O Dia Nacional da Prevenção da Obesidade é 11 de Outubro. Além do público de jovens e adultos acometidos pela doença, crianças inspiram cuidados, principalmente devido à reclusão no ambiente residencial em função da pandemia de Covid-19 e restrição de aulas presenciais, que reduziram a mobilidade e realização de atividades físicas.
A predisposição genética é outro fator importante, por isso o cultivo de bons hábitos alimentares precisa ser observado. “Da mesma forma que no adulto, a obesidade em crianças está associada ao maior risco de desenvolvimento de outras doenças ou condições perigosas para a saúde, como resistência insulínica, pré-diabetes ou diabetes, altas taxas de colesterol e triglicérides e pressão alta, além de consequências emocionais e psicológicas”, destaca Flávia Cunha, endocrinologista do Hospital Jean Bitar, em Belém, unidade que integra a rede estadual de hospitais públicos.
A médica diz que a melhor forma de prevenção é a educação nutricional, aliada à psicoeducação das crianças e da família. Sobre alimentação, um dos fatores agravantes, o Ministério da Saúde (MS) alerta que, ao invés de as crianças estarem consumindo alimentos saudáveis, como frutas e verduras, elas estão sendo expostas muito cedo aos alimentos ultraprocessados.
Leia mais:Primeiros anos – De acordo com a nutricionista Thatyelle Pantoja, responsável Técnica pelo Serviço de Nutrição e Dietética (SND) do HJB, a alimentação tem papel fundamental em todas as etapas da vida, principalmente nos primeiros anos de vida, uma vez que é na infância que os hábitos saudáveis são formados.
“A obesidade Infantil está diretamente associada à alimentação inadequada. O desafio é incentivar o acesso à alimentação saudável com mais arroz e feijão, frutas e verduras; substituir ou evitar alimentos ultraprocessados. como achocolatados, refrigerantes e biscoitos recheados, entre outros. Incentivar a prática de atividades físicas com brincadeiras de criança, como andar de bicicleta, pula-pula, amarelinha, correr ao ar livre, tentando ocupar o máximo do tempo. para que não desperdicem em frente à TV, ao celular e videogame. São condutas que auxiliam no equilíbrio entre ganho e perda de calorias, e devem ser fortalecidas com o apoio dos pais”, aconselha a nutricionista.
Mesmo que a doença também tenha como causa a predisposição genética, a endocrinologista Flávia Cunha ressalta que isso é apenas um dos fatores contribuintes para a obesidade infantil. Na maioria dos casos, não é o único fator determinante. “Um paciente geneticamente predisposto só desenvolverá obesidade se estiver inserido em um ambiente obesogênico, ou seja, se estiver cronicamente exposto a alimentos hipercalóricos e pouco nutritivos. Por isso, é preciso muito trabalho educacional para ensinar essas crianças sobre a melhor forma de se alimentar, sobre perceber suas sensações de fome e saciedade, saber trabalhar suas emoções e sobre a importância do exercício físico regular”, reforça a médica.
A especialista sugere que o acompanhamento do peso, estatura e Índice de Massa Corporal (IMC) da criança, seja iniciado desde o nascimento, até os 18 anos, quando a pessoa já é considerada adulta.
Diagnóstico – Segundo ela, a avaliação da obesidade infantil é feita cm o uso de gráficos, que permitem analisar a situação do peso em relação à altura. Dessa forma, quando o peso é elevado para a altura, a criança tem o diagnóstico de excesso de peso (sobrepeso ou obesidade). Tratamentos são indicados, mas a mudança de estilo de vida é o melhor, afirma a médica, com a adoção de novos hábitos alimentares, associada a exercício físico. Flávia Cunha informa ainda que, em casos raros, há necessidade de uso de medicamentos, que são autorizados apenas para crianças com idade a partir de 12 anos.
O tratamento da doença é feito pelo endocrinologista, com o poio de outros profissionais da área, como nutricionista, psicólogo, educador físico e pediatra. “Embora a obesidade infantil seja uma doença crônica, o tratamento garante uma boa qualidade de vida à criança. Mas é muito importante que a família esteja disposta a se engajar em todas as etapas”, enfatiza a especialista.
Prevenção – Como em saúde é sempre melhor prevenir do que tratar, a médica Flávia Cunha ressalta que é essencial disciplinar as crianças com horários das refeições, e também estimular a consumir alimentos saudáveis, a ter rotina de sono de qualidade e a praticar exercícios físicos.
“É importante que sejam estabelecidos horários para refeições principais, como café, almoço e jantar, e para lanches da manhã e da tarde. As crianças também precisam de estímulos para manter hábitos alimentares saudáveis. Por isso, os pais precisam oferecer alimentos mais nutritivos de forma lúdica, para que possam conhecer, se interessar e passem a gostar desse tipo de alimentação mais natural e menos processada”, orienta.
Além disso, é necessário limitar a ingestão de alimentos ultraprocessados, como sucos em caixas, achocolatados, refrigerantes, biscoito recheado e macarrão instantâneo. “Estabelecer uma rotina de exercícios para estimular o bem-estar físico e mental, e aumentar o nível de percepção corporal, desenvolvendo o autocuidado; definir uma rotina de sono suficiente para o descanso adequado; evitar excesso de televisão, celulares e computadores, e estar atento aos sentimentos da criança, dando apoio, suporte e orientação, são indispensáveis na prevenção da obesidade infantil”, reforça a endocrinologista Flávia Cunha.
(Agência Pará)