A família Tinelli, por meio do advogado Thiellis Tinelli, enviou uma nota ao CORREIO sobre a situação da fazenda localizada em Nova Ipixuna, que foi alvo de tiroteio ocorrido no início do mês. Na verdade, a denúncia do tiroteio chegou à Imprensa por meio dos camponeses que estão acampados na área aguardando criação de assentamento.
De acordo com a nota, a Fazenda Tinelli foi adquirida 30 de outubro de 1980, através de escritura de compra e venda, e o imóvel está registrado no cartório de registro de imóveis de Marabá.
Se anos mais tarde, o GETAT (órgão que antecedeu o Incra) e o fazendeiro Abílio Tinelli entabularam acordo que dividiu a propriedade em 3 mil ha loteados pelo GETAT; 322,9822 ha foram titulados em nome de Carlos Abílio Tinelli; 1.634,1265 ha seriam titulados em nome de Abílio Tinelli. Em 7 de agosto de 1989 foi expedida declaração pelo Incra, cujos serviços topográficos aprovados e homologados do imóvel cadastrado no Incra estava em tramitação para a expedição de Título Definitivo.
Leia mais:Ocorre que pela demora na titulação da fazenda, em 2002 foi criado o Acampamento São Vinícius, onde os sem-terra sustentam seu direito de posse. “Fato é que o projeto, apesar de ter sido feito, nunca foi concretizado, pois era eivado de vícios, dentre eles, vistoria, comunicação dos residentes da fazenda (vista que havia processo de titulação desde 1987), entre muitos outros”, diz a nota.
Ainda conforme o documento, em 20 de outubro de 2014, o Incra cancelou o projeto. Mas, no mesmo ano, os sem-terra, através do FETRAF e líderes de movimentos semelhantes ocuparam a Fazenda Tinelli. De imediato, o advogado Thiellis Tinelli ingressou com pedido de reintegração de posse, sendo deferida liminar em 12 de setembro de 2016.
Antes disso, em declaração datada de 21 de janeiro 2016, o INCRA expede nova declaração que há comprovação documental para regularização fundiária da Fazenda Tinelli, contudo, não poderia ser titulada em razão de existir esbulho possessório.
“Não satisfeitos, em 2019 os invasores adentraram na Fazenda Dois Corações, que é parte anexa à Fazenda Tinelli, terra que possui título definitivo”. Novamente o advogado da fazenda entrou com processo e teve deferida a reintegração de posse em 2020, cuja intimação dos sem-terra ocorreu em 21 de outubro deste ano.
Ainda de acordo com a nota, nove dias depois (30 do mês passado), os camponeses, em retaliação, foram à sede da Fazenda Tinelli e crivaram a sede com tiros. “Por sorte, as três pessoas que estavam no interior da casa não foram baleadas. Foi lavrado Boletim de Ocorrência contra a tentativa de homicídio a as investigações estão em curso”, declara o documento.
“Após sofrerem a tentativa de homicídio, as reais vítimas, ou seja, as pessoas que estava na residência foram às redes sociais pedir o clamor popular, e ficaram surpreendidos com as mensagens de apoio.
O documento diz que, apesar do que chegou a ser divulgado em alguns meios, não houve homicídios, lesões corporais ou afins, houve somente pedido de retirada dos sem-terra, que no mesmo dia saíram.
Fato é que a Fazenda está em processo de titulação há mais de três décadas, e todo o transtorno se dá ao fato de a fazenda ainda não ter sido titulada. “Tudo o que se busca é a titulação de um imóvel cujo único objetivo é a agricultura e pecuária, onde há anos já deveria ter sido titulada”, finaliza. (Da Redação)