Representantes do Grupo de Apoio aos Fibromiálgicos Marabá e Pacientes Reumáticos do Sul e Sudeste do Pará estiveram na sessão desta quarta-feira, 3 de novembro, para explicar sobre as dificuldades e desafios enfrentados por pessoas que sofrem com fibromialgia e lúpus, duas doenças reumatológicas.
A médica Aline Cardozo, especialista em reumáticos, iniciou falando do Lupus, doença reumática inflamatória crônica autoimune que pode causar danos irreparáveis aos pacientes com esta condição e que afeta, principalmente, mulheres. Ela explicou que a doença pode se tornar ativa, até mesmo nos rins, através de fatores como a exposição solar. “Vivemos em uma região ensolarada e quente, o que aumenta ainda mais a chance de atividade da doença. As principais causas de mortalidade por Lúpus no Brasil são falência renal e infecções”, contou.
Aline detalhou que em Marabá, atualmente, há 175 pessoas com lúpus cadastradas, sem contar os que residem em outros municípios da região e os sem diagnóstico. “O tratamento da Nefrite Lúpica consiste em duas fases: indução e manutenção”.
Leia mais:Por fim, ela solicitou ao município melhorias para o atendimento dos pacientes fibromiálgicos e pediu fornecimento de protetor solar ( fator de no mínimo 30 fps), compra da capela de fluxo para ciclofosfamida (compra a ser realizada uma única vez), aquisição da ciclofosfamida, apresentação endovenosa (ciclofosfamida ampola 1g e ampola 200 mg; manipulação da medicação por farmacêutico do HMM; aplicação da medicação 1 vez ao mês por 6 meses (infusão dura 2 h) sob supervisão da clínica médica e orientação do reumatologista assistente via relatório, se possível em leito de isolamento no HMM.
Sobre a fibromialgia, salientou que a doença também é uma condição reumática, caracterizada por dor em todo corpo, muitas vezes incapacitante, associado à fadiga, sono não reparador e sintomas cognitivos, e estima-se que sua prevalência no Brasil seja de 2,5%. “Em Marabá, temos 132 pessoas no grupo da associação de pacientes fibromialgicos. Mas, sabemos que a prevalência é muito maior devido ao não diagnóstico precoce”, salienta ela.
A médica apresentou, em seguida, algumas propostas para melhorar o atendimento dos pacientes, como a criação do Programa de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Programa de Psicoterapia cognitivo comportamental, Programa Nutricional e de exercícios físicos ministrados por profissional.
Ainda contribuiu com o debate Caroline Temblay, que pediu que a legislação que prevê tratamento diferenciado aos pacientes fibromiálgicos seja respeitada, com a promoção e realização de palestras, debates e seminários sobre a questão, atendimento diferenciado aos portadores de fibromialgia nas filas e estacionar nas vagas já destinadas aos deficientes. Além da produção de carteirinha de identificação, mediante laudo, e divulgação para aceitação do documento nos estabelecimentos públicos e privados.
A vereadora Cristina Mutran disse que antes da pandemia ela mantinha um trabalho junto ao grupo Garpa e revelou que teria uma reunião com o vice-prefeito, Luciano Dias, para discutir avanço em algumas pautas para melhoria no tratamento dos pacientes com as duas doenças. “Todos os vereadores, tenho certeza, estarão juntos. Esse grupo de pacientes está desassistidos pelo município e pelo Estado. A doença é mais presente no sexo feminino, tanto os pacientes do lúpus quanto da fibromialgia. No medicamento dispensado, a receita deve ser carimbada pelo reumatologista, e não temos esse profissional no município”, lamentou.
Ray Athie salientou que tratou do assunto com a gestão municipal para verificar as carteirinhas, as placas e a contratação do médico. “Liguei para o vice-prefeito e marquei uma reunião para debatermos este assunto”.
Márcio do São Félix opinou ser preciso a retaguarda do poder público, tanto do Estado, quanto do município. “Elaboramos projetos de lei, anteprojetos, requerimentos, emendas parlamentares, mas para se tornar prático, é um imbróglio grande. “A burocracia do sistema faz com que as coisas não aconteçam”.
Em tom de indignação, Ilker Moraes disse que tudo que foi exposto, de certa forma, é simples de ser resolvido. Ele avaliou que a aquisição de um equipamento para tratamento, que custa 35 mil reais, entre outras demandas, são questões possíveis para um município com a condição financeira de Marabá. “Chega a nos revoltar isso. Não vemos avançar nada”, lamentou.