A Secretaria Municipal de Saúde de Parauapebas (Semsa) realizou ontem, quinta-feira (30), mais um seminário sobre Prevenção ao Suicídio. Desta vez, o evento foi destinado à formação de multiplicadores entre as lideranças religiosas.
O seminário foi realizado pela manhã no auditório do Centro Universitário de Parauapebas (Ceup). O primeiro evento foi destinado aos profissionais de saúde.
De acordo com Alan Miranda, psicólogo do Hospital Geral de Parauapebas (HGP), que faz parte da equipe de multiplicadores sobre Prevenção ao Suicídio, o objetivo é ampliar a rede preventiva no município, onde cresceu nos últimos dois anos o número de pessoas que tiraram a própria vida.
Leia mais:“A gente iniciou esse trabalho visando tentar frear essa onda de suicídios aqui em Parauapebas, que é preocupante. Por isso, estamos formando multiplicadores, envolvendo todos os segmentos da sociedade. No caso dos religiosos, é muito importante que eles conheçam o tema e saibam como identificar um jovem, por exemplo, que está dentro do grupo de risco ao suicídio, para que possa ajudar e, em alguns casos, buscar ajuda com psicólogo para essa pessoa”, frisa Miranda, detalhando que para o evento foram convidadas líderes religiosos que lidam diretamente com jovens, onde está o maior número de casos de suicídio em Parauapebas.
Durante o seminário, os psicólogos apresentaram técnicas e meios de abordar uma pessoa, no caso um adolescente ou mesmo criança, que apresenta alteração de comportamento, para que possam identificar o que está causando essa mudança comportamental e poder ajudá-los.
“Ouvir atentamente a pessoa, buscar empatia dela, para ela possa ter confiança em falar sobre o que está vivendo. Isso é importante, para ajudar e tentar evitar que a pessoa deprimida ou que passa por algum trauma ou problema emocional chegue ao extremo de tirar a própria vida”, salienta o psicólogo.
Alan Miranda explica que a sociedade evoluiu e junto com ela vieram outras pressões imposta por modelos comportamentais ou padrões de beleza. Isso gera pressões emocionais fortes, principalmente em quem não consegue seguir essas ‘regras’ estereotipas, levando a depressão, que é um passo rumo ao suicídio.
“O sofrimento maior é a pressão social sobre a pessoa. A pessoa tem que fazer aquilo, porque a sociedade espera isso dela. Esse comportamento social, principalmente através dos meios virtuais, que determinam padrões de beleza e cumprimentos de regras daquele meio que o jovem está inserido, causa angústias horríveis na pessoa que não consegue se enquadrar nesse mundo estereotipado e muitos ficam deprimidos, abalados emocionalmente e se sentindo inúteis, incapazes e isso pode sim, levar ao suicídio”, observa Alan.
Marcos Renison, representante do Centro Espírita União do Vegetal em Parauapebas, elogiou a inciativa da Semsa, ressaltando que seu grupo religioso faz um trabalho de combate à depressão e de casos em que a pessoa está propensa a tirar a própria vida.
“Fazemos um trabalho de saúde mental e espiritual, acompanhamento e auxílio às pessoas. E eu vejo essa iniciativa da Semsa com bons olhos, porque é preciso dar uma atenção especial a esse problema, que é preocupante”, diz ele.
Ele afirma que tudo o que aprendeu durante o seminário vai ajudar no trabalho religioso que seu grupo religioso realiza na União do Vegetal. “Vai nos ajudar no trabalho que fazemos, dentro da nossa religião”, conclui. (Tina Santos)