Menos de 24 horas antes do resultado das eleições para presidente da República ter sido proclamado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), um grupo de simpatizantes do atual presidente Jair Bolsonaro resolveu realizar uma manifestação, bloqueando a passagens de veículos na BR-155, a 1,5 km da Rotatória do Km 6, pouco antes do Parque de Exposição de Marabá.
O bloqueio iniciou por volta de 15h30, em frente ao posto de combustíveis Santa Luzia, onde os manifestantes colocaram pneus nas duas pistas e tocaram fogo, impedindo que caminhões e veículos pequenos passassem. Apenas ambulâncias têm passagem livre pelo local.
A reportagem do CORREIO tentou conversar com alguns dos líderes do movimento, mas eles se negaram a dar entrevista. Todavia, a Reportagem apurou junto a dois membros do movimento, que eles questionam a derrota de Bolsonaro e pedem intervenção militar, à medida que o presidente permanece em completo silêncio e sem reconhecer o resultado da votação até o momento, quase 24 horas após o fechamento das urnas na votação de domingo.
Leia mais:Por outro lado, boa parte dos que estão parados à espera de continuar suas viagens estão revoltados com o bloqueio da rodovia federal.
Um deles é Jonatas Elias Barrosa, 45, que seguia viagem de Marabá em direção a Parauapebas, onde reside. Segundo ele, o resultado das eleições precisa ser respeitado, como sempre ocorreu no Brasil. “Eu não votei e nem voto em Lula. Mas, é preciso ter discernimento que esse foi o nome que a maioria do País escolheu”, ponderou.
Em viagem com sua mãe de Belém para Ourilândia do Norte, a comerciante Decília Lins, 41, diz que não concorda com a manifestação fechando uma rodovia federal e acredita que há outras formas de protestar. “Eu votei em Bolsonaro. Queria muito que ele fosse presidente. Mas temos de respeitar o resultado que veio das urnas, embora não seja o melhor para o País”, disse ela.
Robson Taveira Muniz, 27, é comerciante, e aguarda a liberação da pista para seguir viagem para Redenção. Ele disse concordar com a manifestação e que o País precisa acordar para o construir um futuro sem defender “ladrões”. “Eu quero o melhor para meus dois filhos. E esse presidente eleito não me representa”, sustentou.
Dois caminhões do Exército Brasileiro obtiveram liberação para passar pelo bloqueio, mas um deles teve o pneu engatado no meio do fogo e quase acontece um incêndio com risco de vida.
Carlos Alberto Rodrigues de Brito Junior, inspetor chefe da Delegacia da PRF em Marabá, disse em entrevista ao CORREIO no final da tarde de hoje, que, lamentavelmente, a PRF está carregando, neste momento, uma imagem de “Polícia do Bolsonaro”. Por outro lado, ele garante que os agentes lotados no Pará estão lidando de forma profissional como todas as manifestações. “Estão espalhando em grupos de WhatsApp que estamos apoiando esse movimento, mas isso é totalmente infundado. Estamos acompanhando as manifestações, estamos negociando a liberação das rodovias interditadas. Pelo que nossa equipe conseguiu levantar, os manifestantes estão planejando transferir o movimento do Posto Santa Luzia para a rotatória do Km 6, e ainda trancando a ponte sobre o Rio Itacaiunas, podendo fechar a cidade de vez”, alerta Carlos Alberto.
Ainda segundo ele, em Santana do Araguaia, no sul do Pará, outra manifestação, com as mesmas características, acaba de ser desmobilizada por volta de 16h50, com uma negociação feita pela Polícia Militar.
Há também uma manifestação parcial em Redenção, em frente a uma estrutura da PRF, que está desativada. E outra interdição total em São Geraldo do Araguaia, no pé da balsa que transporta veículos para o Estado do Tocantins pelo Rio Araguaia.
Segundo Alberto, os manifestantes estão argumentando que a liberação só vai ser feita após o pronunciamento do Bolsonaro, que pelo Twitter ficou agendado para 19 horas desta segunda-feira. “Tudo isso aí, em todos os estados, está sendo orquestrado através do Facebook. Só devemos ter a liberação da rodovia, a partir do momento em que o presidente da República se manifestar. O vice-presidente não foi atendido por Bolsonaro após a eleição, o que é preocupante”, observa o inspetor da PRF. (Ulisses Pompeu, Evangelista Rocha e Patrick Roberto)