O corpo de Tiago Silva Pereira foi encontrado neste domingo (23) em frente à aldeia Parkatejê, no município de Bom Jesus do Tocantins. Ele estava desaparecido desde terça-feira (18), quando se comunicou pela última vez com a mãe. O carro em que estava foi achado abandonado também em terras indígenas, três dias antes.
A vítima morava na Folha 15, Nova Marabá, e trabalhava como motorista de aplicativo. Familiares contam que ele aceitou uma corrida para Rondon do Pará na segunda-feira (17) e não foi mais visto, embora tenha dado notícias até o dia seguinte. Ontem, indígenas encontraram seu corpo em frente à entrada da aldeia, na beira da pista, e informaram a Polícia Militar.
O cadáver já estava em decomposição e junto dele foram encontrados seus documentos. O Instituto Médico Legal (IML) liberou o corpo para que a família pudesse realizar o velório na manhã desta segunda-feira (24). O corpo tinha pelo menos um ferimento nas costas, mas não foi possível identificar se era marca de tira ou perfuração por arma branca.
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Parentes, amigos e motoristas de aplicativos organizaram um cortejo em sua homenagem, na intenção de pedir justiça pelo crime, além de protestarem contra a insegurança de condutores como ele. Os participantes passaram em frente à casa de Tiago, onde fizeram um minuto de silêncio e depois seguiram para o Cemitério da Saudade, na Folha 29, local em que foi sepultado.
O Correio de Carajás entrevistou uma amiga da vítima e sua família, Tâmara Bezerra, que aguardava junto com os parentes a liberação do corpo pelo IML, na Folha 30. Aos prantos, a jovem falou que o sentimento dos próximos a Tiago é de revolta e tristeza: “Ele era um trabalhador honesto e determinado em conquistar suas próprias coisas. É lamentável que enquanto uns lutam por suas coisas, outros ceifam a vida dos primeiros sem um pingo de dó no coração.”
O presidente da associação dos motoristas de aplicativo de Marabá, Félix Fonseca, também participou do cortejo fúnebre e disse que ele estava trabalhando na função havia pouco menos de cinco meses, no entanto, era muito querido por seus colegas. Ele relembrou a tentativa de latrocínio do também condutor Antônio Chavoso, que foi baleado nas duas pernas na Folha 33 na semana passada, e afirmou que os motoristas estão descontentes com a insegurança constante que vivem.
“A gente sai de casa com a incerteza de que iremos voltar”, pontuou Félix, que também falou sobre a importância dos motoristas para os moradores de Marabá. Ele pede que a segurança pública respalde os profissionais proporcionando mais proteção e amparo para esses que cuidam de transportar os marabaenses e que há algum tempo tem sofrido ataques.
MOTIVAÇÃO
A Polícia Civil ainda colhe informações para saber o que de fato aconteceu com Tiago. Apesar de a suspeita inicial da família e amigos ser de que a vítima teria sido feita de refém em um assalto realizado no município para o qual aceitou fazer a corrida, não há nada até o momento que comprove tal indício. (Thays Araujo)