Redijo esse compêndio de ideias falíveis na esperança audaciosa de torná-lo um postulado sobre o que vem a ser de fato liberdade de Imprensa. Mas sei que há grandes chances de fracasso nesse meu intento. Mesmo assim, escrevo.
Comecemos pelo ponto principal: Liberdade. Alguns dicionários classificam esse verbete como grau de independência legítimo que um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo, como ideal.
Pois bem, esse valor supremo que rege – ou deveria reger – os meios de comunicação é algo inegociável. É bem verdade que ninguém é inteiramente livre para dizer o que pensa, tampouco a Imprensa seria. Existem amarras que nos prendem. Sejam laços afetivos, sociais ou econômicos. Mas, mesmo com a essas limitações inerentes à vida em sociedade, a Imprensa continua sendo um porto, um oásis, queiram ou não.
Leia mais:Sobre essa tal liberdade, vale lembrar que pessoas deram a vida por isso. Exemplo maior, para mim, é Vladimir Herzog, que enfrentou a covardia da ditadura militar no Brasil e morreu por isso.
Felizmente hoje, os jornais não são mais obrigados a publicar receitas de bolo, no lugar de notícias que desagradariam o governo, como nos tempos da ditadura sangrenta. Existe, sim, um certo grau de liberdade, que inclusive está alicerçado em nossa Constituição.
Vale dizer que a Imprensa erra (e às vezes age de má fé), mas as empresas de comunicação são isso mesmo: empresas. Portanto podem ser responsabilizadas quando erram. Jornalistas têm RG e empresas têm CNPJ. Quando erramos podemos e devemos reparar o erro. Não somos obrigados a revelar nossas fontes, mas, quando essas fontes não são capazes de sustentar aquilo que publicamos, temos que arcar com as consequências disso. É assim que funciona numa democracia e é assim que a liberdade de Imprensa se mantém, com responsabilidade, mas sempre inegociável.
O mesmo não se pode dizer de páginas de Internet, de fotos e textos apócrifos que poluem os grupos de WhatsApp e outras mídias sociais, nos quais muita gente prefere acreditar enquanto lhe convém, até o dia em que alguém se sentir lesado e decidir processar essas páginas. Nesse dia, e só nesse dia, descobre-se a importância de uma empresa de comunicação.
Pode-se até questionar os formatos dessa tal “Liberdade de Imprensa”, mas nunca o direito em si.
Pode-se até duvidar da idoneidade dos meios de comunicação, assim como é possível duvidar da idoneidade de qualquer profissional, mas, mesmo aqueles que sempre atacam a Imprensa, são os primeiros a procurá-la quando precisam.
A Imprensa não é boa nem má. Ela é o que é, como quase tudo em sociedade.
A Imprensa é, acima de tudo, imprescindível, assim como sua liberdade, ainda que não vivamos num mundo perfeito.