O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou, nesta terça-feira (15), que seu país tem de aceitar que não se tornará membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma das principais razões alegadas pela Rússia para justificar sua invasão.
“A Ucrânia não é um membro da Otan. Entendemos isso. Durante anos, ouvimos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos que não podíamos aderir. Essa é a verdade e precisa ser reconhecida”, afirmou o presidente, em uma videoconferência com autoridades militares.
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“Estou feliz que nosso povo comece a entender isso e a contar apenas com nossas próprias forças”, disse.
O presidente lamentou, porém, que a Otan, “parece hipnotizada pela agressão russa”, e se negue a criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia.
“Ouvimos argumentos, dizendo que a Terceira Guerra Mundial poderia começar, se a Otan fechasse seu espaço para os aviões russos. Por isso não se criou uma zona aérea humanitária sobre a Ucrânia. Por isso os russos podem bombardear cidades, hospitais e escolas”, acusou.
Zelensky já havia dado declarações similares sobre a Otan, na semana passada, em entrevista à televisão americana ABC.
Demanda russa
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e, desde então, lança uma ampla ofensiva contra esta ex-república soviética.
O presidente russo, Vladimir Putin, alega que quer uma garantia de que a Ucrânia nunca entrará para a Otan. Criada para proteger a Europa da ameaça soviética no início da Guerra Fria, a aliança militar transatlântica foi sendo continuamente ampliada depois, até chegar às portas da Rússia.
Desde o fim da União Soviética (URSS), em 1991, a aliança incorporou 13 países da região aos seus membros, entre eles as ex-repúblicas soviéticas Estônia, Lituânia e Letônia.
A Ucrânia é atualmente um “país-associado” à Otan, o que significa que pode se unir à organização no futuro. Para o Kremlin, a inclusão de seus vizinhos na aliança é uma tentativa dos americanos e das potências europeias de cercar seu território.
“Para os EUA e seus aliados, é a chamada política de detenção da Rússia, com óbvios dividendos políticos. E para nosso país, é uma questão de vida ou morte, é uma questão do nosso futuro histórico como povo. Não é exagero. É uma ameaça real não só aos nossos interesses, mas à própria existência do nosso Estado e sua soberania”, disse Putin ao anunciar a invasão em 24 de fevereiro.