Um incêndio de proporções estrondosas consome, desde a tarde do último domingo, uma imensa área do Parque Estadual da Serra das Andorinhas (PESAM). Uma operação mobilizada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio) envolve Corpo de Bombeiros, Brigada local de incêndio, o Exército Brasileiro e duas aeronaves para tentar incessantemente conter as desastrosas consequências desse fogo.
Em entrevista ao CORREIO DE CARAJÁS, Douglas Costa, membro do Conselho Gestor do PESAM, avalia que há fortes indícios de origem criminosa do incêndio que culminou na morte de uma pessoa na tarde desta quinta-feira e vários animais das redondezas silvestres e de criação de moradores da área de amortecimento.
Douglas Costa foi quem informou que o incêndio teve início no domingo pela tarde, com pequenos focos em seis diferentes locais do parque, o que leva a crer que se trata de um incêndio intencional.
Leia mais:Segundo ele, na segunda-feira (10), homens que fazem parte da Brigada de Incêndio de São Geraldo do Araguaia iniciaram o combate se esforçando para controlar os focos. Os brigadistas percorreram aproximadamente 11km em linha reta, até as proximidades da nascente dos rios Boqueirão e Xambiãozinho, conseguindo livrar das chamas um projeto ambiental que se situa nos dois locais, e, inclusive, incluem a famosa cachoeira Três Quedas, ponto turístico da região, um dos principais pontos turísticos do Sudeste do Pará.
Na terça-feira (11), o Corpo de Bombeiros e o Grupamento Aéreo do estado foram acionados e seguem até então tentando controlar as chamas que, devido ao clima seco e a grande ventania, tem dificultado o trabalho das equipes. De acordo com os militares, o segundo dia foi considerado o mais exaustivo e precisou do auxílio de 10 bombeiros e 15 brigadistas do IDEFLOR-Bio para se empenharem em apagar os focos de incêndio.
O PESAM registrou seis focos diferentes do fogo na quarta-feira (12) e na quinta (13), a situação quadruplicou, contabilizando quase 30 pontos distintos. A situação tem, dia a dia, tomado dimensões assustadoras. O incêndio já atravessa a rodovia federal (BR158), colocando em risco os veículos que por lá transitam, além de já ter invadido dois projetos de assentamento.
Mesmo com todo o esforço e as equipes escaladas, na quinta-feira (13), as chamas atingiram o acostamento da BR-153, e provocou um acidente entre uma van e um motociclista, culminando da morte do piloto da moto. A vítima, Francisco Pedrosa de Lima, colidiu com o veículo maior devido à falta de visibilidade da pista, causada pela grande quantidade de fumaça. Com o impacto, foi jogado sentido às chamas que praticamente tomavam conta da via, e morreu carbonizado.
Reuniões emergenciais para alinhamento das ações já foram realizadas com o governador Helder Barbalho; o prefeito de São Geraldo do Araguaia, Jefferson Douglas Oliveira; a presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson, e o comandante do Corpo de Bombeiros Militar, coronel BM Hayman Apolo, para acelerar o combate ao fogo, destacou o titular da Segup, Ualame Machado, acrescentando que as equipes estão atuando diuturnamente com equipamentos necessários e específicos nesses casos.
“Desde que tomamos conhecimento da situação deslocamos equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Marabá para que as ações fossem iniciadas imediatamente. Além disso, já estamos lá com brigadistas civis do Ideflor, que atuam junto aos agentes de segurança com equipamentos específicos, como os sopradores utilizados no combate a incêndios. Além disso, o Grupamento Aéreo está no local, inclusive com o caminhão-tanque pra reabastecer a aeronave e facilitar as ações. Temos ainda um equipamento direcionado a captar água do rio e direcionar sobre os focos de incêndio, pra que a gente possa combater o mais rápido possível”, enfatizou Ualame Machado.
O Governo do Pará enviou de duas aeronaves para o parque, assim como outra cedida pelo Governo Estado do Tocantins. Além disso, a equipe se estenderá para mais 30 homens do Corpo de Bombeiros, outro grupo de 30 militares do Exército, que contará também com um caminhão de combustível.
O incêndio tem destruído não somente terras, assentamentos e áreas verdes, mas também matado animais. De acordo com Douglas, a fauna tem sofrido com a tragédia ambiental. Produtores que residem ao redor do parque relataram a morte de seis bezerros que foram carbonizados.
A região é considerada de transição de dois biomas, o cerrado e a floresta amazônica, que totaliza uma área de 60 mil hectares de muita vegetação. O parque é fonte de estudos botânicos e arqueológicos, pois possui o segundo maior sítio de inscrições rupestres a céu aberto. Lá já foram registradas cerca de 400 cavernas oficiais, sendo que pelo menos 600 são conhecidas pelos estudiosos, que acreditam que a região possui mais de mil. (Ulisses Pompeu e Thays Araujo)