Uma junção de irresponsabilidades pode ter causado a morte de Kellyanne Silva Rolim da Cunha, de 18 anos, que colidiu com a motocicleta que pilotava contra um caminhão caçamba estacionado em meio à Rodovia Faruk Salmen, entre as vilas Palmares I e II, na zona rural de Parauapebas. O acidente ocorreu na noite de quarta-feira (19).
Nesta quinta (21), o padrasto dela, Adaido Ribeiro Lima, conversou com o Correio de Carajás após circular boato de que o proprietário do caminhão – que ainda não se apresentou na 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil – estaria ameaçando familiares da jovem porque a caçamba foi incendiada logo após a morte dela.
Adaildo diz que nenhum familiar de Kellyanne tem envolvimento com o incêndio criminoso. “Isso não é da nossa índole, com certeza foram populares que se reuniram e fizeram isso ou mesmo uma pessoa de fora daqui, não posso acusar ninguém sem saber quem foi. Só posso dizer que não foi a nossa família, nós não fazemos isso”, defendeu-se.
Leia mais:Ele afirma, inclusive, querer saber quem é o proprietário do veículo para dialogar com essa pessoa. “Queremos saber por que não foi sinalizado, por que jogaram só mato como se fosse sinalização, já tinha acontecido dois acidentes e ontem uma vítima fatal, infelizmente”.
O padrasto confirmou, ainda, que a vítima pilotando a motocicleta estava sem capacete. “Todo mundo está muito triste e sem saber o que houve de fato. Infelizmente ela estava sem capacete e a caçamba estava mal sinalizada quando aconteceu esse acidente”, diz.
Outro problema, relatado por Adaido, é que o Departamento Municipal de Transporte e Trânsito (DMTT) estava ciente do caminhão ocupando a pista, mas não determinou ou executou a remoção. “A Polícia Civil indagou ontem por que a gente não acionou o DMTT, mas eu vi quando o DMTT passou aqui, pegou aqueles ferros que estavam de proteção e levou pra lá. O DMTT e Polícia Militar estavam cientes que a caçamba estava lá sem sinalização”, garante.
Mesma informação foi dada por Tiago Evangelista Sousa, morador da região e amigo da vítima. Conforme ele, as autoridades sabiam da situação e, inclusive, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada no domingo (16) quando um homem também se acidentou no local.
“É muito triste porque a gente vê essa situação dessa caçamba quebrada desde sexta-feira (14) e houve outros acidentes. No domingo à noite aconteceu de um senhor bater e quase quebrar a perna, ele saiu de Samu e a caçamba foi movimentada, mas foi colocada mais para frente, em vez de ser retirada da estrada. Agora chegou a acontecer essa tragédia com a nossa amiga, que a comunidade ama”, desabafa.
Tiago diz que população local está indignada e exige resposta das autoridades sobre quais providências serão tomadas sobre o assunto. “Não temos apoio nessa comunidade e vamos continuar sofrendo com isso enquanto não forem tomadas as providências. A gente precisa de resposta sobre esse assunto”, finaliza.
O corpo de Kellyanne está sendo velado na casa dos familiares na tarde desta quinta e o sepultamento está programado para ocorrer na manhã desta sexta (21).
O Portal procurou a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Parauapebas questionando se o DMTT havia sido acionado e abrindo espaço para explicações, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. (Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto)