Correio de Carajás

Área em litígio judicial tem manhã de confusão, bate-boca e polícia

O conjunto residencial Caju, que já pertenceu à antiga Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar), foi cenário de bate-boca, muita confusão e de ação da polícia na manhã desta terça-feira (8). Os moradores do local, ex-funcionários da indústria, têm se desentendido com representantes da empresa que comprou o terreno, a Weysfield & Mendes Ltda. Esta última decidiu, mesmo antes do final da disputa judicial, ocupar a parcela da área que não tem casas construídas, o que foi o estopim para a briga de hoje.

Na visão dos moradores, a existência de um litígio judicial ainda em andamento impede que a empresa se aposse da área, mesmo que seja de uma parte sem moradias. A parcela em questão também abriga a caixa de água que abastece as residências.

A Polícia Militar foi acionada para conter um alvoroço depois que, segundo moradores do residencial, localizado na Av. Sororó, Cidade Nova, dois operários não identificados e enviados pela Construtora Weysfield adentraram a área habitacional para a construção de uma cerca.

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Ao ser entrevistado, o 2º tenente da Polícia Militar Rosivaldo, do 34º Batalhão, contou que: “Um lado diz que está em processo judicial, o outro diz que não, outro diz que é da prefeitura. E diante desse impasse, dessa indecisão, e principalmente do abuso de autoridade, nós como defensores públicos não podemos deixar que isso gere um conflito de terra, principalmente sem mandato judicial, como era de costume acontecer antigamente”.

“Se dizendo proprietários, entrando pelo canto do terreno, cortando o arame de proteção, utilizando de violência, expondo crianças que aqui vivem e colocaram a cerca. Não pudemos fazer nada a não ser acionar nossa advogada e chamar a polícia,” conta Elias Marques, 50 anos, morador do Conjunto Caju.

De acordo com outro morador do Residencial, Arlindo de Moraes, 46 anos: “Quem sempre vem até o local é a COSIPAR, e os advogados agora utilizam de jogadas na área trabalhista sem pensar na propriedade ocupada por nós e as quinze famílias que aqui residem. A área cercada pela nova empresa contém o sistema de saneamento das casas, com dois poços, uma caixa d’agua e o poste de energia com transformador que abastece as 15 residências.”

“Eles chegaram com ar de intimidação, pegaram cacetetes e pedaços de pau para me agredirem, se dizendo policiais, o que não é de conhecimento porque não estavam fardados, e isso foi o que mais nos constrangeu, me expuseram ao ridículo. O processo está na justiça, eles precisam esperar a liminar e não chegar nos intimidando e falando que não tem nada a perder”, desabafa também Manoel Fernandes, 44 anos.

Em meio à confusão, o advogado Félix Marinho, que representa a construtora, foi chamado e diz que a área está em litígio judicial e que fora tomada posse apenas a área devoluta, que não está ocupada pelos legítimos proprietários do residencial. “Não viemos em momento algum para ferir preceitos, pra afrontar famílias, a cerca foi colocada apenas para manutenção da área que não está ocupada, somente a parte apossada pelos moradores está em litigio judicial, existe um pedido de servidão de passagem na justiça para adentrar, que é 70% da área, e nós temos liminar.”

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Quando procurada, a advogada representante dos habitantes do Conjunto Caju, Cláudia de Souza Vieira, não se manifestou sobre a confusão, nem por whatsapp e nem por telefonema. (Texto: Thays Araújo)

 

Reportagem atualizada no dia 09/03/2022, às 08h15.