Uma era de quatro títulos e 16 temporadas no esporte terminará ao fim de 2022. O tetracampeão Sebastian Vettel anunciou que deixará a F1 em dezembro deste ano. Piloto da Aston Martin, o alemão de 35 anos publicou um vídeo em seu novo perfil nas redes comunicando a decisão, que tomou pela intenção de se dedicar à família e motivado, ainda, pelo compromisso com a preservação ambiental.
– Estou aqui para anunciar minha aposentadoria da Fórmula 1 ao fim da temporada 2022. Eu amo esse esporte, mas ao mesmo tempo em que há vida nas pistas, também há fora delas. Ser piloto nunca foi minha única identidade. O comprometimento com a minha paixão não tem mais espaço ao lado do meu desejo de ser um grande pai e marido. Meu objetivo mudou de ganhar corridas e brigar por títulos para ver meus filhos crescerem – disse.
Vettel explicou, ainda, que seu recente posicionamento em favor da sustentabilidade e da preservação ambiental já não era mais compatível com sua vida na F1, uma categoria que adota combustíveis fósseis, apesar dos esforços para tornar-se mais sustentável e a adesão gradual aos combustíveis híbridos.
Leia mais:– Falando do futuro, sinto que vivemos tempos decisivos e o que faremos nos próximos anos vai determinar nossas vidas. Minha paixão vem com certos aspectos que eu aprendi a desgostar. Eles podem ser resolvidos no futuro. Falar não é suficiente, e não podemos esperar – acrescentou o tetracampeão.
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Leia, na íntegra, o comunicado de despedida de Vettel:
“Estou aqui para anunciar minha aposentadoria da Fórmula 1 ao fim da temporada 2022. Eu deveria começar com uma longa lista de pessoas a agradecer, mas sinto ser mais importante explicar minhas razões. Eu amo esse esporte, ele foi o centro d aminha vida desde que eu lembro, mas ao mesmo tempo em que há vida nas pistas, também há fora delas. Ser um piloto nunca foi minha única identidade. Quem sou eu? Sebastian, pai de três crianças e marido de uma mulher maravilhosa. Sou curioso e facilmente impressionado por pessoas talentosas e apaixonadas. Sou obcecado por perfeição. Sou tolerante e creio que todos temos o mesmo direito de viver, não importa como nós somos, de onde viemos e quem amamos. Amo estar aí fora na natureza, sou teimoso, impaciente. Posso ser realmente irritante, mas fazer pessoas rirem. Amo chocolate e o cheiro de pão fresquinho. Minha cor favorita é azul. Acredito em mudança e progresso e que cada passo conta. Sou otimista e acredito que as pessoas são boas. Eu formei uma família, e amo estar perto deles. Também desenvolvi outros interesses fora da Fórmula 1. Minha paixão pela Fórmula 1 vem com muito tempo longe deles, e toma muita energia. O comprometimento com a minha paixão, como eu fiz, embora tenha sido o certo, não tem mais espaço ao lado do meu desejo de ser um grande pai e marido. A energia exigida para ser um com um carro e com a equipe, perseguir a perfeição, toma foco e compromisso. Meu objetivo mudou de ganhar corridas e brigar por títulos para ver meus filhos crescerem, passar a eles meus valores, esperar que eles se levantem quando caírem, escutá-los quando precisarem de mim,, não ter que dizer “tchau” e, o mais importante, ser capaz de aprender com eles e permitir que me inspirem. Crianças são o futuro. À frente, sinto que há muito mais para aprender e explorar sobre a vida, e eu mesmo. Falando do futuro, sinto que vivemos tempos decisivos, e o que faremos nos próximos anos vai determinar nossas vidas. Minha paixão vem com certos aspectos que eu aprendi a desgostar. Eles podem ser resolvidos no futuro. Falar não é suficiente, e não podemos esperar. Não há alternativa. A corrida já está valendo. Minha melhor corrida ainda está por vir. Acredito em avançar, e prosseguir. O tempo é um caminho de uma via só e eu quero seguir com o tempo. Estou ansioso para correr por pistas desconhecidas e encontrar novos desafios. As marcas que deixei na pista vão permanecer até que o tempo as leve embora. Novas serão estabelecidas. O amanhã pertence àqueles que estão moldando o hoje. A próxima curva está em boas mãos, já que a nova geração já surgiu. Acredito que ainda há uma corrida a ser vencida. Adeus, e obrigado por me permitirem dividir essa pista com vocês. Eu amei cada parte disso”.
Carreira
Em 16 temporadas na F1 – incluindo as corridas que fez no fim de 2007 pela STR – e passagens pela RBR e Ferrari, Vettel conquistou 53 vitórias e faturou, ainda, 57 poles positions e 122 pódios. Ele também é dono de três vice-campeonatos, em 2009, 2017 e 2018.
O alemão estreou na F1 em temporada integral no ano de 2008, pela STR (atual AlphaTauri). Naquele ano, conquistou a primeira vitória do time austro-italiano, no GP da Itália, e carimbou sua passagem para a RBR com a qual, dois anos depois, iniciaria uma era de sucesso.
Com a equipe comandada por Christian Horner, Vettel conquistaria seus quatro títulos mundiais, de 2010 a 2013, enfrentando pilotos como Lewis Hamilton, Fernando Alonso, Jenson Button e o colega Mark Webber.
A introdução do no regulamento dos motores em 2014, porém, mudou tudo na RBR. Vettel se saiu abaixo do esperado, terminando atrás do novo colega Daniel Ricciardo e, ao fim do ano, anunciou sua ida para a Ferrari.
Lá, teve como companheiro o campeão de 2007 Kkimi Raikkonen e brigou pelos títulos de 2017 e 2018. No ano seguinte, viveu uma tensa rivalidade interna com o jovem Charles Leclerc e, com ele, uma última temporada difícil em 2020, na qual a escuderia foi apenas sexta colocada no Mundial – pior resultado em 40 anos.
Após muita especulação sobre sua aposentadoria, o tetracampeão foi anunciado em setembro de 2020 na Aston Martin, time que representa desde 2021 ao lado do filho do dono da equipe, o canadense Lance Stroll.
Mas com um equipamento menos competitivo, o alemão se afastou das chances de vitórias; subiu ao pódio em segundo lugar no GP do Azerbaijão de 2021, porém, terminou o ano em 12º, ocupando hoje a 14ª colocação no Mundial de Pilotos.
Ativismo
A temporada 2020 da F1, marcada pela eclosão da pandemia do coronavírus e o movimento antirracista “Vidas Negras Importam”, estabeleceu o posicionamento de Vettel como um advogado em prol dos direitos das mulheres, da comunidade LGBTQIA+, da sustentabilidade e como um aliado antirracista.
Ao longo dos últimos dois anos, ele apoiou Lewis Hamilton em sua luta por diversidade, protestou na Hungria contra uma lei considerada anti-LGBTQIA+ e também na Arábia Saudita, onde promoveu uma corrida de kart para mulheres – num país que restringe direitos femininos como o de dirigir.
Seu projeto mais recente no campo de sustentabilidade é o da preservação das abelhas, cuja extinção afetaria profundamente a manutenção dos ecossistemas.
(Fonte:G1)