Quem passa pela avenida principal do Residencial Tiradentes, no Núcleo São Félix, em Marabá, nem imagina os rastros de abandono que estão nas ruas e vielas do local. Buracos, lama, praças destruídas, esgoto a céu aberto, acúmulo de lixo e falta de asfalto, são apenas alguns dos problemas enfrentados diariamente pelos moradores.
Obrigados a trafegarem em vias com condições precárias, correndo o risco de se acidentarem, alguns (poucos) moradores tratam o assunto com certa “naturalidade”, já que convivem com esse problema há anos.
No entanto, alguns moradores estão exaustos e clamam por uma solução, como é o caso de Orli de Macedo Lopes, de 55 anos. Ela conta que não aguenta mais o descaso e o abandono e sofre as consequências. “A rua da minha casa está isolada. Não passa nem carro. Já lutei, fui em cima, conversei com muita gente. O residencial está totalmente esquecido. Na verdade, eles só olham a avenida principal”, reclama.
Leia mais:Morando no Tiradentes desde o início, há quase dez anos, Orli agradece ter conseguido a casa. Contudo, lamenta pelas condições que o residencial se encontra. “Eu morava de casa alugada no Bairro da Liberdade. Ganhei esse presente, ter a minha casa. Mas aqui falta muita coisa. Não temos escola pública, não temos posto de saúde. Não temos nem água na torneira. Tem cinco meses que não tenho água na minha casa e eu preciso trabalhar. Meu sustento é esse aqui, vender meus bolos”, fala com a voz embargada, enquanto espera os fregueses na esquina da avenida principal do residencial.
Questionada como tem feito para conseguir água e viver dignamente, ela conta que coloca uma bacia e deixa a torneia aberta pingando até conseguir o mínimo possível para realizar seus afazeres.
Outro morador que convive com o esquecimento – melhor chamar de descaso – do Poder Público, é Jocivan Ferreira de Sousa, 64 anos. Morando desde o início no local, ele afirma que assim que o Residencial Tiradentes foi entregue as coisas eram melhores. “Agora tá horrível. Vivemos diariamente com essa catinga horrível”.
O esgoto a céu aberto e a lama na rua em frente à residência de Jocivan, localizada na Rua Ana Maria Barros, causam transtornos gigantescos. Ele afirma que além dessas problemáticas, carro pequeno não passa.
“O residencial está abandonado, é isso que vocês estão vendo. Não tem benfeitoria de nada. Água aqui é um negócio triste. Agora estão dizendo que vão fazer um posto de saúde, bora ver se vai sair né?”. (Da Redação)