Um “espírito maligno” estaria à solta no Japão depois que sua prisão de milhares de anos, uma pedra, se rompeu no mês passado. A chamada “pedra da morte” se partiu em duas em um parque do país.
Segundo uma lenda, essa rocha, que é conhecida como Sessho-seki, em japonês, aprisionava uma “malvada raposa de nove rabos” e quem a tocasse estaria “condenado à morte”.
A história da “pedra da morte” aparece num antigo livro de poesia. Por causa dela, turistas e curiosos visitam o Parque Nacional de Nikko, a 160 quilômetros da capital japonesa, Tóquio.
Leia mais:De longe, a pedra pode se confundir entre as centenas de rochas vulcânicas do parque. Por muitos anos, ela permaneceu intacta – e ninguém se atrevia a se aproximar dela com medo da vingança da “malvada raposa”. O motivo do recente rompimento é desconhecido, por enquanto.
O que diz a lenda?
Segundo o site do Parque Nacional de Nikko, a malvada raposa de nove rabos foi transformada em uma enorme pedra por um adivinho. Por conta disso, a pedra ficou “impregnada com a aura maligna da raposa”.
Ela teria sido então partida em três pedaços, e um deles seria justamente o Sessho-seki, encontrado no parque.
Chama atenção o fato de que nenhuma vegetação cresce ao redor da pedra – e por isso sua fama de maldita se espalhou.
Na verdade nada vinga por lá porque o solo do parque é impregnado com sulfeto de hidrogênio, um gás bastante tóxico.
Presente na literatura
A história da “pedra da morte” aparece no tradicional livro de haikais (poesia japonesa) “Oku no Hosomichi”, traduzido como “Trilha estreita ao confim” no Brasil.
A obra, do poeta Matsuo Bashō, é considerada um dos principais textos da literatura japonesa do período Edo – entre os séculos XVII e XIX.
“O ar venenoso da pedra ainda permanece e o chão está coberto de tantas abelhas e borboletas mortas que você mal consegue ver a cor da areia”, diz o haikai.
O poema sobre a pedra descreve como os vapores tóxicos queimaram a grama durante o verão, deixando tudo em vermelho.
Mas o que quebrou a pedra?
Ainda não se sabe o que levou a “pedra da morte” a se partir em dois. A hipótese mais plausível, aceita pelas autoridades japonesas, é a de que ela se rompeu por causas naturais.
Ocorre que com o tempo, as chuvas, e as mudanças de temperatura, é possível que tenha se criado uma rachadura que foi aumentando e se abriu.
(Fonte: G1)