Rios de Encontro, o projeto eco-cultural e socioeducativo enraizado na comunidade Cabelo Seco, lançou ontem, domingo (15), a segunda semana do Festival de Verão que terá um minicurso internacional de teatro comunitário (de 16 a 18 de julho), apresentações do AfroRaiz na comunidade Bela Vista e abertura do 1º Ciclo de Debates da Saúde Coletiva, além de ação cultural no Residencial Itacaiunas em Cabelo Seco, no dia 19 de julho.
A primeira semana do festival começou com a participação do projeto na Feira dos Povos do Campo da Unifesspa, com apresentações de danças Afro e exposição de mudas de plantas medicinais. “A feira de orgânicos é muito importante para Marabá, com alimentos saudáveis”, disse a coordenadora do Festival, Manoela Souza. “Nossas mudas foram bem-vindas pela comunidade, em particular neste momento de luta contra a mudança das leias de uso de agrotóxicos no Brasil. Vamos voltar todo mês”, acrescentou.
Na mesma noite, Rios de Encontro lançou a feira ambulante nas ruas do bairro Cabelo Seco, com as coordenadoras Elisa Neves e Évany Valente, do microprojeto “Sallus: o corpo feminino como território de luta pelo bem viver – hortas medicinais comunitárias”, apoiado pelo Fundo Elas do Instituto Avon.
Leia mais:Os artistas do AfroRaiz distribuíram mudas de Boldo, Sete Dores, Babosa, Pariri, Folha Santa, Cidreira, Castanha da Índia, Meracilina, Manjericão, Alfavaca e Malva do Reino. “Fiquei feliz com nossa primeira experiência da feira”, disse Elisa, de 21 anos. “Inventamos uma metodologia. Andamos com nossa bicirádio solar com mudas, paramos na rua, e depois de um diálogo na porta das casas as moradoras chegaram para curtir o brinde de saúde”.
“Alcançamos quase cem casas” acrescentou Évany, de 19 anos, “valorizando saberes tradicionais e criticando remédios químicos que geram outras doentes! O povo aprovou”. Os jovens artistas ministraram minicursos de percussão, dança Afro e de audiovisual durante quatro dias para jovens da comunidade e da Unifesspa, além de abrirem a biblioteca Folhas da Vida.
“Participei nos minicursos”, disse Sem Jonkers, artista que vive na Holanda em passagem por Marabá. “Admiro muito a excelência artística e pedagógica das oficineiras! Aprendi tocar dois ritmos no tambor e dançar quatro coreografias de Guiné Bissau! Mas fiquei impressionado com a humanidade, preparação e autoconfiança de AfroRaiz, e com a paciência na criação de um filme pelo Rabetas Vídeos. Não temos algo parecido na Holanda!”
Sem Jonkers aproveitou o festival para também preparar um minicurso de Teatro Comunitário. Acompanhou Katrine Neves, de 17 anos, coordenadora da biblioteca comunitária, numa entrevista na Rádio FM 92. “Na rádio, ele falou quanto sua visita à hidrelétrica de Belo Monte o preocupou,” disse Katrine, acrescentando que ele também visitou o Comandante Roosevelt da Polícia Militar, que se manifestou contra os efeitos sociais e ambientais violentos na região. “Sem tem coragem!”
Dan Baron, coordenador do Rios de Encontro, levou de barco o jovem Holandês aos Rios Itacaiunas, Tocantins e Araguaia, acompanhado do músico Zequinha Sousa, co-fundador do projeto. “Optou em conhecer Amazônia”, disse Dan, “em vez de Rio de Janeiro ou Florianópolis, e vem adaptando sua prática teatral, a partir de sua convivência aqui. Percebeu quanto o Brasil, não somente as superpotências, desvaloriza e recoloniza Amazônia, que determina a vida do mundo. Já alertou sua universidade”.
O festival realizará uma bicicletada no próximo dia 25, a festa de pipa no dia 26 e Festa de 10 Anos em 02 de Agosto. Mais informações com Manoela Souza, no número (91) 98847-8021 (WhatsApp). (Divulgação)