A invasão da Ucrânia pela Rússia derrubou as bolsas da Ásia e da Europa nesta quinta-feira (24) e fez o preço do petróleo passar de US$ 100 pela primeira vez desde 2014, com o barril do tipo Brent atingindo US$ 105.
Outros ativos considerados refúgios seguros, como o ouro, o dólar e o iene japonês, se valorizaram num momento de tensão elevada nos mercados.
Bolsas em forte queda
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Por volta das 7h, o índice DAX da bolsa da Alemanha – a maior economia da Europa e muito dependente de insumos energéticos russos – caía 4,12%, recuando para o menor patamar desde março de 2021. As bolsas de Paris, Madrid e Londres tinham baixa em torno de 3%.
A Bolsa de Valores de Moscou chegou a suspender a operações após abrir com queda de mais de 10% e o o rublo caiu 7% em relação ao dólar e atingiu seu mínimo histórico, antes da intervenção do Banco Central russo.
A Bolsa de Tóquio encerrou a sessão de quinta-feira em baixa de 1,8%. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 2,03%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 3,21%. Já a bolsa de Sydney tombou 2,99%.
Nos EUA, os índices futuros tinham queda de mais de 2%, sinalizando um dia de perdas também em Wall Street. O futuro do Nasdaq 100 recuava 2,63%, a 13.151 pontos. Com esse desempenho, o Nasdaq ficava a caminho de cair 20% em relação a um pico recorde de novembro, a primeira distância dessa magnitude desde março de 2020, na ocasião da chegada da pandemia de Covid-19.
Na madrugada desta quinta, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o início de uma “operação militar” na Ucrânia. Kiev diz se tratar de uma “invasão de grande alcance”.
“Neste momento, é impossível apostar em qualquer cenário”, diz Ipek Ozkardeskaya, analista da empresa de investimentos SwissQuote, para quem este “é o pânico nos mercados”.
Petróleo
O preço de petróleo barril do tipo Brent, a referência do mercado, ultrapassou a barreira de US$ 100 pela primeira vez desde 2014. Por volta das 7h, o preço do barril de Brent subia 8,50%, a US$ 105,34. O petróleo WTI avançava 8,05%, a US$ 100,15.
A escalada militar eleva os temores sobre o abastecimento de produtos básicos chave, como petróleo, trigo e metais, em meio a uma demanda crescente na reabertura das economias, após os fechamentos provocados pela pandemia da Covid-19.
“O suprimento de petróleo da Rússia vai desaparecer do dia para a noite se sofrer sanções, e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não consegue produzir de forma rápida o suficiente para compensar”, diz o economista Howie Lee, da OCBC.
Desde o início do ano, o petróleo já tinha subido mais de US$ 20 por conta do temor de que a Europa e os Estados Unidos impusessem sanções no setor energético da Rússia e afetasse o suprimento global de energia.
Embora não tenha havido ainda imposição de sanções sobre esse setor, países ocidentais e o Japão impuseram novas sanções contra a Rússia na terça-feira (24) e prometeram ampliá-las caso Moscou invadisse a Ucrânia, o que acabou ocorrendo.
A disparada do petróleo coloca mais pressão sobre os preços dos combustíveis no Brasil. Desde 2016, a Petrobras passou a adotar para suas refinarias uma política de preços que se orienta pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio.