Adriano Fernandes dos Santos Costa, o “Monstro de São Geraldo”, foi condenado a 107 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Ele assassinou a sangue frio, e com requintes de crueldade, quatro membros de uma mesma família: pai, mãe e os dois filhos. Os corpos dos pais e da garota foram escondidos no tronco oco de uma castanheira, enquanto o do menino foi abandonado atrás do curral da fazenda em que eles residiam.
Os homicídios ocorreram em 12 de junho de 2018, em uma fazenda localizada em Novo Paraíso, zona rural de São Geraldo.
Graças ao rápido trabalho do promotor de Justiça Erick Ricardo de Souza Fernandes, da Comarca de São Geraldo, a denúncia realizada pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), contra Adriano, foi protocolada poucos dias depois, em 29 de junho do mesmo ano.
Leia mais:No documento, o promotor arrolou os crimes: quadruplo homicídio qualificado por motivo fútil, ocultação de três cadáveres, dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.
Para Erick, a sessão do tribunal do júri é de grande importância para a família das vítimas, bem como para a população de São Geraldo. O crime causou enorme comoção entre os são-geraldenses.
A decisão foi tomada em 28 de setembro, pelo Tribunal do Júri que aconteceu em São Geraldo do Araguaia. O conselho de sentença, em decisão soberana popular, condenou o réu quatro vezes pelo crime de homicídio qualificado (30 anos cada), e três vezes por ocultação de cadáver, (3 anos cada).
Somadas, as penas chegam a 129 anos de reclusão, entretanto, duas atenuantes foram levadas em consideração: a confissão do crime e a menoridade relativa. Na época ele tinha apenas 20 anos de idade. Com isso, 1/6 da pena foi reduzida, correspondente a 21,5 anos, ficando fixada em 107. Adriano deve cumpri-la, inicialmente, em regime fechado, levando em conta o tempo competido em prisão cautelar. Além disso, foi negado ao assassino o direito de apelar em liberdade.
Antônio Gonçalves de Souza, Sandra Rosa Sales Silva e seus filhos Catielle Silva Sousa e Charles da Silva Sousa tiveram suas vidas cruelmente ceifadas. Antônio era vaqueiro em uma fazenda localizada em Novo Paraíso, zona rural de São Geraldo do Araguaia, mesmo local do crime. A arma utilizada foi uma espingarda calibre 12.
O crime foi premeditado e motivado pela raiva que Adriano nutria por Antônio. No interrogatório, ele revelou à polícia que o homem mais velho vivia lhe xingando e o chamando de preguiçoso e por isso ele decidiu matar a família inteira.
LINHA DO TEMPO
Em seu depoimento à polícia, registrado em 14 de junho, às 4h40 da madrugada, Adriano confessou o crime. Ele contou ao delegado de Polícia Civil, Gabriel Ângelo de Oliveira Santos, que morava na fazenda havia quatro anos, tendo sido convidado por Sandra Rosa, sua prima.
Os detalhes do crime foram narrados friamente pelo facínora.
13 de junho de 2018, por volta de 14h – Adriano emboscou Catielle em um quarto e tentou enforcá-la. A menina conseguiu se desvencilhar, gritou pelo pai e fugiu. Antônio correu para o quarto, achando que a filha ainda estaria lá, mas topou com Adriano. O vaqueiro deu as costas ao assassino, sendo covardemente alvejado por ele. O tiro pegou abaixo do ombro da primeira vítima.
Catille e a mãe, Sandra, correram para um outro quarto da casa e fecharam a porta. O assassino trocou o cartucho e a arrebentou a porta, na sequência ele deu um tiro no pescoço de Sandra. Recarregando a arma uma segunda vez, ele atirou do lado direito do peito da mulher mais velha. Findados os três cartuchos, ele saiu do quarto com Catielle. Enquanto a garota chorava a morte da mãe, ele pegou mais dois cartuchos e resolveu matá-la com um tiro no pescoço. Ela chegou a implorar pela vida.
Em seguida, Adriano carregou os corpos de Antônio e Sandra em um carrinho de mão e os jogou dentro de uma castanheira oca. Catielle foi levada no ombro e colocada junto aos pais.
13 de junho de 2018, por volta de 18h – Charles chegou em casa, vindo da escola e logo procurou pela família. A resposta de Adriano foi cruel: “Matei todos os seus familiares e se quiser, lhe mostro onde todos estão”. Após levar o garoto até o local onde os corpos estavam, o criminoso mandou que o menino fosse em direção ao curral. Quando Charles correu, Adriano deu o primeiro tiro e errou.
A quarta vítima caiu no chão e, assim como a irmã, implorou para não ser morto. Adriano não lhe deu ouvidos e atirou contra o pescoço e a cabeça do jovem. O corpo ficou por ali mesmo.
O assassino jogou a espingarda em um poço; ateou fogo em uma quantia de R$ 5 mil e queimou as roupas de Sandra e Catielle.
14 de junho de 2018, por volta de 00h14 – O dono da fazenda ligou para um açougueiro de Novo Paraíso e pediu que ele entrasse em contato com a Polícia Militar, pois desconfiava do desaparecimento da família que morava em sua propriedade. Quando os PMs chegaram lá, o fazendeiro relatou a estranheza do sumiço, pois o carro do vaqueiro ainda estava no local e não era comum que ele saísse sem o veículo.
O proprietário contou que Adriano estava na casa, deitado tranquilamente e ao ser questionado sobre a família, informou apenas que esteve fora da fazenda entre às 18h e 22h do dia 13 e que ao retornar, não havia mais ninguém na residência.
Pouco depois, vizinhos começaram a chegar na fazenda e a busca pela família teve início. Os rastros deixados por Adriano pouco a pouco foram sendo encontrados: manchas de sangue nas paredes, uma mala, roupas e dinheiro queimados. Em meio a tudo isso, o matador permaneceu calmo e dentro do quarto.
Os populares que procuravam pelas vítimas começaram a levantar suspeitas de que Adriano seria o responsável pelo sumiço da família e tentaram agredi-lo. Nesse momento os PMs interviram e o retiraram do local.
No trajeto até Novo Paraíso, ao encontrar com o delegado Gabriel, o homicida chegou a falar que Antônio havia assassinado Charles. A autoridade policial suspeitou da informação, pois até aquele momento Adriano não havia falado nada nesse sentido. Logo depois, dentro da viatura, o criminoso confessou o quadruplo homicídio e falou para os policiais onde os corpos poderiam ser encontrados e o paradeiro da arma dos crimes.
A polícia encontrou os corpos exatamente no lugares informados.
(Luciana Araújo)