O Correio de Carajás contou a história da Thalyta Yasmin Gouveia em dezembro de 2021, quando na época seu maior sonho era ter uma estante para poder guardar os livros, que molhavam quando chovia em cima de uma rústica na sala de sua casa.
A história emocionou e comoveu muita gente: uma menina de apenas 14 anos, moradora do Bairro Araguaia, no Núcleo Nova Marabá, apaixonada por literatura, queria apenas uma estante para guardar cerca de 150 títulos que possuía.
Antes mesmo de a história se espalhar, ela ganhou uma coleção de livros do escritor Airton Souza, que também ficou maravilhado com a história da garota, focada nos estudos e que mora sozinha com a mãe desempregada e a irmã mais nova, com poucos recursos financeiros.
Leia mais:Pois bem, um ano se passou e muita coisa mudou na vida da adolescente. Ela não só conseguiu a estante, como ganhou uma minirreforma em um dos quartos da casa simples que mora com a mãe e a irmã mais nova.
“Depois da reportagem a D´luxos Móveis Planejados entrou em contato com a gente e me deu de presente a estante e a mesa”, diz emocionada a jovem leitora, ressaltando que agora os mais de 200 livros já têm um lugar certo pra ficar e não correm o risco de molhar.
Dentre as tantas mudanças boas, Thalyta assume que começou a gostar de esportes, mais precisamente vôlei. (Isso deixou o jornalista Ulisses Pompeu feliz da vida, já que essa é uma das modalidades preferidas do bom velhinho da Redação do Correio).
“Minha mãe até brigou comigo porque eu já tenho um monte de coisa pra fazer, atividades, estudo. Mas, eu estou gostando de jogar vôlei. Pena que não consigo participar das aulas de educação física na escola”, lamenta.
Aliás, a estudante do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Oneide de Sousa Tavares não participa dessas aulas em específico porque começou a fazer o curso de auxiliar administrativo no Senai, no período da manhã, coincidindo com o horário da educação física.
As aulas no Senai acontecem duas vezes por semana, e nos outros três dias ela trabalha como jovem-aprendiz na Escola Municipal Inácio de Sousa Moita, onde estudava até o ano passado.
“Além do curso no Senai, da escola, que agora estou no ensino médio, do trabalho, eu ainda participei, esse ano, do Parlamento Jovem, da Câmara Municipal de Marabá. Foi muito legal. A gente tem aquela impressão de que política é só corrupção, mas não é. Conhecemos todos os vereadores, andando pelo prédio do Legislativo e falamos com o vice-prefeito. E a gente tinha que fazer propostas, igual o parlamento mesmo. Todo mês precisávamos fazer o requerimento relacionado a alguma área”, explica, contando que teve até uma comissão na atual escola e ela fez uma palestra.
Além de todas essas mudanças, Thalyta admite que a maior delas foi de começar a viver de verdade. “Entrei no ensino médio, comecei a trabalhar, participei do Parlamento Jovem, fui ao shopping com as minhas amigas, participei de gincana, trouxe uma amiga na minha casa pela primeira vez, fui visitar o Museu Municipal que nunca tinha ido. Eita, tanta coisa boa que eu fiz esse ano”, conta, com sorriso no rosto.
Com o contrato de jovem aprendiz encerrando em março de 2023, Thalyta é certeira quando diz onde quer trabalhar em seguida. “No Fórum ou no Ministério Público”.
A estudante, que antes sonhava em cursar medicina, mudou de ideia. Agora quer fazer faculdade de Direito.
Não sabemos se ela vai querer ser advogada, delegada, promotora ou juíza. O que temos certeza é que, o que ela escolher ela vai conseguir.
Com a palavra, um dos professores preferidos
Considerado por Thalyta um dos professores preferidos, Lúcio Porto, que ministra aula de Física na Escola Oneide Tavares, é só elogios à aluna. “Ela é uma aluna excelente, presta muita atenção. Sempre trago recursos didáticos para a sala de aula para que a física se torne mais palpável. Ela é muito aplicada, participa das atividades da escola e extraclasse e espero que continue assim, porque o futuro dela é promissor”, diz o docente.
Lúcio Porto conta ainda, que Thalyta é representante de turma e busca sempre harmonia em sala de aula. “Ela é muito estudiosa e esforçada. Aqui na sala é considerada CDF”, diz sorrindo a amiga, Verônica Santos. (Ana Mangas e Ulisses Pompeu)