O Banco Central voltou a divulgar nesta terça-feira (26) as projeções do mercado financeiro para os indicadores da economia e informou que a estimativa dos bancos para a inflação neste ano aumentou de 6,86% para 7,65%.
A divulgação do relatório “Focus”, com as estimativas do mercado, não era feita desde 28 de março em razão da greve dos servidores da instituição. O documento é uma das referências para a definição da taxa de juros, por exemplo.
As projeções divulgadas nesta terça foram colhidas na semana passada, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. Esta foi a 15ª alta seguida na estimativa de inflação para 2022.
Leia mais:Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%. No entanto, desde o ano passado, os analistas do mercado já preveem a inflação em 2022 acima do teto da meta.
No fim de março, o BC admitiu que a meta de inflação deve ser superada novamente neste ano. A probabilidade de “estouro” da meta é de 88% a 97%, calculou a instituição.
Se confirmada a previsão do mercado para a inflação em 2022, será o segundo ano seguido de estouro da meta de inflação. Em 2021, o IPCA somou 10,06%, o maior desde 2015.
As previsões de inflação começaram a subir com mais intensidade após o aumento nos combustíveis anunciado pela Petrobras em março, em meio à disparada do preço do petróleo — reflexo da guerra na Ucrânia.
Para alcançar a meta de inflação definida pelo CMN, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia, a Selic.
Para 2023, o mercado financeiro subiu de 3,80% (estimativa divulgada no fim de março) para 4% a estimativa de inflação. Para o próximo ano, a meta foi fixada em 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Neste momento, o BC já está calibrando a taxa Selic para atingir a meta de inflação do ano que vem, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
Produto Interno Bruto
Conforme os dados do Banco Central, o mercado financeiro elevou a previsão de crescimento do PIB deste ano de 0,50%, no fim de março, para 0,65%.
O aumento aconteceu após a divulgação do crescimento do PIB do ano passado de 4,6% pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Para 2023, o mercado baixou de 1,30% para 1% sua estimativa de alta do PIB.
Taxa de juros
Para a taxa básica de juros da economia, o mercado financeiro elevou a estimativa de 13% ao ano, no fim de março, para 13,25% ao ano no final de 2022.
Atualmente, a taxa Selic está em 11,75% ao ano.
Já para o fim de 2023, a expectativa do mercado para a taxa Selic permaneceu estável em 9% ao ano. Deste modo, o mercado financeiro segue estimando queda dos juros no ano que vem.
Outras estimativas
- Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2022 recuou de R$ 5,25 para R$ 5. Para o fim de 2023, caiu de R$ 5,20 para R$ 5 por dólar.
- Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2022 subiu de US$ 65 bilhões para US$ 69,8 bilhões de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado avançou de US$ 58 bilhões para US$ 60 bilhões de superávit.
- Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano permaneceu estável em US$ 59 bilhões. Para 2023, a estimativa recuou de US$ 69 bilhões para US$ 67,3 bilhões de ingresso.
Greve no BC
A divulgação do relatório Focus, com estimativas do mercado financeiro para a economia, não era feita desde 28 de março por conta da greve dos servidores da instituição. O documento é uma das referências para a definição da taxa de juros, por exemplo.
A greve foi iniciada no dia 1º de abril. O pedido é de um reajuste salarial de 27%. O Banco Central indicou uma proposta de aumento de 5%, que é o mesmo valor proposto pelo governo federal para todas as categorias.
O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central do Brasil (Sinal), Fábio Faiad, também informou que a proposta do governo de reajuste de 5% não atende à categoria. “Consideramos insuficiente. Vamos continuar batalhando na mobilização por um reajuste melhor”, declarou.
Mesmo assim, a categoria decidiu em assembleia suspender a greve até o início de maio. Os funcionários públicos dizem, no entanto, que darão continuidade às paralisações parciais diárias e à operação-padrão iniciada em 17 de março.
Eles informaram que, caso o governo não apresente, até dia 2 de maio, uma proposta melhor que o aumento salarial de 5% para todos os servidores federais, devem retomar a greve “automaticamente” a partir do dia seguinte.
(Fonte:G1)