Em virtude da insuficiência de médicos e de uma enxurrada de reclamações dos usuários que buscam atendimento no Hospital Materno Infantil de Marabá, o prefeito Tião Miranda convocou, por meio do decreto nº 262, assinado em 8 de dezembro de 2021, todos os médicos efetivos especialistas em ginecologia/obstetrícia da rede pública municipal para cumprimento de carga horária no HMI pelo período de 45 dias.
De acordo com o documento, a decisão foi tomada considerando a situação emergencial em virtude da insuficiência de médicos na casa de saúde. Atualmente, o HMI é responsável por atender mais de 20 municípios da região, realizando uma média de 600 atendimentos mensalmente.
O prazo de 45 dias pode ser prorrogado pelo mesmo período, ou perdurar enquanto a situação emergencial exigir. Os servidores que não atenderem ao decreto estarão sujeitos a penalidades.
A Prefeitura Municipal de Marabá iniciou um novo processo de credenciamento para a prestação de serviços especializados. Contudo, nenhuma empresa cumpriu os critérios mínimos para contratação.
Segundo informações, a administração pública vai realizar um novo chamamento público visando à contratação de empresa. Enquanto isso, os médicos da rede municipal devem realizar os atendimentos no HMI, que não pode ficar sem assistência, já que é considerado um hospital especializado no atendimento ginecológico e obstétrico.
SAIBA MAIS
Durante a sessão ordinária da última terça-feira, dia 7 de dezembro, os vereadores receberam uma comissão de servidores da Secretaria Municipal de Saúde, liderada pelo secretário Valmir Moura. A participação da equipe foi proposta pela Mesa Diretora da Câmara, diante das reclamações de vários vereadores nas últimas sessões.
O presidente, Pedro Corrêa, coordenou a sessão e convidou o secretário Valmir Moura para apresentar o panorama atual da Secretaria de Saúde e os dilemas que ela vem enfrentando em alguns segmentos.
O secretário de Saúde começou falando sobre a quarta onda ou novo pico de casos de covid-19 em Marabá, que acabou elevando o número de pessoas infectadas e internadas no Hospital Municipal. “Com a vacinação, foram reduzindo os casos e os leitos voltaram para os pacientes na rotina do HMM. Por isso, voltamos a ter 26 leitos, sendo 10 de UTI e 16 clínicos. Semanas atrás, chegamos a imaginar que em 2022 iríamos começar de outra forma, mas nesta segunda-feira, 7, o Comitê Municipal de Monitoramento de Covid-19 se reuniu e não imaginávamos que teríamos nova reunião desse Comitê de Crise, mas fomos obrigados”.
Dos 26 leitos, segundo explicou Valmir, houve cerca de 80% a 90% de ocupação, enquanto a UTI estava sempre mais cheia. “A vacinação tem surtido bastante efeito. Mas lamento que na hora de tomar a segunda dose, a população deixou de ir atrás dos imunizantes. Esse fato tem preocupado porque a procura está sendo baixíssima até agora”, advertiu.
Ainda segundo o secretário, com a nova onda de covid-19, nesta segunda-feira foi necessário abrir mais 8 leitos de UCE, ampliando para 38 leitos no Hospital Municipal. “Mas é bom explicar que quanto mais leitos de covid-19 a gente abrir, menos teremos espaço para outras demandas no hospital”, adverte.
Ele também pediu mais apoio do governo do Estado para tratamento aos casos de covid-19, uma vez que Marabá é um dos dois municípios do Pará que mais apresentaram crescimento de pacientes com a doença nesta quarta onda, ao lado de Castanhal. “Somos cidade polo e recebemos pacientes de vários municípios da região, que ajudam a lotar o nosso hospital”, relembra.
Por outro lado, Valmir Moura disse que a gestão municipal não está parada em relação ao atendimento médico no Hospital Municipal e Materno Infantil. “Fizemos processo seletivo para oferecer mais profissionais ao HMI e unidades básicas de saúde. Convocamos 21 médicos a mais. Mas só conseguimos efetivar oito. Desses, três já foram embora de Marabá”, lamenta.
A Secretaria Municipal de Saúde procurou resolver essa carência com credenciamento de empresa que presta serviço médico hospitalar. Lançou edital e quatro empresas se apresentaram. Duas delas atuaram no HMM, mas não conseguiram fechar a escala do Materno Infantil e a SMS precisou realizar o descredenciamento. “Chamamos as duas próximas. Uma delas tinha, até ontem, tempo para apresentar documentação e escala fechada. Aguardamos até 18 horas, atingimos o limite e não houve sucesso. A partir de hoje, vamos iniciar novo processo de credenciamento, com alguns ajustes”, destacou.
Segundo ele, as empresas não conseguiram fechar a escala por causa do serviço de radiologia, que tem poucos profissionais para a área. Agora, tiraram a radiologia e espera que dê certo.
Após a apresentação do secretário, os vereadores fizeram vários questionamentos e pontuaram problemas que identificaram nos dois hospitais e nas unidades básicas de saúde. “Não falta vontade da SMS ou do prefeito. Estamos correndo para fazer o máximo, mas o profissional médico está difícil. Se eu tiver médico para contratar, faço contrato sem processo seletivo, apenas para resolver o problema. A situação é emergencial, mas não conseguimos médico. Tem sido uma situação difícil para todos: SMS, pacientes e seus familiares”.
Devido aos questionamentos dos vereadores, o secretário propôs à Câmara que uma equipe da SMS participará de reunião com a Comissão de Saúde do Poder Legislativo a cada 15 dias para ouvir sugestões e demandas apresentadas pelos parlamentares, com a finalidade de melhorar a prestação de serviços à comunidade. (Ana Mangas e Ulisses Pompeu)
PMM convoca todos os ginecologistas efetivos do município para trabalhar no HMI
SMS se comprometeu a dialogar com vereadores sobre dilemas na saúde a cada 15 dias