A viagem de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a Taiwan nesta terça-feira (2) gerou um aumento nas tensões entre os EUA e a China.
Antes da viagem, o governo chinês disse que considera essa visita uma provocação e prometeu represálias aos EUA.
Também nesta terça-feira, aviões de guerra chineses sobrevoaram a linha que divide o Estreito de Taiwan —ou seja, entraram no espaço aéreo da ilha.
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A China passou pela Revolução Comunista em 1949. As forças capitalistas, derrotadas, recuaram para a ilha de Taiwan.
A China considera a ilha, que tem uma população de 24 milhões de habitantes, uma de suas províncias históricas, mas não controla o território.
Um dia antes de iniciar a guerra na Ucrânia, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que “Taiwan não é a Ucrânia e sempre foi uma parte inalienável da China.
O governo chinês se opõe a qualquer contato entre os representantes de Taiwan e os de outros países. O governo da China aumentou a pressão militar e diplomática contra a ilha desde a eleição, em 2016, da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, que é uma política a favor da independência de Taiwan.
Onde fica Taiwan?
Taiwan é um estado insular localizado próximo a costa leste da China. A ilha Formosa é a principal camada de terra do Estado.
O país tem um sistema eleitoral próprio com foco na democracia e em um poder dividido entre os representantes do Estado (presidente e Assembleia Nacional).
Taiwan é considerado um dos quatro tigres asiáticos.
Relação com os Estados Unidos
Os EUA têm uma política de ambiguidade estratégica para lidar com a situação. Há razões históricas para isso.
Após a revolução chinesa, no fim da década de 1940 os EUA reconheceram Taiwan como o governo chinês legítimo. Isso seguiu assim até o governo de Richard Nixon.
Em 1972, Nixon reatou as relações entre os EUA e os chineses. Oficialmente, os americanos passaram a reconhecer a soberania do governo da China no território (não há embaixada dos EUA em Taiwan, por exemplo), mas ao mesmo tempo mantêm relações com o governo de Taiwan —por exemplo, os americanos vendem armas para a ilha.
O governo dos EUA apoia amplamente a ilha e muitas vezes elogia seu status democrático.
Atualmente, Taiwan conta com amplo apoio do Congresso dos EUA, tanto que as ameaças de Pequim apenas levaram a pedidos para que Pelosi continuasse sua jornada.
Pelosi é a segunda pessoa na linha de sucessão de Joe Biden. Se ela visitar a ilha, será a figura mais importante da politica dos EUA no território desde 1997, quando Newt Gingrich visitou a região.
O que diz a China
Na segunda-feira, a China disse que está pronta para responder à visita da dignitária americana e nesta quarta-feira (27) repetiu que se opõe à viagem.
O porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, foi questionado durante uma entrevista coletiva sobre como a China iria reagir a um aumento da atividade militar dos EUA no caso de uma ida de Pelosi a Taiwan.
“Se os EUA persistirem em desafiar a linha vermelha da China” com esta visita a Taiwan, “enfrentarão fortes medidas em resposta e devem assumir todas as consequências”, disse Lijian.
Nesta terça-feira, após Pelosi desembarcar, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse que a vista é “uma violação severa do princípio de Uma Só China, infringe severamente a soberania e a integridade territorial da China, prejudica severamente a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, e emite um sinal severamente errado às forças separatistas a favor da ‘independência de Taiwan'”.
A pasta afirmou ainda que a visita terá um “impacto severo” na base política das relações China-EUA.
O que diz Biden
O próprio Biden afirmou no mês passado que os militares dos EUA consideram que o deslocamento da presidente da Câmara dos Representantes “não foi uma boa ideia”.
China se prepara para aumentar mandato de Xi Jinping
Xi Jinping, o presidente da China, se prepara para consolidar sua liderança em uma reunião do Partido Comunista prevista para o final do ano.
Os pontos de tensão entre Pequim e Washington se multiplicaram nos últimos anos: o Mar da China Meridional, influência crescente da China na região de Ásia-Pacífico, guerra na Ucrânia e também Taiwan.
(Fonte:G1)