Correio de Carajás

Sabe a diferença entre emir, xeque, califa e sultão? Entenda significado e origem

Termos têm raízes históricas antigas e são usados em situações variadas. Catar, que sedia a Copa, é governada por um emir.

Tamim bin Hamad al-Thani, emir do Catar, acena ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino, abertura da Copa neste domingo (20), em Doha — Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

A Copa do Mundo de 2022 foi aberta no domingo (20) por Tamim bin Hamad al-Thani, que ocupa o trono de seu país desde 2013, quando se tornou o Emir do Catar após seu pai abdicar em seu favor.

Títulos como emir, sultão, xeque, califa, são conhecidos mundo afora por designarem papéis de liderança no Oriente Médio, especificamente nas sociedades islâmicas.

Veja abaixo o que significa e de onde vem cada um dos termos:

Emir

 

Vem do árabe Amir, que significa “comandante” ou “príncipe”. No Oriente Médio muçulmano, o termo é usado para designar um comandante militar, governador de uma província ou um alto oficial militar.

Segundo a Enciclopédia Britannica, no século 10, o comandante dos exércitos do califa de Bagdá era denominado “amir al-umara” (“comandante em chefe”). Emir também podia ser o nome de uma função específica, como em “amir al-ḥajj” (“líder da peregrinação” a Meca), realizada pelo califa ou seu representante.

O título de emir foi posteriormente adotado por governantes de diferentes estados independentes no Oriente Médio.

Atualmente, nos Emirados Árabes Unidos, no entanto, nenhum dos governantes dos estados constituintes é chamado de emir: todos eles são xeques (leia mais abaixo).

A palavra Emirados foi incluída no nome do país porque “mashyakhah”, que é a região comandada por um xeque, já estava em uso para a menor das unidades administrativas árabes, comparável a uma paróquia ou município nos países cristãos.

Xeque

 

O xeque, também escrito xeique, é um título árabe que data da antiguidade, ou seja, é anterior ao surgimento do islamismo. Referia-se originalmente a “um homem venerável de mais de 50 anos de idade”.

Xeque é especialmente usado para chefes de ordens religiosas, chefes de entidades de ensino, como a Universidade Al-Azhar, no Cairo, chefes de tribos e chefes de aldeias ou de bairros separados de cidades.

Como explica a Britannica, também é aplicado a homens instruídos, especialmente membros da classe de “ulamā” (teólogos), e tem sido usado para qualquer um que tenha memorizado todo o Alcorão, por mais jovem que seja.

Califa

 

Califa significa “sucessor” em árabe. Na história islâmica, trata-se de um governante da comunidade muçulmana. Embora “khalifah” e seu plural “khulafa” ocorram várias vezes no Alcorão, referindo-se aos humanos como “servos de Deus” ou vicerregentes na Terra, o termo não representa uma instituição política ou religiosa distinta durante a vida do profeta Maomé.

Califa começou a adquirir seu significado posterior e a tomar forma como uma instituição após a morte de Maomé, no ano 632, quando Abu Bakr, um companheiro do profeta e um dos primeiros convertidos ao Islã, foi eleito pela maioria dos muçulmanos como o líder da comunidade e assumiu o título de “sucessor do mensageiro de Deus”.

Muitos líderes do mundo islâmico medieval adotaram o título de califa, que passou a ser usado também no Império Otomano, até que se criou a República Turca, em 1924, e ele foi abolido.

Os xiitas, que são maioria no Irã, não reconhecem como califa nenhuma pessoa que não seja descendente direto de Maomé. Para eles, a liderança suprema é exercida pelo imãs.

Sultão

 

O sultão de Brunei, Hassanal Bolkiah, em foto de 2019 — Foto: AFP
O sultão de Brunei, Hassanal Bolkiah, em foto de 2019 — Foto: AFP

O sultão é, originalmente, de acordo com o Alcorão, uma autoridade moral ou espiritual. O termo, no entanto, passou a representar poder político ou governamental e, a partir do século 11, foi usado como título por soberanos muçulmanos.

Frequentemente foi conferido a esses soberanos por um califa, o chefe principal da comunidade muçulmana, e passou a ser usado em todo o mundo islâmico. Brunei é um país que ainda hoje se intitula um sultanato, e é governado pelo sultão Hassanal Bolkiah.

(Fonte:G1)