Correio de Carajás

Homem que matou companheira estrangulada vai a júri nesta sexta, 1º

Carmen Silva, mãe da vítima, não aceita menos do que pena máxima para Antônio Nascimento, acusado de assassinato

Passaram-se dois anos desde o assassinato de Jaqueline Santana da Silva, ocorrido em 12 de agosto de 2019, no Bairro Vale do Sol, em Parauapebas. Antônio de Souza Nascimento, ex-companheiro da vítima, que hoje teria 26 anos, será julgado nos próximos dias pelo homicídio. Enquanto isso, Carmen Silva, mãe jovem, não deseja nada além de que a justiça seja feita.

Antônio Nascimento vai a julgamento popular nesta sexta-feira (1) (Imagem: Divulgação)

Carmen foi entrevistada por uma equipe do Grupo Correio nesta quarta-feira (29), após entrar em contato com a redação. Ela justificou a solicitação afirmando que não quer que o caso caia em esquecimento, uma vez que há audiência com júri popular marcada para esta sexta-feira (1º de outubro). Carmen quer pena máxima para Antônio, que chegou a confessar o crime, mas foi orientado por advogado a não assinar carta de confissão.

“Ele [Antônio] não acabou só com a vida da minha filha; mas também com a vida de uma família. O filho dela vive depressivo, o meu filho, irmão caçula dela, também. Ele destruiu uma família inteira, tirando o privilégio da minha neta de ter uma mãe. Ele não tirou só uma vida matando ela” declara Carmen, com a voz embargada de choro.

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A mãe não consegue entender por que alguém tiraria a vida de Jaqueline, “uma menina alegre, que amava viver”. Ela se refere à filha como uma jovem “esforçada, batalhadora e que lutava para não deixar nada faltar aos filhos”. A mãe se indigna com a motivação do crime: Jaqueline tinha a intenção de terminar o relacionamento com Antônio, que não aceitou o término, vindo a cometer o homicídio do qual será julgado.

Perguntada se seria capaz de perdoar o algoz de sua filha, Carmen diz que não sente ódio por ele, mas sim, pena. “Sou uma pessoa que serve um Deus, e eu sei que tudo que você planta, você colhe, e eu creio que ele já está colhendo. Só me pergunto o porquê de tirar uma vida de alguém, por causa do fim de um relacionamento”, questiona, mais uma vez, indignada com a crueldade do caso.

Ela relembra o quão conturbado era o relacionamento entre Jaqueline e Antônio, que durou apenas três meses, sendo dois deles em que o casal morou junto, no bairro Vale do Sol.  “Ele era muito obcecado por ela, tanto que a impedia de vir aqui [casa onde mora Carmen], até afastar ela dos filhos, e ela era apaixonada por eles. Antônio não queria deixar ela viver outro relacionamento”, relembrou.

Carmen Silva, mãe de Jaqueline Santana, quer pena máxima para o assassino de sua filha (Imagem: Ronaldo Modesto)

Agora, Carmen diz esperar pela justiça dos homens, uma vez que acredita que a justiça divina não falha. “A justiça de Deus ele vai pagar, mas que a justiça do homem não seja impune. Ele tem de pegar pena máxima, porque uma pessoa que não sabe ouvir um não, não pode viver em sociedade”, finaliza.

RELEMBRE O CASO

Jaqueline Santana da Silva foi morta no dia 12 de agosto de 2019, e seu corpo encontrado apenas 18 dias após o óbito, em um matagal conhecido como “Água Boa”, entre os municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas. Jaqueline foi vítima de estrangulamento com o cinto de segurança do carro de Antônio, que também teria perfurado a vítima com uma arma branca, além de ocultado o cadáver e praticado fuga.

Antônio só seria encontrado no dia 3 de setembro de 2019, em acampamento localizado na PA-275. Em seu depoimento, ele confessou o homicídio, praticado por sufocamento da vítima, mas foi orientado por seu advogado a não assinar a carta de confissão. Uma vizinha da casa onde morava o casal relatou que ouviu gritos típicos de briga corporal durante a noite toda do crime, e o carro de Antônio foi encontrado com manchas de sangue no bairro São Lucas.

Outras testemunhas, próximas a Jaqueline, afirmaram em depoimento que a vítima sofria agressões de Antônio, e sua mãe, Carmen, também relatou que ouvia da filha queixas de que o relacionamento não ia bem. Uma das amigas de Jaqueline chegou a declarar oficialmente que presenciou uma agressão de Antônio, que teria desferido um soco no rosto da companheira, deixando-a desmaiada. (Juliano Corrêa – com informações de Ronaldo Modesto)