Foi cumprido o mandado de prisão contra Robson Leite Gomes, agente da Guarda Municipal de Parauapebas, na tarde desta quarta-feira (20), após a acusação de tentativa de feminicídio contra Monika Lavine, crime ocorrido nas proximidades de um bar no Bairro Cidade Jardim, na madrugada de domingo (17).
O caso tomou notoriedade após a vítima contar, em suas redes sociais, a sua versão dos fatos. Nos vídeos, ela aparece com um grande corte na região da testa, resultado das agressões sofridas.
Em entrevista exclusiva ao Jornal CORREIO, concedida na tarde desta quarta, Monika contou que estava no bar com outras quatro amigas e, por voltas 4 horas, deu por falta do seu celular. Ao sair do estabelecimento para procurar o aparelho ela foi abordada por Robson, que entrava em um carro de aplicativo.
Leia mais:Robson, então, chamou Monika para ir junto com ele a um outro bar, mas ela recusou o convite, que foi ficando mais incisivo à medida em que a vítima fazia recusas. O guarda, irritado com a negativa, começou a xingá-la, entre outras coisas, de “vagabunda”.
Irritada, Monika atirou um pedaço de tijolo contra o carro que Robson entrou, atingindo a porta do veículo. Nesse momento, ela diz que ele desceu do carro e seguiu em sua direção, atingindo o rosto da mulher com um objeto que ela não conseguiu identificar, mas que acredita ter sido o mesmo tijolo que jogou contra o veículo.
Diante da situação, a vítima se dirigiu ao hospital, onde recebeu atendimento e foi constatado, além do corte, um coágulo sanguíneo no rosto e uma fratura no osso no nariz. Após o atendimento, ela seguiu para a Delegacia de Polícia Civil, onde prestou depoimento e registrou a ocorrência.
Monika ressaltou que, ao contrário do que estariam divulgando alguns veículos de comunicação, ela não tinha nenhuma relação com o autor das agressões. Afirmou, inclusive, que foi noticiado que ela seria companheira do homem, que sequer conhecia.
Monika afirmou, ainda, que começou a receber relatos de outras mulheres vítimas de agressão de Robson Leite após expor a situação nas redes sociais. Além disso, afirmou que quer justiça por ela e por outras mulheres vítimas de violência.
INVESTIGAÇÃO
O delegado Vinícius Cardoso das Neves – Superintende de Polícia do Sudeste do Pará – informou que o pedido de prisão preventiva contra Robson foi realizado pela titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), delegada Ana Carolina, em Parauapebas, e deferido pelo juízo local.
Conforme ele, a delegada entendeu que, apesar de não haver relação afetiva entre a vítima e o autor, a motivação das agressões seria de natureza misógina e sexista de Robson, que agrediu a vítima em razão de sua condição enquanto mulher, que não teria aceitado seus convites de sair com ele e acompanhá-lo até outro bar.
A prisão foi realizada por policiais civis, juntamente com a corregedoria da Guardas Municipal de Parauapebas. O delegado afirma que Robson já se encontra à disposição da justiça.
POSICIONAMENTOS
Como noticiado na última edição deste CORREIO, Robson se apresentou à Polícia Civil na segunda-feira (18), acompanhado do advogado Geovane Gomes. Na ocasião, o defensor não negou a acusação de agressão por parte do cliente, mas preferiu não se aprofundar nos fatos, alegando que não teve acesso à denúncia até o momento.
Já a Prefeitura Municipal de Parauapebas encaminhou nota à redação informando que o caso está sendo acompanhado pela Corregedoria da Secretaria Municipal de Segurança Institucional (SEMSI) e que foi aberto um procedimento administrativo disciplinar contra o agente. (Clein Ferreira com informações de Ronaldo Modesto)