Correio de Carajás

2º dia de julgamento de Flordelis deve ter 9 testemunhas de acusação

Além da ex-parlamentar acusada de matar o marido, o pastor Anderson do Carmo, sua filha biológica Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos; os filhos afetivos André Luiz e Marzy Teixeira também estão sendo julgados.

Flordelis durante no primeiro dia de julgamento — Foto: Brunno Dantas/TJRJ

O segundo dia de julgamento da ex-deputada federal Flordelis, nesta terça-feira (8), deve ser todo tomado pelo depoimento das nove testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público. Flordelis chegou pouco por volta das 8h ao fórum.

A ex-deputada é acusada da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, no dia 16 de junho de 2019. Além dela, participam deste júri popular, também por envolvimento na morte do pastor, a filha biológica de Flordelis Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos e os filhos adotivos André Luiz e Marzy Teixeira.

Flordelis chega para segundo dia de julgamento — Foto: Reprodução/TV Globo
Flordelis chega para segundo dia de julgamento — Foto: Reprodução/TV Globo

Ao todo, 12 testemunhas de acusação foram chamadas, mas o primeiro dia de oitivas foi tomado apenas por três depoimentos, muitos extensos, e da convocação de uma testemunha de última hora.

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Das testemunhas aguardadas para esta terça, a maioria é formada por filhos e netos da ex-deputada. São eles:

  1. Alexsander Mendes – filho afetivo de Flordelis;
  2. Daiane Freires – filha afetiva de Flordelis;
  3. Daniel dos Santos de Souza – filho de Flordelis e Anderson;
  4. Erica dos Santos de Souza – filha adotiva de Flordelis e Anderson;
  5. Luana Pimenta – nora de Flordelis;
  6. Raquel Silva – neta de Flordelis;
  7. Rebeca Silva – neta de Flordelis;
  8. Roberta dos Santos – filha adotiva de Flordelis e Anderson
  9. Wagner Andrade Pimenta – filho afetivo de Flordelis;

 

A expectativa é que o julgamento tenha ainda um terceiro dia para a oitiva das testemunhas de defesa e dos cinco réus. Além disso, os sete jurados: quatro homens e três mulheres – escolhidos por sorteio -, deverão usar tempo para deliberar e chegar a um consenso sobre a sentença dos julgados.

Primeiro dia de julgamento

 

O primeiro dia de julgamento do ex-deputada federal Flordelis, acusada de ser a mandante da morte do próprio marido, o pastor Anderson do Carmo, durou mais de 11 horas e contou com o depoimento de quatro testemunhas na segunda-feira (7), no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Inicialmente, por causa dos seus extensos relatos, apenas três testemunhas de acusação seriam ouvidas, mas Mariana Jasper, diretora da série documental “Flordelis: questiona ou adora”, ao ser citada em um depoimento, acabou sendo convocada diretamente do plenário para esclarecer a situação. Flordelis chorou muito quando viu parentes na plateia do júri.

Flordelis durante o primeiro dia de júri — Foto: Brunno Dantas/TJRJ
Flordelis durante o primeiro dia de júri — Foto: Brunno Dantas/TJRJ

A primeira testemunha a falar foi a delegada Bárbara Lomba, responsável por parte do inquérito que investigou a morte de Anderson do Carmo. Depois, veio o delegado Allan Duarte Lacerda, que concluiu as investigações .

Ele narrou algumas supostas tentativas de envenenamento malsucedidas e que teriam sido promovidas por Marzy Teixeira, filha adotiva de Flordelis. Contou também que houve uma tentativa de contratação de pistoleiros para executar o pastor.

A terceira testemunha a ser ouvida foi Regiane Ramos Cupti. Ela é ex-patroa de Lucas César dos Santos, um dos filhos adotivos de Flordelis também envolvido no crime e já julgado.

Regiane contou como conheceu Lucas e acabou criando laços com ele, que tinha pena do jovem porque sempre andava sujo e maltrapilho e, que após contratá-lo para trabalhar em sua oficina, começou a saber o que acontecia na casa da ex-deputada federal.

Filho afetivo de Flordelis, Lucas Cezar dos Santos de Souza prestou depoimento no Conselho de Ética e Decoro que cassou a parlamentar — Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Filho afetivo de Flordelis, Lucas Cezar dos Santos de Souza prestou depoimento no Conselho de Ética e Decoro que cassou a parlamentar — Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Uma dessas dinâmicas, segundo a testemunha, era a dos filhos preferidos, os “privilegiados”, que tinham roupas, comida e não trabalhavam na casa da ex-parlamentar, e os dos “escravos”, que trabalhavam, não tinha acesso à comida ou a uma de qualidade inferior e eram maltratados por Flordelis.

Lucas pertenceria a esse segundo grupo e, segundo relato de Regiane, começou a ser procurado por Flordelis e mais bem tratado para “matar o pastor ou arrumar alguém para matar”.

Regiane também citou que sofreu uma tentativa de atropelamento feita por uma das netas de Flordelis, e que a diretora Mariana Jasper estava no local presenciado tudo.

Convocação de última hora

 

As defesas dos réus exigiram a convocação de Mariana, que estava no plenário, o que acabou sendo acatado pela juíza Nearis Arce.

No local, Mariana contou que estava no carro com Rafaela, neta de Flordelis, gravando e que a mesma disse que teria que parar comprar mantimentos para levar para a visita da avó. Ela concordou, e olhava pela lente da câmera quando viu Rafaela parar e com cara de assustada, sem, no entanto, fazer qualquer movimento brusco com o carro. À frente, na faixa de pedestre estaria Regiane.

“Como não vi o que aconteceu porque estava trabalhando, filmando. Considero tudo uma grande coincidência, já que não vi nenhum movimento brusco”, disse encerrando a oitiva que se deu apenas sobre o tema.

 

Violência física e sexual

 

No início da sessão, marcada para às 9h da manhã, mas que só começou às 11, a defesa Flordelis afirmou que vai tentar provar que o pastor Anderson do Carmo praticava violência física e sexual contra a ex-deputada.

“São inúmeras provas. (…) Inclusive, a análise no celular do pastor deixa claro como ele era um predador sexual. Tudo isso está demostrado. Fica bem provado que não há nenhuma prova que vincule os nossos clientes do homicídio cometido”, disse o advogado Rodrigo Faucz.

Já o responsável pela defesa da família de Anderson criticou a estratégia dos advogados de Flordelis.

“Ela teve cinco oportunidades para falar isso. Ela nunca narrou isso. Muito pelo contrário. Ela sempre vangloriou o Anderson, que era ‘o meu tudo’. É uma estratégia sorrateira. A prova do processo contradiz tudo o que está alegado”, disse Ângelo Máximo.

(Fonte:G1)