O nível do Rio Tocantins alcançou 10,98 metros no início da manhã desta segunda-feira (3) e desde o final de semana a enchente já desabriga famílias na Marabá Pioneira. Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Marabá, procurada pelo Correio de Carajás, no final do dia de sábado (1º), quando o rio estava em 10,50 metros, 37 famílias haviam deixado suas casas.
Na ocasião, 26 haviam sido removidas para abrigos públicos construídos na Obra Kolping, na antiga Borges Informática, na Folha 31, na Rua 5 de Abril e na Praça Paulo Marabá. Outras 11 estavam abrigadas na casa de parentes, amigos ou em aluguel.
Nesta manhã a reportagem identificou que famílias estão construindo barracos por si só na Praça da Z-30. Elas reclamavam não terem sido disponibilizados caminhões para mudança dos utensílios àqueles que não seguem para os abrigos públicos.
Leia mais:Conforme Cleber Nunes, de 37 anos, a opção por um abrigo próprio se dá devido à distância entre as moradias e as construções públicas. Pai de quatro filhos, ele vive na Rua João Salame, próximo ao Campo Del Cobra, área já tomada pela água. “O abrigo municipal é muito longe para cuidar da nossa casa e lá é bagunçado”.
Para a construção do barraco ele removeu partes da casa tomada pela enchente, onde vive há 20 anos. “Todo ano passando por essa situação. Quando enche a gente só lamenta porque ele (rio) vem todo ano”.
Francisco das Chagas, que vive com a esposa e quatro filhos na Rua Nossa Senhora Aparecida, começou a construção do barraco já no dia 31, quando a água atingiu a casa da família. “Desmanchamos a área e fizemos aqui”, diz, afirmando não ter tido ajuda da Prefeitura.
Segundo ele, enquanto fazia a mudança com um carrinho de mão, a coordenação de Defesa Civil esteve no lugar e informou que a administração não esperava o aumento rápido do nível do rio antes da virada do ano. O Correio de Carajás, contudo, vinha alertando sobre a cheia ao longo da última semana.
Há seis anos morando no local, ele diz que a cada ano o rio sobe mais rápido. “Aí tem que ajeitar as coisas se não a gente perde o quase nada que a gente tem”.
Katia Rodrigues Lopes, de 50 anos, é moradora da Vila Canaã, conhecida como Vila do Rato. Conforme ela, desde a última semana as famílias perceberam o rio subindo e nesta segunda a água já atingiu as casas.
Ela deixou o local ao meio-dia de domingo (2), com auxílio da Defesa Civil, mudando-se para um abrigo. Katia avalia que neste ano o abrigo, na Rua 5 de Abril, é melhor que o fornecido no ano anterior.
A Defesa Civil segue cadastrando moradores de áreas de risco no prédio do órgão. O Portal continua rodando por Marabá para verificar outras áreas de risco e atualiza as informações ao longo do dia. (Luciana Marschall e Ana Mangas)