Correio de Carajás

Samaritano pode pegar 30 anos de prisão por feminicídio

Preso desde o dia do crime, o agente público foi condenado no início da semana por corrupção no DETRAN, e ainda vai enfrentar julgamento pelo feminicídio

Depois de ter sido condenado a 14 anos de prisão por corrupção, o agente do Detran em Parauapebas, Diógenes Samaritano, pode pegar mais 30 anos de cadeia pelo crime de feminicídio. O agente é acusado de assassinar a mulher dele, Dayse Diana Lemos, que foi jogada do primeiro andar da casa onde moravam, lá mesmo em Parauapebas, no dia 31 de março de 2019. Samaritano está cada dia mais perto de enfrentar o Júri Popular.

Esta semana, a mãe de Dayse, Wilma Lemos, e o advogado da família, que atua como assistente de acusação no caso, explicaram ao CORREIO, com exclusividade, em que pé está o processo.

“A Justiça, alguns dias atrás, pronunciou o Diógenes, por entender que existem indícios de autoria e materialidade delitiva no tocante ao crime de feminicídio com as suas qualificadoras e submeteu o acusado a uma plenária de júri. Porém a defesa do acusado já interpôs um recurso, o qual o Ministério Público já contrarrazoou. Inclusive, eu, na condição de assistente de acusação, já contrarrazoei e estamos aguardando agora o processo ser autuado e ser submetido a uma apreciação por parte do Tribunal de Justiça, em Belém”, explicou Ricardo Moura.

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Diógenes Samaritano ainda pode pegar 30 anos de cadeia pela morte de sua esposa/ Foto: Divulgação

Ainda de acordo com o advogado, a defesa do acusado pediu que o julgamento seja feito em Belém e não em Parauapebas, mas a acusação fará de tudo para que isso não ocorra. “Não há nenhum indício no processo, nem na fase do inquérito, que durante toda a marcha processual o acusado Diógenes sofreu algum tipo de risco a sua integridade física. Pelo contrário, a instrução aconteceu dentro da sua normalidade, dentro da sua segurança jurídica. Não já indícios que justifiquem essa mudança”, argumenta.

“Minha dor foi transformada em luta”

Wilma Lemos, que é mãe de Dayse Daiana e também é advogada, tem acompanhado de perto todo o processo. Ela diz que esse período tem sido de muita dor, mas também de luta. “Eu quero dizer que a minha dor foi transformada em luta, para que outras mulheres não venham a sofrer o que a minha filha sofreu”, desabafou Wilma Lemos.

Aos prantos, Wilma diz que não se conforma com o fato de que sua filha queria construir um lar junto com o marido e o filho deles e, mesmo já tendo sofrido agressões anteriores, continuou vivendo com Diógenes. “Ele tirou a condição da minha filha de estar viva, de poder cuidar do filho dela, com carinho, com amor, e ela só voltou para o convívio dele por causa do filho e agora ela está morta”, lamenta.

Dayse Daiana foi jogada do primeiro andar de sua casa: feminicídio/ Foto: Divulgação

SAIBA MAIS

Segundo consta nos autos, Dayse foi espancada e jogada do primeiro andar da casa onde morava com o acusado. Na época, ele alegou que ela tinha caído, mas a perícia do Instituto Médico Legal (IML) identificou hematomas que não condiziam com a queda. Daí em diante, vieram à tona outros indícios de crime na residência e foi desvelado também o histórico de violência doméstica por parte de Diógenes Samaritano.