As redes sociais parauapebenses começaram a semana agitadas com o anúncio feito pelo prefeito Darci Lermen (MDB) de uma segunda edição do evento iniciado no ano passado, dessa vez o “maior churrasco de peixe”, seguindo os rastros do “maior churrasco do mundo” – evento realizado durante o 34º aniversário da “Capital dos Minérios” – que lhe rendeu uma investigação no Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) por suspeita de superfaturamento.
O anúncio, realizado no perfil do Instagram do prefeito na noite de segunda-feira, 29, acompanha um vídeo que mostra imagens da edição anterior e os dizeres “Vem aí o maior churrasco de peixe, aguardem”. Além disso, a legenda da publicação avisa: “Se no ano passado foi bom, imagine como vai ser o grande churrasco de peixe desse ano. Aguardem!!! Em setembro vamos ter uma grande festa do peixe em Parauapebas. Estão preparados??”
A repercussão, no entanto, não foi das melhores. Nos comentários, um internauta acredita se tratar de um caso de lavagem de dinheiro, enquanto outro pede que o prefeito ofereça à população necessitada – ao invés de um cínico churrasco de peixe – um “churrasco de cestas básicas”.
Leia mais:Outro comentário ironiza o anúncio, afirmando que sequer foram explicados os R$ 450 mil gastos no “churrascão”, e alerta ao prefeito que “os ‘homis’ do MP tão de olho”. Uma internauta ainda aproveitou o espaço para cobrar pelos kits de construção que deveriam ter sido entregues aos beneficiários do Projeto Lar da Nossa Gente, mas o prefeito parece mais preocupado em bater recordes gastronômicos.
MAIOR CHURRASCO DO MUNDO
O prefeito emedebista está sendo investigado pelo MPPA pelo evento onde foram ofertados 20 mil quilos de carne bovina em comemoração aos 34º Aniversário do Município de Parauapebas, realizado no dia 10 de maio desse ano, além de diversos shows musicais de artistas locais e nacionais.
As investigações foram intensificadas depois da divulgação do relatório analisando procedimentos de inexigibilidade – quando a licitação não é realizada por impossibilidade de competição – realizado pelo Grupo de Apoio Técnico Interdisciplinar do MPPA, que foi entregue ao promotor Mauro Guilherme Messias dos Santos, responsável por investigar casos de improbidade administrativa.
No relatório, foram analisadas as contratações da dupla sertaneja Maiara e Maraísa, Léo Magalhães, Davi Sacer, Anjos do Resgate e também de artistas locais. A hipótese de superfaturamento surgiu porque os artistas receberam cachês superiores àqueles ofertados por Municípios cuja logística é mais custosa pela ausência de aeroportos – além dos shows terem sido realizados em períodos de alta temporada, ao contrário de Parauapebas.
Maiara e Maraísa, por exemplo, receberam um cachê de R$ 453.500,00, valor justificado por Darci por shows realizados em São Luís (MA), no dia 31 de dezembro de 2019, e em Uberlândia (MG), em 4 de julho de 2020, onde foi pago um valor de R$ 400 mil, além de um show realizado em São Paulo (SP), em 15 de abril desse ano, que teve orçamento de R$ 500 mil.
No entanto, a nota técnica entendeu que esses valores não refletem a realidade da região e, por esse motivo, não poderiam ser utilizados como justificativa. Um show das irmãs realizado durante a baixa temporada em Barcarena custou cerca de R$ 240 mil aos cofres públicos. Com uma média de cachê flutuando entre os R$ 300 mil, os servidores suspeitam de um superfaturamento entre R$ 100 mil a R$ 150 mil.
No caso de Léo Magalhães, seguindo os mesmos critérios, o pagamento de R$ 230 mil pode esconder um superfaturamento de R$ 30 a 60 mil. Os artistas locais também não passaram despercebidos: a soma de R$ 139 mil recebida pelos artistas deveria ter sido por volta de R$ 50 mil, conclui a nota. (Clein Ferreira)