O último mês de 2021 começou com temporais e fortes ventos em Marabá e região. No último final de semana – 24 e 25 de dezembro – a chuva causou destruição em vários pontos da cidade, alagando ruas, destelhando casas e arrancando árvores.
Segundo o Instituto de Meteorologia (Inmet), o volume de chuva esperado para o mês de dezembro era de 290 milímetros. Com a mudança climática, os números aumentaram consideravelmente, marcando no dia 27 de dezembro de 2021, um volume de chuva de 396 milímetros.
Na última segunda-feira (27) o Inmet divulgou um boletim sobre a situação meteorológica no país e alertou, em especial, a região sudeste do Pará, sobre as fortes chuvas.
Leia mais:O Portal Correio de Carajás esteve na régua fluviométrica, na manhã desta terça-feira (28), e constatou a marca de 9,02 metros no nível do Rio Tocantins. No final da tarde de segunda-feira, a marcação registrava 8,69 metros; ou seja, foram mais de 30 centímetros em cerca de 14 horas.
De acordo com os dados anotados pela equipe da Seção Fluvial do 52º Batalhão de Infantaria de Selva, o nível do Rio Tocantins, em Marabá, no dia 1º de dezembro de 2021, apontava 4,71 metros, subindo cerca de 4 metros em menos de um mês.
No mesmo período do ano passado, o Rio Tocantins registrava 4,50 metros, 4,40 metros a menos que está hoje.
A coordenação da Defesa Civil de Marabá chama a atenção para o volume de chuva. Durante o mês de dezembro, dois dias registraram o maior volume de chuva. Em 8 de dezembro de 2021, foram registrados 88 mm, e no dia 25 de dezembro de 2021, o número chegou a 55 mm.
Rosimeire Alves, coordenadora interina do órgão, afirma que a Defesa Civil já está trabalhando antecipadamente, na busca de locais para abrigos e enviando ofícios aos parceiros da Prefeitura Municipal de Marabá.
“Antes mesmo de famílias serem desabrigadas já trabalhamos na organização. Fazemos o acompanhamento diário do nível do rio, e a previsão para este ano é que haja uma grande cheia”, afirma Rosimeire.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), até o dia 4 de janeiro de 2022, a probabilidade é de muita chuva na região.
BOLETIM DE VAZÕES
A cheia chegou tão repentina este ano, que até a Eletronorte começou mais cedo a sua divulgação diária do Boletim Informativo de Vazões e Níveis do Rio Tocantins. O primeiro saiu nesta terça-feira (28), assinado pelo serviço de utilidade pública feito pela Superintendência de Produção da Geração Hidráulica da Eletronorte. Ele serve para orientar as comunidades sobre a situação hidrológica e os níveis do Rio Tocantins em Tucuruí e Marabá, tidos como parâmetros quanto ao nível da vazão de água que está chegando ao reservatório, a chamada vazão afluente.
O relatório diário dos níveis de vazão ajuda as equipes das Comissões Municipais de Defesa Civil a atuarem de forma preventiva no remanejamento de famílias que podem ser atingidas caso ocorra enchente.
O Boletim aponta a vazão defluente, que é o nível de água que está saindo da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, sempre prevendo a oscilação dos níveis nas cidades para os próximos três dias.
Nesta terça-feira-feira (28) o nível do Rio Tocantins nas cidades de Tucuruí e Marabá atingiram, respectivamente, 4,48 metros e 8,94 metros. A previsão é de que o nível do Rio Tocantins ultrapasse seu nível crítico, que é de 10 metros, até o dia 31/12, quando deve chegar à cota de 10,30 metros.
Em Tucuruí, o nível deve chegar à cota de 5,61, o que descarta por enquanto a abertura do vertedouro da Usina Hidrelétrica.
Todos os anos, a Eletronorte disponibiliza os boletins para consulta pública e que servem como parâmetro para que a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Pará e as Comissões Municipais de Defesa Civil possam prever, ou não, enchentes nos municípios a montante e a jusante da barragem de Tucuruí.
Assim, os órgãos podem agir com mais eficácia nas ações de prevenção e remoção das famílias vulneráveis à cheia do Rio Tocantins.
COMPORTAS DA BARRAGEM
O nível do rio na cidade de Tucuruí pode sofrer variações no decorrer do dia, em função de alteração na programação de geração da UHE Tucuruí, de responsabilidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro (ONS).
A empresa não divulgou se há previsão da abertura do vertedouro da usina para dar vazão à água do Rio Tocantins e estabilizar o nível do lago. A manobra anual é necessária para evitar que as águas ultrapassem a cota máxima do dique da barragem, que é de 74 metros. (Ana Mangas e Patrick Roberto)