Correio de Carajás

Família de recém-nascido que morreu no HMI clama por justiça

Com o semblante cheio de indignação, Diego afirma que levará o caso para os seus advogados/ Foto: Evangelista Rocha

Após esperar longos 9 meses para finalmente conhecer o filho e levá-lo para casa, Cleidiane dos Santos Moraes conseguiu segurá-lo nos braços uma única vez, antes de ser informada pelo Hospital Materno Infantil de Marabá (HMI) de que o pequeno Henrique havia falecido. Essa não é a primeira ou única história da casa de saúde, que já acumula várias famílias revoltadas com os atendimentos e as várias mortes, sem explicação, de mães e recém nascidos em seu histórico.

O pai do pequeno falecido, Diego Souza Silva, está indignado com a perda, tendo em vista que durante toda a gravidez os exames mostraram normalidade na saúde da esposa e do filho. Ao Correio de Carajás, ele alegou também não ter ficado satisfeito com a explicação dada pelo hospital a ele e aos pais de sua esposa: “Falaram que o Henrique nasceu morto, mas minha esposa chegou a pegar ele no colo com vida”, contou, enquanto segurava um papel dado pelo hospital, informando o peso, os cm e a morte de Henrique.

A mãe de Cleidiane, Francisca dos Santos Moraes, acompanhou o parto da filha desde o momento em que ela entrou pela porta da clínica até o aviso do falecimento do neto. Segundo ela, no mesmo dia, havia duas outras mães em trabalho de parto que, sem assistência médica no local, por pouco não tiveram seus filhos no chão da sala de pré-parto. Francisca acredita fielmente que, por descaso do Materno Infantil, Cleidiane passou do momento ideal de parir e, por isso, o bebê morreu.

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A avó (sem neto) guarda em uma pasta todos os exames realizados pela filha, que comprovam a inexistência de riscos previamente informados pelos médicos responsáveis pelo seu pré-natal. A má explicação para o ocorrido é, para a família, uma das maiores revoltas, já que até o momento do nascimento da criança, não existiam possibilidades de algo culminar no que aconteceu.

Ainda de cama, a mãe de Henrique também rebate a hipótese levantada pelo hospital de que ele inalou fezes dentro de sua barriga e foi perdendo os batimentos cardíacos: “Antes de eu entrar em trabalho de parto, a médica responsável por me assistir verificou os batimentos do bebê e, eu cheguei a ouvir também, me disseram que estava tudo normal. Depois que ele nasceu não houve choro, mas pude escutar pequenos gemidos”, conta a mulher, que agora passa pela fase do puerpério, sem o filho.

Cleidiane conta também que dilatou 8cm em meia hora, o que indica que durante o processo, estava tudo correndo como deveria. No entanto, sua bolsa não estourou e foi necessário rompê-la, antes de começar a fazer força para empurrar a criança. Teria sido esse o momento crucial para definir o destino do recém-nascido? É o que a família questiona.

Segundo a prefeitura, ela teria sido levada à sala de trabalho de parto acompanhada de um médico ginecologista, pediatra e equipe multidisciplinar, quando na realidade, segundo a mulher, havia apenas três pessoas na sala: duas enfermeiras e uma médica. Embora todas as manobras efetuadas para a tentativa de salvamento, a falta de médicos admitida pelo próprio local, deixa claro que Cleidiane e Henrique não tiveram o atendimento que realmente precisavam.

Na Certidão de Óbito feita pelo Materno Infantil, a mãe é colocada como sem escolaridade, quando na realidade, chegou a concluir o Ensino Médio, estendendo o descaso da clínica para com a família que tem sofrido bastante com a morte de Henrique. Além disso, o hospital não informou aos pais que eles possuíam o direito de acionar o Instituto Médio Legal (IML) para uma perícia, antes de enterrar a criança. Dessa forma, o recém-nascido já saiu do hospital dentro de um pequeníssimo caixão.

Com lágrimas nos olhos e um semblante cheio de indignação, Diego afirma que levará o caso adiante. Ciente das mortes de outras crianças e mães no mesmo hospital, ele vê como inviável não acionar advogados e cobrar uma resposta: “Todo mundo sabe que lá é assim, as pessoas morrem, não dá em nada e eles continuam sendo imprudentes com os pacientes. Até quando isso vai acontecer?”, questiona.

(Thays Araujo)