Os 15 anos do Programa Saúde na Escola (PSE) foram comemorados na manhã desta quinta-feira (24), na Praça São Francisco, situada na Cidade Nova. Nem mesmo os chuviscos que caíam sobre Marabá impediram a culminância com os alunos que recebem os ensinamentos do projeto, na intenção de contribuir para o pleno desenvolvimento destes estudantes da rede pública de ensino básico através do fortalecimento de ações que integram as áreas de saúde e educação no enfrentamento de vulnerabilidades, na ampliação do acesso aos serviços de saúde e na melhoria da qualidade de vida.
No programa, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são as responsáveis em executar 13 temas em 74 escolas da área de abrangência do município, enquanto os encaminhamentos e os materiais necessários para a realização das atividades são produzidos pela equipe da Secretaria de Saúde, formando uma relação entre educação e saúde, com diversas atividades, entre elas a orientação sobre doenças como dengue, as sexualmente transmissíveis, o uso de drogas e como a família se comporta diante disso.
Segundo os coordenadores, Marabá foi classificada, dentre os 144 municípios do estado do Pará, como um dos sete melhores que desenvolveram o projeto. Foi alcançado um índice de 92% das metas estabelecidas, sendo a meta nacional 66%. Diante disso, é visível que a cidade está avançada e por isso competirá com os outros seis municípios para que os três desses que mais se destacarem possam ir à Brasília participar de uma etapa que envolve o histórico do desenvolvimento das nações.
Leia mais:Algo que dependerá das equipes presentes da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) e da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa), que estão acompanhando o processo e emitirão seu parecer. “Nós cremos profundamente que iremos até Brasília, considerando o grande e maravilhoso desempenho. É nosso sonho levar esses trabalhos desenvolvidos pelas crianças e jovens até Brasília para representar maravilhosamente nosso município e nossa conquista”, diz Orlando Morais, diretor de programas e projetos da Semed.
A novidade deste ano é a soma de mais um tema aos que já existem: saúde mental. Orlando explica que a inserção da temática se deu pelo momento em que o mundo está vivendo: “Nos sentimos na obrigação de agregar esse assunto e trazer tal discussão, em especial com os adolescentes, devido ao período pós pandêmico de muitas consequências em decorrência do isolamento e o aumento de transtornos mentais como um triste resultado”.
O diretor garante que a questão está sendo discutida na rede por psicólogos da Secretaria de Saúde que, leva o debate até as salas de aula. O evento expositivo e informativo é a resposta dos anos de trabalho, intensificado neste último junto às escolas para desenvolverem o tema com mais profundidade, com a participação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semas) e da Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac), por palestras escolares na intenção de orientar não só alunos, mas também o corpo docente para que eles se organizassem e apresentassem nesses estandes os resultados das diretrizes.
A coordenadora do PSE de Marabá, Tarcilene Cristina, entende que este é o ápice das ações que as equipes de saúde já realizam nas escolas. Segundo ela, os educadores abordam os temas, recebem as equipes e os alunos as ações. Por conseguinte, os enfermeiros e técnicos lançam as ações no sistema e o município recebe recursos para poder continuar realizando as atividades.
“Hoje, os alunos serão os multiplicadores na praça. É uma ação social com concurso de paródias com temas de saúde, concurso de teatro infantil também com temas da saúde e apresentações. Além disso, tivemos serviços como vacinação, suplemento de vitamina A, pesagem do Auxílio Brasil, entre outros atos imprescindíveis no que tange à população marabaense”, elucida Tarcilene.
Um dos estandes presentes na apresentação do projeto foi da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Cristo Rei, sobre higiene bucal. Responsável por orientar os participantes, o enfermeiro e coordenador da saúde bucal em Marabá, Felipe do Nascimento Araújo, explica que a saúde da boca está diretamente envolvida com o PSE, tendo em vista que essas atividades de higiene bucal são desenvolvidas nas escolas através das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e das equipes de estratégias de saúde nas famílias.
“As unidades escolares são pactuadas com o projeto anual. Um exemplo disso é a UBS da Folha 23, que possui quatro escolas que se reportam a ela e que tem a responsabilidade de disponibilizar três equipes multiprofissionais para ir até os alunos e realizar a ação”, informa, acrescentando que dentro dessa equipe, existe odontólogo e técnico da saúde bucal para realizar a aplicação de flúor e levar informação, prestigiando os alunos com a informação de como realizar a limpeza correta dos dentes, entre outras questões.
Felipe ressalta haver um empenho em não deixar de lado a zona rural de Marabá. De acordo com o coordenador da saúde bucal no município, profissionais são enviados até lá, e, em seguida, o gerente da UBS apresenta a demanda, delibera a quantidade de kits e materiais, conduzindo a equipe odontológica conforme as necessidades.
A aluna do 8º ano, Emily Gabriele, de 14 anos, participante do estande de higiene bucal, se mostrou entusiasmada em participar e expor o projeto do qual faz parte: “A gente trouxe esse tema devido a sua grande importância. Estamos aqui entregando os nossos kits que contêm escova de dente, pasta e fio dental, além de repassar o conhecimento a outras crianças e jovens. No meu caso, falar sobre o perigo do cigarro para a saúde bucal”.
Outro estande de extrema importância foi o da Liga Acadêmica de Urgência e Emergência da Faculdade de Carajás. O estudante e coordenador Alisson Brito explica que o projeto nasceu com o intuito de ensinar aos alunos práticas de urgências e emergências, tema bastante precário no município de Marabá: “Como sou de fora, ao chegar com outra perspectiva à cidade vi que aqui carecia desenvolver essa temática. Por isso, criei a liga para trazer não só aos acadêmicos da faculdade, mas também oferecer à comunidade marabaense o básico dos primeiros socorros”.
O estudante ressalva que os primeiros socorros em vítima que está passando por um incidente, podem salvar uma vida. Ele também cita que anualmente falecem mais de três mil crianças recém-nascidas por obstrução das vias aéreas e, as mães, desconhecem a manobra de salvamento, algo que pode ser ensinado à comunidade carente, diminuindo tal índice gráfico. “A intenção não é fazer com que as pessoas da cidade sejam especializadas em urgências e emergências, mas que elas saibam realizar ações básicas até a chegada do SAMU ou Corpo de Bombeiros”, salienta.
(Thays Araujo)