Correio de Carajás

Seleção viaja neste sábado com 5,5 toneladas na bagagem para Turim; veja lista de curiosidades

Quase mil camisas, 30 kg de farinha de mandioca, 92 itens de medicamentos... Responsáveis pela logística da Seleção detalham planejamento para período de treinamentos antes da Copa do Catar

Tite acena antes de viagem para a Copa de 2018 — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O que a seleção brasileira leva na bagagem para o Copa do Mundo do Catar? Como organizar uma viagem que dura mais ou menos 40 dias no frio europeu e no calor do Oriente Médio?

Parecem questões para digitar no Google, mas é o que não sai de planilhas e mais planilhas nos computadores de Luis Vagner, Hamilton Correia e Fabio Silva.

O trio de funcionários da CBF se divide na elaboração e conferência de listas muitos meses antes de Tite anunciar os 26 convocados, na última segunda-feira. Luis Vagner é o gerente de planejamento da CBF, Hamilton Correia, administrador, e Fabio Silva, conhecido como Fabinho, roupeiro da Seleção. É deles a missão de cuidar dos detalhe logísticos para a viagem.

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É como transferir um pouco da CBF, da Granja Comary (costumeira base de concentração da seleção brasileira para grandes competições) e de um vestiário de futebol para duas cidades do outro lado do planeta. Primeiro Turim, na Itália, local em que a Seleção treinará por cinco dias, e depois para Doha, no Catar, onde será disputada a Copa do Mundo. E não é uma bagagem qualquer. São 5,5 toneladas num avião fretado.

Embarca neste sábado parte da delegação canarinho, que tem o técnico Tite, a comissão e todo o estafe, além dos três atletas que atuam no Brasil: o goleiro Weverton, o meia Everton Ribeiro e o atacante Pedro.

Ao todo, entre jogadores, funcionários e dirigentes, o grupo vai ter 74 pessoas atrás do sonho do hexa no Catar. Os demais atletas se apresentam na segunda-feira depois da rodada das suas competições no fim de semana.

Por conta de restrições e procedimentos alfandegários corriqueiros – embora mais rígidos pela cultura local – de entrada no país, a organização dos profissionais da CBF inclui catalogação de todos produtos e itens que vão nesta bagagem. São 300 volumes entre rouparia, medicamentos, insumos, equipamentos eletrônicos, de fisioterapia, de treino… Tudo visto e revisto com bastante antecedência em algumas viagens anteriores a Doha.

– Desde o início das visitas lá (Catar) que o pessoal deles sempre falou para a gente: “o que vocês puderem antecipar, antecipa”. Isso desde locação de equipamento, por exemplo, se vai alugar uma esteira e deixar pra última hora, não vai arrumar. Porque vai ter muita demanda. No caso de comida a mesma coisa. Alguma coisa especial de última hora eu não arrumo – explica o gaúcho Luis Vagner, gerente de planejamento e logística da CBF.

Rafael Fernandes e Luís Vagner, funcionários da CBF — Foto: Victor Pozella
Rafael Fernandes e Luís Vagner, funcionários da CBF — Foto: Victor Pozella

Muitas vezes item fundamental para qualquer viagem de delegação brasileira, a comida não vai ser produto de muito peso na bagagem da Seleção. Isto porque tanto o hotel de Turim (no centro de treinamento da Juventus) quanto o hotel no Catar vão fornecer arroz, feijão, salada e outros mantimentos. Cada cozinha nestes locais já recebeu cardápios estipulados pela seleção brasileira. Mas nem tudo.

–A gente vai levar só farinha de mandioca e o Jaime (Maciel, chefe da Seleção) está estudando levar alguns temperos também, mas é basicamente mandioca. São 30 kg de farinha de mandioca – contabiliza o pernambucano Hamilton Correia, analista de logística da Seleção.

Menos volume do que na Rússia

 

Apesar dos itens e produtos para levar a Turim e a Doha serem volumosos, os organizadores da logística da seleção brasileira contam que a bagagem foi ainda maior – mais precisamente uma tonelada e meia mais pesada (total de 7 toneladas) há quatro anos na Copa da Rússia. A diferença? O frio na sede do último Mundial. No Catar, as temperaturas variam de 15º à noite a 30º durante o dia.

Cada atleta recebe três kits de uniforme na viagem, um para treino, outro para concentração e outro, claro, para os jogos – aí vão meias, shorts, bonés, calças, agasalho de chuva, agasalho de frio. A conta é de cerca de 700 camisas amarelas e 230 das azuais. Normalmente o jogador usa duas camisas por jogo, uma para cada tempo, mas ainda tem uma extra em caso de necessidade – por exemplo, caso ela seja rasgada ou sujar de sangue durante a partida.

A rouparia é responsável por mais da metade dos 300 volumes que a seleção brasileira leva para a Copa. O material sai da Granja Comary, em Teresópolis, no próprio dia da viagem, para ser despachado dentro do avião da Seleção. O fato de o voo ser fretado é uma facilidade nestes casos, porque existe preocupação de extravio de alguma parte da rouparia e dos itens de massagem, o que já aconteceu em voos para as Eliminatórias.

– Às vezes existem atrasos por extravios. O material chega em três dias, mas você precisa de um material de treino na chegada. Não pode esperar esses três dias. Então, como a gente separa e numera tudo, a gente ganha esse tempo – detalha Fabinho.

Veja alguns itens que a Seleção leva para o Catar:

 

  • aparelhos de ultrassom
  • câmara hiperbárica
  • aparelhos de laser para fisioterapia
  • seis macas
  • botas de gelo
  • massageadores
  • rolinhos de fisioterapia
  • duas mil travas de chuteira
  • alargador de chuteira
  • 700 camisas amarelas
  • 230 camisas azuis
  • 30 bolas de jogo (parte delas entregues pela Fifa, com tecnologia de chip)
  • 30 kg de farinha de mandioca
  • máquina de café
  • impressoras
  • máquina de grafar nomes na camisa
  • 92 itens de medicamentos, entre antibióticos, analgésicos e muitos outros
  • 134 insumos, tais quais seringas, bandagens, esparadrapos
  • fitas adesivas para marcação de campo
  • pratos de marcação de campo
  • estacas para marcação de campo

(Fonte:G1)