O policial militar Fabiano Junior Garcia, que matou a própria família (mulher, três filhos, mãe e irmão), além de dois pedestres, na noite desta quinta-feira e madrugada de sexta-feira, enviou um áudio por mensagem explicando os crimes, cometidos nas cidades de Toledo e Céu Azul, no Paraná. A gravação circula em grupos de WhatsApp na manhã desta sexta-feira. Seu conteúdo foi confirmado pela PMPR como tendo sido enviado por Fabiano, de 37 anos, mas ainda não se sabe em que momento ele fez a gravação, se foi antes dos crimes, durante ou depois. De acordo com o Coronel Hudson Leôncio Teixeira, Comandante-Geral da PMPR, a motivação do crime seria o fato de que Fabiano não teria aceitado o fim do relacionamento.
O PM matou a tiros seus três filhos, Amanda, Kamili e Miguel, e a mulher, Kassiele Moreira. Segundo o portal local CGN, citando informações do boletim de ocorrência, as outras vítimas são: a mãe e o irmão do PM, e dois pedestres que apenas passavam pelo local naquele momento, sem parentesco com ele. Por fim, Fabiano cometeu suicídio. Em nota, a Polícia Militar do Paraná disse estar “consternada” e que “lamenta profundamente o ocorrido”.
— Família, me desculpa, me desculpa, me desculpa, mas eu não ia conseguir viver sem a Kassiele. Me desculpa. Ela já não estava mais suportando muito o jeito que eu lidava com ela, não estava mais suportando se eu ia dar atenção pra ela ou não. E ela deixou a entender que ela não fazia questão de continuar comigo. Então, se é assim, como eu me dediquei toda a minha vida pra ela e eu dediquei de todo coração mesmo, eu desisti de pensar em qualquer outra pessoa, de pensar em pular a cerca ou qualquer coisa, pra poder dar atenção, dar valor pra ela, eu entrei em um momento de depressão, entrei nesse maldito desse jogo, para mim maior válvula de escape para a depressão e me distanciei dela. E ela se acostumou com isso. E daí agora ela disse que tanto faz, então se pra ela tanto faz, ela não quis mais ficar comigo, ela falou que possivelmente ia separar, não iria ficar comigo do jeito que eu sou, que eu sou com as coisas do meu jeito e tal, então se é assim, eu já estava querendo fazer isso mesmo, porque eu já não consigo conviver com a situação da minha mãe lá com o problema lá, eu vivo financeiramente f* — afirmou Fabiano no áudio, que foi enviado para o grupo da família no WhatsApp, conforme contou ao GLOBO a irmã de Kassiele.
Leia mais:O comandante-geral disse que está sendo aberto inquérito policial militar para apurar os fatos. De acordo com os relatos sobre como Fabiano se portou no dia anterior, Teixeira contou que ele trabalhou normalmente na quinta-feira. O PM deixou o serviço por volta das 19h e, às 23h, ligou para o cunhado. Até cerca de meia-noite, cometeu os crimes.
— Presumo que já tivesse um planejamento — acrescentou Teixeira.
A dinâmica do crime:
- O PM primeiro matou a tiros Kassiele e Amanda dentro de casa.
- Depois ele foi para a casa da mãe, Irene Garcia, onde a matou a facadas e, com arma de fogo, matou o irmão Claudiomiro.
- Nas proximidades do imóvel, matou dois pedestres: Kaio Felipe Siqueira da Silva e Luiz Carlos Becker.
- Em seguida, foi para a cidade Céu Azul, onde os outros dois filhos, Miguel e Kamili, estavam na casa de tios e os matou a tiros.
- O próximo passo foi voltar para casa onde morava com a mulher, mas não chegou a sair do carro, pois cometeu suicídio.
“O policial militar que prestava serviços no 19º Batalhão em Toledo não tinha histórico que pudesse indicar problemas psicológicos e atuava como motorista do Coordenador do Policiamento da Unidade”, afirmou a PM em comunicado. “Desde dezembro de 2020 a região conta com o apoio do programa PRUMOS, que disponibiliza atendimento psicológico e social aos militares e dependentes, com profissionais contratados para atuar nas Organizações Policiais Militares”.
Procurada, a Polícia Civil do Paraná ainda não deu mais detalhes sobre o caso.
Leia abaixo a nota completa da Polícia Militar:
“A Secretaria da Segurança Pública lamenta o caso ocorrido em Toledo e Céu Azul e informa que as Polícias Civil, Militar e Científica não medirão esforços para apurar a motivação dos fatos.
Foi instaurado inquérito policial nas delegacias de ambas as cidades (Toledo e Céu Azul). Perícias foram realizadas nos locais e equipes de investigação seguem na coleta de informações e realizam diligências para concluir o caso.
Segundo a Polícia Militar, o policial, que prestava serviços no 19º Batalhão, em Toledo, não tinha histórico que pudesse indicar problemas psicológicos.
A Secretaria ressalta ainda que conta com o Programa de Atenção Psicossocial (PRUMOS), implantado em todo o Estado, desde 2020, para oferecer atendimento psicossocial a servidores e familiares. Neste caso, as equipes do PRUMOS de Foz do Iguaçu e Toledo já estão atuando no suporte à família das vítimas. Além disso, uma equipe da capital também irá para a região para fornecer todo o apoio necessário”.
(Fonte:O Globo)