Rios de Encontro, o projeto eco-cultural e socioeducativo enraizado na comunidade Cabelo Seco, encerrou a terceira semana do V Festival de Verão com o IV Festival de Pipa, no dia 26 julho, hoje, terça-feira (31), com a XV bicicletada pela vida ‘Quero Viver Bem’, e amanhã, quarta-feira (1º) com uma apresentação dos artistas de AfroRaiz na abertura de um encontro contra racismo na Unifesspa.
A terceira semana do festival se destacou com o minicurso de formação em teatro comunitário para as jovens artistas do AfroRaiz, ministrado pelo holandês Sem Jonkers da Universidade de Amsterdam. “Sem resgatou memórias pessoais de nossas jovens coordenadoras sobre a praça de Cabelo Seco”, disse Manoela Souza, coordenadora do Festival.
“Depois, criou uma roda de memória sobre o espetáculo de terror que o Exército Brasileiro montou na Praia de Tucunaré na época da Guerrilha de Araguaia, narrado pelo mestre de cultura, Zequinha Souza, quando tinha 18 anos de idade. Finalizou com as vozes da própria praia, imaginadas pelos jovens atores, e um ritual profundo de suas promessas de cuidar da vida da praia e do Rio Tocantins”.
Leia mais:Na quinta, dia 26, o Projeto realizou sua Festival de Pipa, com 180 participantes da comunidade, coordenado pelos artistas de AfroRaiz. “Um jovem de 15 anos me ensinou a criar uma pipa e uma adolescente de 12 anos, como a empinar”, disse Sem Jonkers.
“Mas é muito mais que cada um cuidando de sua pipa. O projeto transforma a cultura popular em pedagogia inovadora, com duplas ensinando e aprendendo juntos, cooperando e concentrando, sem supervisão. Lotou a Casa dos Rios! É evidente que as crianças e adolescentes adoram estar em ‘comunidade’. E o céu encheu com umas 120 pipas! Consciência ambiental sem palavras!”
A coordenação do festival e a do acampamento Hugo Chaves do MST adiarem a oficina de dança-percussão para famílias do MST quando receberam notícias da violência por pistoleiros. “Opomos toda violência, na busca de uma cultura de paz”, explicou Dan Baron, coordenador internacional do projeto. “Sem querer expor nossos jovens a tanto perigo, dedicamos nosso tempo a divulgar a violação de direitos humanos e da democratização da terra para nossos parceiros internacionais”.
Ontem, a Graduação de Artes Visuais intervalar recepcionou Sem Jonkers na Unifesspa, numa roda de 3 horas. “Além de conhecer a metodologia do como dar voz aos escravizados e calados na história negra e valorizar a memória para evitar a volta de fascismo no presente”, refletiu Isabela, “através das perguntas solidárias do Sem, nos nós enxergamos, como amazonidas sem memória histórica ou valorização de nossa riqueza. E Sem enxergou-se, através de nosso olhar idealizador sobre Europe. Ficamos impressionados que o desmatamento aqui vem contribuindo aos incêndios e enchentes atuais na Europa”. A bicicletada “Quero Viver Bem” aconteceu nesta manhã, com concentração às 7h30 no Cabelo Seco. Mais informações com Manoela Souza, no WhatsApp (91) 988478021.