A 75ª edição do Festival de cinema de Veneza, que começa nesta quarta-feira, terá um protagonista diferente, o ex-presidente do Uruguai José Mujica, que terá sua história, suas ideias políticas e seu ativismo a favor da paz e do respeito ao meio ambiente expostos na grande tela.
E Mujica aparecerá duas vezes, tanto na ficção como em documentário, com dois trabalhos que estão entre os mais esperados desta edição.
Por um lado, o filme “La noche de 12 años”, um trabalho do uruguaio Álvaro Brechner, que conta os terríveis anos na prisão de Mujica e de seus companheiros Mauricio Rosencof Eleuterio e Fernández Huidobro, todos pertencentes ao Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros.
Leia mais:O filme conta os anos nos quais Mujica (interpretado pelo espanhol Antonio de la Torre), Rosencof (pelo argentino Ricardo Darín) e Huidobro (pelo uruguaio Alfonso Tort) estiveram presos durante a ditadura uruguaia (1973-1985).
Uma história de solidão, tortura e isolamento, mas sobretudo de silêncio e de resistência.
Com a colaboração de Soledad Villamil ou Silvia Pérez Cruz, esta coprodução da Espanha, Argentina, Uruguai e França concorre na segunda seção em importância do festival, Horizontes.
E fora de competição estará o documentário “El Pepe, Una Vida Suprema”, dirigido pelo sérvio Emir Kusturica, que investiga como um homem humilde como Mujica pôde chegar a ser presidente do Uruguai, cargo que ocupou entre 2010 e 2015.
“Alcançar uma utopia requer uma mudança fundamental de consciência. Através de seu caminho de vida e de seu exemplo pessoal, José Mujica dá esperança para alcançar ideais. O amor de Mujica pela vida e pela natureza é o núcleo de sua ideologia”, afirma Kusturica no site do festival ao falar do seu trabalho.
O diretor assegura que está impressionado pela figura e o trabalho de Mujica, mas também “triste por não ter tido um presidente assim”.
Mujica, de 83 anos, renunciou em 14 de agosto ao seu cargo no Senado uruguaio com o objetivo de tirar uma “licença” antes de morrer de “velhice” e para seguir com sua “luta de ideias”. (EFE)