Correio de Carajás

ONU pede que Musk garanta respeito aos direitos humanos no Twitter

Volker Turk (à esquerda), alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, e o empresário Elon Musk (à direita) Foto: ELODIE LE MAOU / FREDERIC J. BROWN / AFP

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, exortou neste sábado (5) o novo proprietário do Twitter, Elon Musk, a garantir o respeito a esses direitos na rede social.

Informações de que Musk demitiu toda a equipe da empresa responsável pelo tema “não são, na minha perspectiva, um bom começo”, escreveu Turk em uma carta aberta.

O diplomata declarou sua “preocupação e apreensão” com “o papel do Twitter” no espaço público digital.

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A plataforma anunciou na sexta-feira a demissão de “cerca de 50%” de seus 7,5 mil funcionários a nível global, uma semana depois de ser adquirida por Musk, o homem mais rico do mundo, por US$ 44 bilhões.

“Como todas as empresas, o Twitter precisa entender os danos relacionados à sua plataforma e adotar medidas para resolvê-los”, escreveu o alto comissário da ONU.

“O respeito pelos nossos direitos humanos comuns deve ser o parapeito do uso e evolução da plataforma”, acrescentou.

Twitter demite cerca de 50% de seus funcionários no mundo
Milhares de funcionários do Twitter foram chamados a ficar em casa nesta sexta-feira à espera de uma rodada de demissões, no âmbito de uma reestruturação da empresa lançada por Musk.

A empresa californiana comunicou a cada funcionário sua decisão através de um e-mail, e anunciou o fechamento temporário de escritórios.

“Conforme anunciado mais cedo, o Twitter está reduzindo seu quadro de funcionários para melhorar a saúde da empresa. Essas decisões nunca são fáceis e é com pesar que escrevemos para informar que seu cargo no Twitter foi afetado. Hoje (sexta-feira) é seu último dia de trabalho”, diz uma das mensagens enviadas aos funcionários, à qual a AFP teve acesso.

“Acordei com a notícia de que já não trabalho mais no Twitter. Meu coração está dilacerado. Não posso acreditar”, escreveu em seu perfil Michele Austin, diretora de regulamentos para Estados Unidos e Canadá.

“Infelizmente, não há outra opção quando a empresa está perdendo mais de 4 milhões de dólares por dia”, justificou Musk em sua primeira mensagem sobre o assunto, 24 horas após o primeiro e-mail enviado pela empresa aos funcionários.

“Todos os que saíram receberam 3 meses de indenização, o que é 50% a mais do que o exigido por lei”, acrescentou Musk.

Os funcionários se preparavam para isso desde que Musk concluiu a aquisição da empresa, por US$ 44 bilhões, no final da semana passada. Rapidamente, o bilionário dissolveu o conselho administrativo e demitiu seu CEO e outros executivos.

‘Táticas mercenárias’
Gerentes e departamentos de marketing e design parecem particularmente afetados, de acordo com um funcionário recentemente demitido que pediu anonimato.

Ele teme que a nova gestão tente encontrar maneiras de evitar o pagamento de indenizações a ex-funcionários, acusando-os de má conduta profissional.

“São táticas mercenárias, tentam economizar a todo custo, a ponto de tratar as pessoas de forma desumana”, lamentou.

Na quinta-feira, cinco funcionários do Twitter que foram demitidos entraram com uma ação coletiva contra a empresa, alegando que não receberam o período de aviso prévio de 60 dias exigido pelas leis federal e do estado da Califórnia.

Um deles, Emmanuel Cornet, foi demitido por má conduta profissional, sem receber mais detalhes, embora fizesse parte dos 5 a 10% dos melhores engenheiros da empresa, segundo as listas que foram reveladas nesta semana.

Elon Musk trouxe desenvolvedores da Tesla, outra de suas empresas, para supervisionar o trabalho dos funcionários do Twitter, e também iniciou a reformulação de vários produtos, incluindo o sistema de assinatura paga e verificação de contas, impondo um ritmo severo de mudanças na cultura empresarial.

‘Destruição em tempo real’
“Estamos testemunhando em tempo real a destruição de um dos sistemas de comunicação mais poderosos do mundo. Elon Musk é um bilionário imprevisível e incoerente, ele representa um perigo para esta plataforma, que ele não está qualificado para liderar”, reagiu Nicole Gill, cofundadora da Accountable Tech, uma das ONGs que instou os anunciantes a pressionar o bilionário.

O empresário promulga uma visão absolutista de liberdade de expressão, que, segundo seus detratores, pode abrir a porta para abusos como assédio online, discurso de ódio ou desinformação.

Grandes empresas, como General Motors e Volkswagen, suspenderam sua publicidade no Twitter após a aquisição.

Além disso, mais de um milhão de usuários parecem ter deixado a plataforma desde a última quinta-feira, segundo estimativas da consultoria Bot Sentinel, especialista na análise de contas de redes sociais.

Para financiar a compra do Twitter, Musk endividou fortemente a empresa, cuja saúde financeira já é frágil depois de registrar perdas significativas nos dois primeiros trimestres do ano.

Nesta sexta, Musk jogou a culpa da queda da receita do Twitter em “um grupo de ativistas que pressionam os anunciantes, embora nada tenha mudado com a moderação do conteúdo e fizemos tudo o que pudemos para apaziguar os ativistas”.

“É realmente uma besteira! Estão tentando destruir a liberdade de expressão nos Estados Unidos”, acrescentou.

Yoel Roth, responsável pela segurança da rede social, tentou amenizar as tensões com um fio na rede social no qual afirma que apenas 15% do departamento de moderação de conteúdo foi demitido e que o pessoal da linha de frente foi o menos afetado pelas mudanças.

(Fonte: Extra)