Correio de Carajás

Reintegração de posse gera conflitos e acusações

Fábio de Santos Bezerra, o “Fabinho dos Sem Teto”, é acusado de vender lotes alheios

Durante a manhã desta quinta-feira (2), uma reintegração de posse foi realizada no morro Céu Azul, próximo ao bairro Jardim Canadá, em Parauapebas. A ação foi motivada por uma decisão do juiz Lauro Fontes, da Vara da Fazenda Pública e Execuções Fiscais da Comarca do município. Oito barracos foram desocupados na localidade, enquanto moradores acusaram Fábio de Santos Bezerra, o “Fabinho dos Sem Teto” de vender lotes pertencentes a outrem.

Fabinho do Sem Teto conversa com major Pinheiro, do GTO (Imagem: Ronaldo Modesto)

Um dos moradores, que se identificou apenas como José, diz que Fabinho vendeu lotes por valores entre R$ 800 e R$ 3 mil. “Inclusive fui um dos que comprei, só que não foi aqui nessa área. Foi na hora da área de cima. Mas como eu falei anteriormente, do jeito que esse povo está sendo despejado, nós estamos correndo risco do mesmo jeito de ser. Porque essa área ali é da prefeitura” diz José.

Formou-se uma confusão no local sobre quem seria o dono do loteamento: o poder público ou a iniciativa privada. O major Pinheiro, do Grupo Tático Operacional (GTO) de Marabá, que esteve no local prestando apoio à força policial de Parauapebas na ação, esclareceu que a área pertence, de fato, a uma loteadora. Uma guarnição de 89 agentes militares esteve presente no local para fazer a retirada dos moradores dos oito barracos.

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Barracos pertencentes a famílias despejadas vão sendo desmontados (Imagem: Ronaldo Modesto)

Fabinho, por sua vez, rechaçou as acusações de ter vendido lotes pelos quais que não lhe cabia o poder de decisão, declarando que “a gente que representa o povo sempre tem o lado contra, querendo tomar posição e tomar frente da situação”. Ele ainda se colocou como representante dos moradores do Céu Azul, dizendo que uma advogada está defendendo o grupo juridicamente desde a expedição da reintegração de posse, na última sexta-feira (27).

Fábio se colocou ao lado do governo Darci Lermen (MDB), afirmando que “vamos sentar com ele e falar das necessidades das oito famílias desabrigadas”. Ele alega que o poder público teria o interesse de adquirir o terreno da loteadora, e que já está “em contato com companheiros no poder público para alocar as famílias”.

Móveis ficam a céu aberto durante reintegração de posse no morro Céu Azul (Imagem: Ronaldo Modesto)

O dito representante das famílias também apresentará em sua defesa jurídica a Lei Federal 14.216, de 7 de outubro de 2021, que suspende o cumprimento de medidas judiciais de reintegração de posse e outros mecanismos de mesma natureza até 31 de dezembro de 2021, por conta da crise do coronavírus. (Juliano Corrêa – com informações de Ronaldo Modesto)