A rede que reúne e aproxima o mundo inteiro também oferece riscos, principalmente de crimes cibernéticos. Além dos crimes de estelionato, furto, falsa identidade e falsidade ideológica, há também os delitos contra a honra, que aumentaram quantitativamente durante a pandemia.
Adriano Izídio, delegado da Divisão de Combate a Crimes Contra Direitos Individuais Praticados Por Meios Cibernéticos (DCDI), ressalta que o tempo das pessoas conectadas à internet aumentou durante a pandemia, e criminosos se aproveitaram disso.
“O golpe do SIM SWAP, que é conhecido como clonagem de WhatsApp, teve um aumento significativo. O criminoso clona o número de celular e consegue ter acesso às mensagens, além de ter acesso a senhas e apps bancários. Há ainda os sites falsos, que simulam um ambiente oficial de instituições, e neles os usuários se cadastram achando que estão participando de um leilão oficial e arrematam um item, no final percebem que foram vítimas de um golpe. Além de invasão de dispositivo e falsa identidade, com o criminoso se passando por alguém e entrando em contato com as pessoas próximas da vítima, com o intuito de obter vantagem financeira. Todas as ações mencionadas tem como objetivo de ludibriar a vítima e obter vantagens financeiras ilicitamente”, detalha o titular da DCDI.
Leia mais:Os delitos de injúria, calúnia e difamação, além de outros, como “exposed” e extorsão, são crimes praticados na sua maioria contra mulheres. A mudança legislativa feita em julho deste ano incluiu a importunação sexual e o stalking (perseguição) como crimes, e também aumentaram a partir da crise sanitária.
Quem for vítima de um desses crimes deve registrar boletim de ocorrência, que pode ser feito presencialmente na delegacia mais próxima ou pela internet, pela Delegacia Virtual, (www.delegaciavirtual.pa.gov.br).
“Nos casos de golpes, além de registrar o B.O., é importante avisar os familiares e amigos próximos para ignorar qualquer tentativa de contato estranho, sobretudo se solicitarem alguma quantia em dinheiro. É válido ainda informar a operadora de celular para as devidas medidas de segurança e trocar todas as senhas de e-mail, redes sociais e aplicativos para minimizar os danos”, orienta o delegado.
Outros cuidados a serem tomados envolvem não clicar em links enviados por pessoas desconhecidas e não repassar nenhum tipo de código que chegue em seu dispositivo de celular para pessoas estranhas, além de não abrir arquivos suspeitos. É importante não passar os dados pessoas para terceiros e ter cuidado com senhas de acesso, alterando de tempos em tempos.
Em relação ao consumo responsável no ambiente virtual, Karla Martins, que é coordenadora de atendimento do Procon Pará, informa que o órgão oferece ações para educação, proteção e defesa do consumidor:
“O Procon é um órgão ligado à Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), que tem como objetivo promover ações para educação, proteção e defesa do consumidor. Qualquer cidadão pode nos procurar quando tiver problemas envolvendo uma relação de consumo, ou seja, problemas provenientes da relação entre fornecedores (quem fornece produtos/serviços) e consumidores (quem adquire produtos/serviços)”, recomenda.
O Procon conta com uma Gerência de Educação e Projetos, voltada especificamente para os trabalhos direcionados ao público consumidor direto ou que potencialmente consome. Além das ações de educação, atendimento e orientação em parceria com outros órgãos públicos ou instituições privadas como defensoria pública e escolas. As programações são divulgadas e realizadas no site do Procon.
A aposentada e contadora, Evanir Leão, 71 anos, sofreu um golpe no cartão de crédito. Ela relata que ficou muito assustada quando recebeu a fatura do seu cartão, que continha compras de lanches feitas em São Paulo.
“Fiquei muito nervosa e assustada, eu vi a fatura do meu cartão alta e as compras de lanches feitas em São Paulo. Eu liguei para a central de atendimento do cartão para relatar o ocorrido, eles enviaram com detalhes os movimentos do meu cartão e confirmei que não tinha comprado. Eu acionei o meu advogado, que explicou que não tinha feito as compras porque eu moro em Belém do Pará. Eles tiveram que cancelar o meu cartão e as compras dos lanches, eu consegui resolver e não paguei nada. Não me sinto segura de comprar pela internet, quando eu quero comprar algum produto, eu peço ajuda dos meus familiares. Até hoje não sei como conseguiram os meus dados pessoais”, lamenta.
(Agência Pará)