Voltado para preservação, manejo e sustentabilidade das florestas, com foco na região amazônica o curso de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do Pará (Uepa) em Marabá, possui um laboratório de ciências e tecnologia da madeira onde são realizadas pesquisas para caracterização e identificação de madeiras, majoritariamente comercializadas na região amazônica.
A liga acadêmica de alunos do curso, supervisionada pelo professor e coordenador Luiz Eduardo, desenvolve pesquisas diretas com a comunidade, entre eles estão trabalhos com a população indígena tradicional, como Suruí e Gavião. Além de atividades laboratoriais, como os estudos de embarcações.
Há dois anos atrás, um trabalho de extensão foi realizado pelo grupo, junto aos produtores de embarcações de madeira de Marabá, a fim auxiliá-los com a identificação das madeiras que utilizam. Usadas tanto na pesca quanto no transporte de pessoas, os barcos não possuíam a mesma resistência de antes, o que acabava desencadeando um problema com o consumidor final. “Essa questão é proveniente de um problema transnacional, que é o comércio ilegal de madeira”, explica Luiz Eduardo.
Leia mais:O professor relata que o fato de as madeiras serem comercializadas por nomes populares é uma contribuição para essa cadeia criminosa. Para o meio ambiente, isso é um problema grave, pois na maioria das vezes esses nomes populares designam mais de uma espécie de madeira, e entre elas podem estar uma categoria ameaçada de extinção.
Tal ação foi verificada pelo projeto com muita frequência nos estabelecimentos comerciais de madeira na região sudeste do Pará, especialmente em Marabá. O reflexo dessa cadeia no cenário do setor florestal é através do desmatamento e da grilagem, práticas criminosas extremamente difíceis de se fiscalizar devido a extensão do comércio, territorialidade e a defasagem de pessoas capacitadas para realizar a extensa demanda de madeira.
Esse trabalho de identificação de madeiras, realizada pelo grupo de laboratório, ajuda a combater diretamente o crime transnacional, em que o produto coletado aqui é vendido para a capital e acaba sendo exportado para fora do país, ou seja, não se trata de um problema local. Daí a origem do nome. O coordenador da liga acadêmica de ciências e tecnologias da madeira acrescenta: “Por mais que o comerciante tenha trabalhado a vida inteira com aquilo, pode ser que ele se confunda, apenas o estudo cientifico pode provar qual madeira é”.
A atuação se estende a terras indígenas a fim de detectar quais madeiras são utilizadas por determinadas etnias e então informar a comunidade, a fim de contabilizar a importância daquela espécie para que ela não seja explorada. Há muita busca por parte da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), para identificar as madeiras que eles apreendem, auxiliando na proibição do comércio e uso e na fiscalização.
A liga acadêmica, formada pelos alunos Beatriz Carmo, Bianca Bueno, Thaís Elos, Mariane Baião, Kaick Coelho, Vitoria da Silva e Lohana Vieira, do curso de Engenharia Florestal, desenvolve também atividades junto à sociedade marabaense, visitando escolas de ensino fundamental, ensino médio, públicas e particulares, produzindo peças teatrais, para levar informações ambientais de forma lúdica, produzindo curso de formação em projetos de desenvolvimento sustentável, que acreditam ser importante para promover o conhecimento ambiental. (Thays Araujo)