Apoiadores do presidente Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas pelo ex-presidente Lula (PT), lançaram uma tentativa de boicote a profissionais liberais, autônomos e estabelecimentos comerciais de eleitores petistas em pelo menos quatro municípios no sul do Pará. Em Água Azul do Norte, Redenção, Tucumã e Xinguara circulam em grupos de WhatsApp nomes que devem ser “cancelados” por terem votado no petista, eleito com mais de 60 milhões de votos.
A tentativa de “cancelamento” de cidadãos que optaram pelo candidato petista causou revolta e indignação em vários setores, inclusive entre muitos eleitores do candidato derrotado nas urnas, que consideraram a medida antidemocrática.
A publicação das referidas listas, amplamente divulgada nas redes sociais, tem o claro objetivo de “cancelar” as empresas, profissionais liberais e trabalhadores autônomos que teriam votado no presidente eleito.
Leia mais:A Associação Comercial e Empresarial de Xinguara (ACIAPA) repudiou a tentativa de boicote. “A ACIAPA manifesta repúdio à divulgação de infeliz lista que contém nomes de empresas e profissionais liberais do nosso município, os quais segundo os criadores de referidas listas, devem ser evitadas, simplesmente por exercer seus posicionamentos políticos”, diz trecho da nota assinada pelo presidente Clauber Delano Bruno de Oliveira.
Também em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Subseção de Xinguara, manifestou repúdio. “A OAB não tolera e jamais tolerará tentativas de minar o estado democrático de direito, como essa pretensão absurda de “cancelamento” e tomou as atitudes cabíveis no sentido de responsabilizar aqueles que iniciaram e inseriram nomes na imoral, indecente e lastimável lista”, diz trecho do documento, assinado pelo presidente local, Evandro Santana.
A Subseção de Xinguara informou que acionou a OAB-PA e que foi feita representação criminal e iniciada a investigação dos grupos e administradores que iniciou a lista e contra quem replicou o conteúdo. “Alguns telefones já foram identificados. As pessoas vão responder criminalmente e poderão ter de indenizar os prejudicados”, informou a OAB. (Delmiro Silva)