% de aumento nos custos, por outro houve uma maior procura por moradias maiores e melhores. É o que afirma Vábulo Januário Pereira Azevedo, 34 anos, corretor de imóveis e empresário da construção civil, durante entrevista para o Correio de Carajás.
“Desde a pandemia houve um grande aumento no custo da construção civil. Tanto o material de construção, quanto a força de trabalho se viram obrigados a erguerem seus preços. Com isso, houve um aumento no custo do valor do imóvel, por conta dos insumos e da mão de obra”, explica o corretor. Ele estima que entre 2020 e 2021, o aumento da despesa foi de pelo menos 45%, percentual que equivale a dez anos de mercado estável.
“No setor imobiliário essas altas são em média de 8% ao ano – entre 6% e 8% é a variação natural”, números que não se mantêm desde o início da pandemia. Vábulo analisa que entre 2020, 2021 e 2022, a elevação total é de quase 60% no valor do custo do material. Todavia, no último ano, apesar dos aumentos, a construção civil abriu caminhos para a estabilização.
Leia mais:Se em 2020 e 2021 houve falta de insumos e mão de obra, devido à grande demanda dos clientes, em 2022 a construção civil já estava adaptada ao novo cenário. “Nos adaptamos com facilidade e quando chegou 2022, – por mais que tenha ocorrido aumento –já estávamos um pouco mais acostumados. Houve algumas outras coisas que puxaram um pouquinho o valor para frear, como foi a questão do aço e também dos combustíveis, que sofreram redução de valor, acontecimentos que impactaram diretamente na construção civil e colaboraram para que o percentual de aumento nos custos fosse nivelado.
Ao comparar Marabá, Parauapebas e Canaã dos Carajás, ele analisa que o custo foi equivalente entre os três municípios, ainda que os cenários tenham sido distintos. Nas duas últimas cidades, a estabilidade do preço foi mantida porque o aumento do custo reduziu a procura e esse efeito equilibrou o mercado. “Já Marabá é uma cidade que tem vida própria e não depende de um único setor, como a mineração, por isso a procura se expande. Todos os dias nós temos reuniões com clientes querendo comprar, construir ou vender algum imóvel pronto e isso faz o nosso mercado girar, ser independente”, afirma.
O FUTURO DO MERCADO
Para o corretor, a mudança de governo será um dos responsáveis pela estabilidade do setor. Nesse período, a baixa procura acontece porque a população aguarda as movimentações do governo federal: “Até que isso aconteça leva, mais ou menos um ou dois semestres”, pontua.
Por outro lado, o empresário indica que o programa Minha Casa Minha Vida será um vetor para redução dos juros de financiamentos ligados à moradia. Ele prevê que a procura por casas de alto padrão será menor, enquanto a busca por casas populares será maior: “A elevação da taxa de juros – que é quem vai mandar no mercado, principalmente quem pode comprar mais ou menos – para o pessoal com renda mais alta, saiu de 7 e já está em 9,75%; a casa popular que antes estava em 6,75%, baixou para 6,25%”.
Além disso, Vábulo elucida que a modalidade pró-cotista ressurgiu (projeto destinado a financiar imóveis por parte dos bancos públicos, sendo voltado para quem contribui ou contribuiu com o FGTS) e é direcionada para quem vai comprar imóveis de até R$ 500 mil. Com ela, a busca por materiais de construção considerados populares irá crescer (diferente do insumo que já vinha sendo usado), auxiliando para que o custo de mercado seja estabilizado.
Para aqueles que estão pensando em construir, o recado do corretor é um só: “Não espere, não aguarde. A hora de construir é hoje”. Ele justifica que por menor que seja, todo dia o consumidor paga pela inflação e dá o exemplo de que no final do ano, para construir uma casa com o valor que se tem hoje, será preciso retirar um cômodo do projeto. (Luciana Araújo)